Lideranças de sindicatos e federações de trabalhadores participaram do terceiro seminário do Movimento em Defesa do Desenvolvimento e dos Empregos

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Lideranças de sindicatos e federações de trabalhadores manifestaram, nesta quinta-feira, 17, profunda preocupação com o cenário de cortes de vagas na indústria goiana durante a terceiro seminário do Movimento em Defesa do Desenvolvimento e dos Empregos, realizado em Goianésia.

“O empresário goiano, que gera empregos, está sendo tratado como bandido em Goiás”, denunciou Reginaldo José de Faria, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Anápolis (SindiMetana). Faria se refere a iniciativas da Assembleia Legislativa contra os incentivos fiscais, mecanismo que, para ele, tem como objetivo atrair mais investimentos para o Estado, gerando mais empregos e tornando as empresas mais competitivas nos mercados nacional e internacional.

“Lá em Anápolis a Caoa está transferindo seus investimentos para São Paulo e reduzindo a produção aqui. Tinham um projeto para gerar mais de 300 novos empregos em Anápolis, mas com o atual cenário, preferiram implantar na nova fábrica em São Paulo”, relatou o sindicalista.

Presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Assalariados de Goiás (Fetaer-GO), José Maria disse que as bases estão inquietas com o fechamento de vagas e citou o setor sucroalcooleiro como um exemplo. “Boa parte das usinas goianas estão em situação delicada, por causa das políticas de preço do combustível, e ainda querem aumentar os impostos para o setor. Isto vai gerar a necessidade de se cortar ainda mais custos e vai sobrar para nós, trabalhadores”, disse.

O evento, que aconteceu no auditório da Faculdade Evangélica de Goianésia (Faceg), reuniu mais de 200 pessoas, entre autoridades políticas, lideranças empresariais e representantes de mais de 30 entidades dos setores empresarial, de trabalhadores, cultural, universidades e segmentos da sociedade civil para formular propostas para o crescimento econômico e social do Estado.

O deputado federal Francisco Júnior (PSD), representante de Goianésia na Câmara dos Deputados, considera injusto o governo dizer que o Estado deixa de ganhar com os incentivos. “Estão fazendo a conta errada. Estão confundindo investimento com gastos. A discussão tem que ser em cima de resultados. E a verdade é que Goiás deu um salto grande nos últimos anos, motivado pelos incentivos fiscais”, afirmou.

O presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), Otávio Lage de Siqueira Filho, citou como exemplo Rio Verde e Anápolis, que tiveram a realidade econômica transformada a partir de incentivos fiscais. O empresário fez questão de afirmar que o movimento não é contra ninguém, é a favor de Goiás. “A gente quer ver o Estado crescendo, dando condições de emprego a essas pessoas”, afirmou Otávio Lage Filho, destacando que o ineditismo da união entre tantos segmentos em torno de uma única causa. “Estamos deixando a marca do diálogo”, ressaltou o presidente da Adial.

Reitor da UFG propõe estudo aprofundado sobre políticas de desenvolvimento 

Um dos palestrantes do seminário, o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira – que é natural de Goianésia -, ofereceu à Assembleia Legislativa e ao governo do Estado a estrutura da Universidade para que as demandas econômicas e as políticas públicas sejam definidas por meio de estudos científicos.

“A universidade tem tudo a ver com isso. Podemos colocar nossos quadros para fazer um diagnóstico profundo, técnico, sobre os impactos das políticas de atração de investimentos e, a partir disto, ajudar o Estado a tomar as melhores decisões, sem ‘achismos’”, afirmou Edward, que também defendeu mais investimentos no fomento de pesquisas.

“É preciso que o governo use a ciência e a tecnologia para gerar desenvolvimento”, sugeriu, apontando dados comparativos da Coreia do Sul e da China que afiançam que quanto mais o país investe em pesquisas, melhores são os resultados econômicos. Seus dados mostraram ainda que o Brasil investe de forma muito tímida e vem seguindo uma trajetória de redução nestes investimentos.

Diretor da Faculdade Evangélica de Goianésia, o sociólogo José Mateus dos Santos, em sua palestra, citou as faculdades de um modo geral como fomentadoras de oportunidades, qualificação e emprego. Ele afirmou que o Estado é rico em potencial, como fartura de água, solos férteis, mas os empreendedores enfrentam desafios hercúleos como carga tributária pesada, fragilidade no sistema elétrico, a infraestrutura ainda deixando a desejar e crises políticas, que emperram o desenvolvimento.

União de trabalhadores e empresários é enaltecida

Está sendo repetido como mantra nos seminários do Movimento em Defesa do Desenvolvimento e Empregos – em Rio Verde, Anápolis e, por último, Goianésia -, que é preciso a união de forças entre todos os entes, inclusive o setor público, para que o Estado possa produzir boas notícias na área econômica a partir do próximo ano.

“Temos que salvar o nosso estado e isso só vai acontecer com essa mobilização dos empresários, dos empreendedores, dos sindicatos. Unir todos os segmentos e mostrar que é melhor ter um trabalhador que um pedinte. E para ter trabalhos é preciso que o Estado continue se desenvolvendo”, destacou o presidente da Câmara de Goianésia, vereador Múcio Santana.

Representante de Goianésia na Assembleia Legislativa, o deputado Helio de Sousa (PSDB) enalteceu a iniciativa de se buscar soluções em conjunto. “Parabenizo os empresários de Goiás, com a certeza que esse é o caminho que temos que seguir e que temos que buscar. E a Assembléia Legislativa não deixará de cumprir o seu papel e vai permitir que o Estado de Goiás saia dessa fase intermediária, que é um estado que está semi-industrializado, para ser um estado que tenha condições de industrializar toda sua matéria prima”, afirmou.

“Estamos vivendo algo inédito em Goiás: pela primeira vez patrões e trabalhadores deram as mãos por um só objetivo, que é produzir mais e termos um emprego para sustentar a nossa família”, salientou Reginaldo José de Farias, líder metalúrgico em Anápolis.