Secretário de Desenvolvimento Econômico faz duras críticas ao governo de Perillo, que tentou se defender das acusações apresentadas em reunião de reforma administrativa da UEG

Titular da Sedi, Adriano Rocha Lima | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Em nota divulgada pelo secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás, Adriano Rocha Lima, em resposta ao ex-governador Marconi Perillo, sobre a reforma administrativa da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o chefe da pasta afirma que a corrupção foi um dos alicerces da gestão do ex-governador. “Gestão é uma marca negativa do ex-governador Marconi: réu em 32 processos por improbidade administrativa e em quatro criminais. Isso explica o descalabro na ‘Velha UEG'”, escreveu o secretário.

Rocha Lima pontuou, ainda, um dos debates da reunião sobre a reforma administrativa da última sexta-feira, 17, em que o reitor Rafael Borges mencionou que, entre 2015 e 2018, uma auditoria da Controladoria-Geral do Estado apontou a abertura de 30 cursos sem planejamento ou concorrência, apenas para atender a interesses de aliados políticos com intuito de conquistar votos em suas respectivas regiões.

O secretário afirma ainda que “dilapidação dos patrimônios goianos” foi marca do governo de Perillo e citou o polêmico caso da criticada administração da Enel sobre a distribuição de energia em Goiás. “Infelizmente não chegamos ao governo a tempo de salvar a Celg e expor toda a falcatrua na empresa. Resultado? Marconi conseguiu deixar Goiás com umas das piores distribuidoras de energia elétrica. A população se revolta a cada dia que falta energia e se recorda do “engenheiro” dessa venda: Marconi. Ele tentou fazer o mesmo com a Saneago, mas já encaminhamos um caminho virtuoso para a empresa”, disse a nota.

O chefe da pasta de Desenvolvimento Econômico ainda mencionou o fato de a UEG ter ocupado a 108ª posição no Ranking Universitário Folha (RUF), mesmo com investimentos de R$213 milhões. Em contrapartida, a Universidade Federal de Goiás ocupou a 20ª posição, mesmo com menos recursos.

De acordo com ele, o ex-reitor Haroldo Reimer da UEG havia se reunido com membros do governo estadual para oferecer o que chamou de “proteção política” ao governador Ronaldo Caiado. “Essa oferta de Reimer era apenas a continuação do que ele já vinha fazendo desde que fora nomeado interventor da Velha UEG, ainda em 2012, pelo ex-governador Marconi Perillo”, declarou. “Essa nomeação de reitores, aliás, é outra prova cabal da falta de autonomia da Velha UEG durante os anos de Marconi à frente do Estado. Em 1999, ele nomeou José Izecias, que permaneceu no cargo até 2008, sendo substituído por Luiz Antônio Arantes, também indicado ao cargo pelo ex-governador.”

Após operação deflagrada em 2012, os ex-reitores José Izecias e Luiz Antônio Arantes foram condenados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato, por decisão da juíza Bianca Melo Cintra, da 113ª Vara Criminal de Goiânia. O reitor indicado por Marconi Perillo, posteriormente a Arantes, foi Haroldo Reimer. Entretanto, Reimer também acabou como alvo de investigação conduzida pela Controladoria Geral do Estado (CGE). De acordo com suspeitas, o reitor teria envolvimento na nomeação de familiares, sócios e amigos para atuação em cargos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Durante o inquérito, o reitor pediu afastamento do cargo.

“No ano passado, foram gastos R$ 309 milhões para o custeio da universidade, incluindo recursos destinados a quitar vencimentos atrasados das folhas de novembro e dezembro de 2018”, disse Rocha Lima em resposta a Perillo, que afirmou ter reduzido os gastos com a universidade. O secretário ainda informou que o antigo governo deixou de cumprir com o pagamento dos servidores, professores e bolsistas e que, mesmo assim, aprovou na Assembleia a redução do orçamento da UEG para 2019 para R$204 milhões, embora o gasto de 2018 tenha superado os R$300 milhões.

Além da redução nos campi, Rocha Lima destacou as novas adequações da UEG, que reestruturou o quadro de servidores e reduziu os contratos temporários. Ainda, ressaltou o compromisso da atual gestão em respeitar a autonomia universitária e colocar a universidade, até o final da gestão, entre as 50 melhores universidades do Brasil.

“Nos próximos meses, já com os instrumentos criados pela reforma administrativa, a universidade terá os meios institucionais para discutir sua reforma acadêmica e pedagógica, ficando, definitivamente, livre das amarras impostas pelo ex-governador que só se preocupava em se manter no poder a qualquer custo”, escreveu o secretário.

Leia nota na íntegra:

A Nova Universidade Estadual de Goiás (UEG), sancionada na última sexta-feira (16) pelo governador Ronaldo Caiado, nasce sem o pecado da corrupção, um dos alicerces da gestão do ex-governador Marconi Perillo. Agora existe um compromisso com a ética e a transparência, algo que não se via dos ex-gestores nomeados por Marconi. Tanto que dois foram presos e um terceiro foi afastado e é investigado por desvio dos recursos do Pronatec. Gestão é uma marca negativa do ex-governador Marconi: réu em 32 processos por improbidade administrativa e em quatro criminais. Isso explica o descalabro na “Velha UEG”.

A frase “É ilegal, mas é virtuoso”, proferida por um membro do antigo Conselho Universitário da Velha UEG ao defender que não se cumprisse uma decisão da justiça, mostra bem o modus operandi da universidade durante os mandatos de Marconi e de seus asseclas. Entre 2015 e 2018, por exemplo, auditoria da Controladoria-Geral do Estado mostrou que foram abertos 30 cursos sem o menor planejamento, apenas para atender a interesses de alguns aliados políticos que viam na ação a melhor forma de conquistar votos em suas respectivas regiões. Sem pensar na qualidade e na estruturação dos cursos.

Aliás, Goiás sabe que outra grande marca dos governos de Marconi Perillo foi a dilapidação dos patrimônios goianos. Infelizmente não chegamos ao governo a tempo de salvar a Celg e expor toda a falcatrua na empresa. Resultado? Marconi conseguiu deixar Goiás com umas das piores distribuidoras de energia elétrica. A população se revolta a cada dia que falta energia e se recorda do “engenheiro” dessa venda: Marconi. Ele tentou fazer o mesmo com a Saneago, mas já encaminhamos um caminho virtuoso para a empresa. E agora fazemos o mesmo com a Nova UEG.

E não é por acaso que a posição da Velha UEG em todos os rankings de renome pelo País foi vexatória nas gestões de Marconi. No Ranking Universitário Folha (RUF), promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, a Velha UEG ocupa a 108º posição, mesmo tendo gastado R$ 213 milhões em suplementações orçamentárias entre 2012 e 2018. Para efeito de comparação, a Universidade federal de Goiás (UFG) ocupa a 20ª posição no mesmo ranking recebendo menos recursos que a Velha UEG.

Por isso, falar em autonomia da Velha UEG é ignorar o uso eleitoreiro e político da universidade, o que ficou claro logo nos primeiros meses da nova gestão que assumiu o Estado em 2019. O então reitor Haroldo Reimer se reuniu com membros do governo estadual para oferecer o que chamou de “proteção política” ao governador Ronaldo Caiado. O que foi rechaçado duramente porque o atual governo não compactua com as práticas dessa velha política onde Marconi se formou.

Essa oferta de Reimer era apenas a continuação do que ele já vinha fazendo desde que fora nomeado interventor da Velha UEG, ainda em 2012, pelo ex-governador Marconi Perillo. Em vez de se preocupar com as demandas administrativas e acadêmicas, os reitores indicados na Velha UEG tinham que dar conta de interesses políticos locais, contribuindo para uma expansão sem planejamento da universidade, que chegou a ter absurdos 41 campi, sendo que a Universidade de São Paulo (USP), a maior universidade estadual do País, possuiu apenas 10 e se destaca em vários rankings, liderando inclusive alguns deles.

Marconi sempre interferiu nos caminhos da Velha UEG, sendo responsável, ao mesmo tempo, por ferir a autonomia da universidade e dilapidar o patrimônio dela indicando pessoas sem o devido respeito à coisa pública.

Essa nomeação de reitores, aliás, é outra prova cabal da falta de autonomia da Velha UEG durante os anos de Marconi à frente do Estado. Em 1999, ele nomeou José Izecias, que permaneceu no cargo até 2008, sendo substituído por Luiz Antônio Arantes, também indicado ao cargo pelo ex-governador.

Em 2012, Arantes foi afastado por irregularidades em seu mandato à frente da Velha UEG. Mais uma vez, Marconi indicou um interventor, sendo Haroldo Reimer o escolhido. Izecias e Arantes foram condenados a penas de 6 a 7 anos pelas irregularidades cometidas à frente da Velha UEG durante os mandatos de Marconi. Em março de 2019, Reimer foi afastado do cargo acusado de ter desviado R$ 1,29 milhão de recursos federais do Pronatec em benefício próprio, de parentes, amigos e sócios.

O ex-governador Marconi Perillo também mente ao dizer que houve redução no orçamento da Velha UEG em 2019. No ano passado, foram gastos R$ 309 milhões para o custeio da universidade, incluindo recursos destinados a quitar vencimentos atrasados das folhas de novembro e dezembro de 2018, último ano de administração do PSDB, partido de Marconi. Não é à toa que mentira e enganação foram dois dos inúmeros motivos por ele ter sido enxotado da vida pública pelos goianos.

Os atrasos dos salariais são mais uma evidência do descaso das gestões do PSDB com a Velha UEG. Além de não pagar servidores, professores e bolsistas, deixando de cumprir a obrigação de qualquer gestão séria, o governo anterior aprovou uma dramática redução no orçamento da universidade para 2019, enviando para a Assembleia um orçamento de R$ 204 milhões para 2019, mesmo sabendo que ela havia gasto R$ 300 milhões em 2018.

Esse era o cenário na Velha UEG durante os anos de Marconi e seus aliados no comando do Estado. A partir de agora, porém, a universidade tem, verdadeiramente, ferramentas para caminhar, crescendo de maneira responsável e atendendo a critérios acadêmicos e pedagógicos.

Na Nova UEG, os campi, que passaram de 41 para o 8, cuidam apenas de suas questões regionais, unificando as discussões acadêmicas para as 33 Unidades Universitárias e os cinco Institutos Acadêmicos, criados para unificar o ensino dentro da universidade, evitando aberrações como a existência de cursos de Administração com duração de cinco ou quatro anos e meio.

A Reitoria da Nova UEG foi adequada ao compromisso de transparência e ética dessa gestão, passando a prestar conta de seus gastos, o que era inexistente até então. Em 2019, foram feitas adequações no quadro de servidores e professores, atendendo a decisões e determinações do Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas do Estado para a redução de contratos temporários. Aliás, na Velha UEG, a duração desses contratos era de 1 ano, mas persistiram ilegalmente por quase 20 anos.

É um compromisso do governador Ronaldo Caiado respeitar a autonomia universitária, assim como é um compromisso dar todas as condições para que a Nova UEG esteja, até 2022, entre as 50 melhores universidades do Brasil. A educação é uma mola propulsora do desenvolvimento e, portanto, precisamos avançar.

Nos próximos meses, já com os instrumentos criados pela reforma administrativa, a universidade terá os meios institucionais para discutir sua reforma acadêmica e pedagógica, ficando, definitivamente, livre das amarras impostas pelo ex-governador que só se preocupava em se manter no poder a qualquer custo.

Com seriedade, criamos uma Nova UEG. O que vem pela frente, a partir de agora, é uma universidade que respeita o dinheiro público e que é pautada pelo cuidado na formação do aluno, pela valorização do servidor, pelo investimento em pesquisa e em extensão, garantindo que as necessidades da população sejam atendidas, em respeito a vocação de cada região do Estado. A luz do conhecimento vai guiar a Nova UEG, que será, com toda a certeza, orgulho dos goianos. Sem qualquer resquício das velhas práticas que tanto lesaram a instituição.

Adriano da Rocha Lima
Secretário de Inovação e Desenvolvimento