Tesoureiro do PT nega doações ilegais para partido
09 abril 2015 às 18h00

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João Vaccari Neto admitiu conhecer empresários processados por corrupção e lavagem de dinheiro em contratos com Petrobras, mas negou que tenha recebido propinas

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, compareceu nesta quinta-feira (9/4) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para prestar esclarecimentos sobre doações ao partido. Vaccari negou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de que o PT recebia propina das empresas contratadas pela estatal.
A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) apresentou uma planilha de pagamentos elaborada pela Força Tarefa da Operação Lava Jato em que os investigadores concluíram que repasses oficiais aos diretórios do PT foram feitos por empresas contratadas pela Petrobras poucos dias depois dos pagamentos serem feitos.
“Doações oficiais do consórcio Intercon e da Setal foram feitas ao PT dois dias depois delas receberem da Petrobras. Como o senhor explica isso?, perguntou. “As doações são legais, apresentadas ao TSE e via transações bancárias”, respondeu Vaccari. “Mas não é muito coincidência, dois dias depois de receber da Petrobras, doar ao PT?”, insistiu a deputada. “Eu vou repetir: as doações são legais”, disse Vaccari.
De acordo com o MPF, os consórcios Interpar e Intercom (formados pela Mendes Jr, MPE e SOG) receberam da Petrobras, entre 2008 e 2010, em datas próximas às de doações para o PT. Eliziane apresentou dados que mostram que, em 2009, a Petrobras efetuou pagamento de R$ 14,9 milhões, no dia 29 de abril, para o consórcio Interpar (Mendes Jr, MPE e SOG). No dia 30, foi feita transferência da Setal de R$ 120 mil para o Diretório Nacional do PT.
Vaccari negou qualquer irregularidade na arrecadação de recursos para os comitês financeiros de campanha do PT e disse várias vezes à CPI que nunca recebeu propinas – apesar de admitir conhecer vários dos empresários processados por corrupção e lavagem de dinheiro em contratos com a Petrobras.
João Vaccari Neto afirmou ainda que até o momento não houve nenhuma indicação do partido para que ele se afaste da direção da Secretaria de Finanças e Planejamento. “A avaliação que [faço] hoje é que tenho apoio do diretório nacional para continuar na Secretaria de Finanças”, disse.
Segundo o tesoureiro, cabe ao diretório do PT uma eventual decisão de afastá-lo. “Serei secretário de Finanças até o dia em que o diretório nacional assim quiser”, respondeu ao ser questionado se iria continuar no cargo.
Ao responder pergunta da deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) durante sessão da CPI da Petrobras, admitiu ser submetido a um teste com detector de mentiras. “Eu já disse aqui estar à disposição das autoridades”, disse. Essa foi a mesma resposta dada quando questionado pelo deputado Bruno Covas (PSDB-SP) se aceitaria fazer uma acareação com o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras, Pedro Barusco que acusou Vaccari de receber propinas de empresas contratadas pela Petrobras.
Vaccari destacou ainda que poderia ter comparecido à CPI e permanecido calado, mas que respondeu a todas as perguntas dos deputados. “Estive aqui, respondi aos questionamentos e agradeço a todos os presentes”, finalizou.
*Com informações da Agência Câmara