TJ-GO afasta diretor do Hospital de Nerópolis por suspeita de desvio e nepotismo
14 novembro 2025 às 11h40

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Reportagem atualizada em 15/11
A 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Goiás determinou o afastamento imediato de Natan Francisco de Carvalho dos cargos de diretor-presidente, diretor administrativo e diretor clínico do Hospital Sagrado Coração de Jesus (HSCJ), em Nerópolis. A decisão, relatada pelo desembargador Altamiro Garcia Filho, aponta indícios de má gestão e confusão patrimonial. A companheira de Natan, ex-candidata a prefeita de Nerópolis, Elisa Maria Rosa, conhecida como Elisa da Saúde, também foi afastada. Foi nomeado o administrador judicial Stenius Lacerda Bastos para assumir a condução da entidade.
A decisão decorre do Agravo de Instrumento nº 5478085-02.2025.8.09.0112, apresentado após o indeferimento de uma tutela de urgência. Segundo o Tribunal, Natan utilizou recursos do hospital para despesas pessoais, incluindo custas processuais e transferências para a conta de sua companheira, o que caracteriza confusão patrimonial. Ele também acumulava três cargos e mantinha familiares em funções estratégicas, o que comprometia o controle interno e a gestão da unidade.
Diante das irregularidades, os advogados solicitaram intervenção imediata. “Esta não é uma medida punitiva, mas protetiva. A saúde pública exige estabilidade administrativa”, afirmou Arinilson Mariano. A 10ª Câmara Cível acolheu os argumentos, destacando o interesse coletivo na preservação dos serviços de saúde e do patrimônio social do hospital.
Com a nomeação de Stenius Lacerda Bastos, o HSCJ mantém atendimento integral à população. A decisão reforça a atuação do Judiciário na defesa da transparência e da boa gestão em instituições de interesse público. “O caso é um marco na defesa da ética e da transparência na gestão de entidades filantrópicas”, disse Carlos Montalvão. Para Juliana Montalvão, a intervenção garante que o hospital siga atendendo a comunidade “com credibilidade e segurança”.
A medida atende a pedido dos advogados Arinilson Mariano, Carlos Montalvão, Juliana Montalvão e Johnny Freitas, do escritório Mariano Montalvão e Freitas. O hospital, que atende pelo SUS e é referência regional, segue em funcionamento normal. A intervenção busca assegurar a continuidade dos serviços e preservar a função social da instituição, que tem mais de 370 profissionais e 50 leitos de UTI adulto.
O Jornal Opção procurou o Hospital Sagrado Coração de Jesus, que em nota enviada após a publicação da reportagem, declarou o que segue:
“O Hospital Sagrado Coração de Jesus esclarece que sempre atuou com responsabilidade, transparência e compromisso com a saúde de Nerópolis. Todas as contas da Associação foram apresentadas e aprovadas conforme o Estatuto.
A gestão do Diretor Dr. Nathan Francisco de Carvalho foi conduzida de forma colegiada, com decisões tomadas em conjunto e registradas em ata. Não há qualquer irregularidade identificada nos documentos da instituição.
A intervenção citada na reportagem não resulta de falha administrativa. É fruto de uma ação privada movida pela esposa do atual prefeito, disputa explicitamente política, A liminar foi negada na primeira instância e só concedida de forma provisória no Tribunal, sem julgamento final.
O verdadeiro problema enfrentado pelo Hospital é a falta de repasses municipais. Em 2024, a Prefeitura repassou cerca de quinhentos mil reais para todo o ano de Pronto Atendimento — valor que não cobre dois meses de operação. Desde janeiro de 2025, a insuficiência continua. Complementos federais destinados à UTI também não foram repassados pelo Município. Mesmo assim, o Hospital segue atendendo a população com esforço e dedicação.
Reafirmamos nosso compromisso com Nerópolis e com a continuidade de uma obra construída ao longo de décadas.
Hospital Sagrado Coração de Jesus – Nerópolis/GO”
