Vigilante se recusou a falar sobre os homicídios contra o fotógrafo Mauro Ferreira Nunes, de 40 anos, e a adolescente Ana Rita de Lima, 17

Reprodução/TJGO
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Apontado como o autor de ao menos 29 homicídios em Goiânia, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, permaneceu calado durante audiências realizadas nesta terça-feira (5/5) referentes aos casos de homicídio contra o fotógrafo Mauro Ferreira Nunes, de 40 anos, e a adolescente Ana Rita de Lima, 17.

Com a cabeça apoiada na mesa, o suposto serial killer ignorou as perguntas feitas pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.  Segundo o magistrado, nem a própria defesa soube explicar as razões do silêncio de Tiago. Também foram ouvidas testemunhas e familiares das duas vítimas.

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O primeiro caso tratado em audiência foi o do fotógrafo Mauro Ferreira, morto no dia 28 de março, em uma loja de fotografias na Vila Canaã, em Goiânia. De acordo com relato de uma testemunha, que presenciou a abordagem, um homem em uma motocicleta preta pediu o celular da vítima e, quando o fotógrafo respondeu que não tinha, foi baleado com um tiro no peito.

O homicídio de Mauro foi o único caso tratado pela força-tarefa criada pela Polícia Civil para investigar a série de assassinatos em Goiânia envolvendo a morte de um homem. Em depoimento, o filho do fotógrafo, Mauri Nunes, de 21 anos, disse que suspeita que Tiago não seja o autor do crime que vitimou seu pai.

Também foram ouvidas testemunhas sobre o homicídio da estudante Ana Rita de Lima. A adolescente foi morta no dia 12 de dezembro de 2013, na rua Central, na Vila Santa Teresa. Ao juiz, a mãe da vítima, Inês Erika de Lima, contou que a filha era uma aluna dedica e não tinha inimizades. “É uma dor que não acaba, queria apenas saber o que se passa na cabeça dele, para ele matar pessoas como se mata uma barata, um bicho”, desabafou.

De acordo com a Polícia Civil, Tiago Henrique já confessou o homicídio contra a jovem, tendo até descrito o local e a roupa que ela usava no momento da abordagem. O ex-namorado de Ana Rita, Riusley Richard Araújo Rodrigues contou que o relacionamento entre ele e a vítima durou cerca de 18 meses e havia sido rompido no sábado anterior ao homicídio, ocorrido em uma quinta-feira. “Cheguei a figurar como suspeito, por ser ex-namorado dela e ter uma moto preta também. Mas a polícia me avisou, depois da prisão de Tiago Henrique, que havia desvendado o crime”, afirmou.

Audiências

Esta foi a décima segunda vez em que o vigilante foi ouvido em audiências na 1ª Vara Criminal de Goiânia. Na maioria das ocasiões, o réu permaneceu calado. Na última semana, no entanto, o suposto serial killer resolveu quebrar a rotina de silêncio e disse que teria sido coagido por “homens na delegacia” a assumir os crimes.

Em audiência na última terça-feira (4), referente ao caso de homicídio contra a jovem Bruna Gleycielle de Sousa Guimarães, Tiago também se manifestou, alegando não se lembrar de ter matado a adolescente. A próxima audiência está marcada para o próximo dia 19 de maio.

Os processos contra Tiago são individualizados, sendo cada um analisado de uma forma. O Ministério Público e a defesa têm o prazo de cinco dias para apresentar mais documentos antes do juiz decidir se vai ou não para júri popular. Até o momento, três foram direcionados para esta forma de julgamento.