Tenda de jornalistas palestinos é atingida após videoconferência com a Fenaj

26 setembro 2025 às 07h53

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Uma tenda que abrigava jornalistas palestinos foi bombardeada por forças israelenses na Cidade de Gaza, na tarde desta quinta-feira, 25. O espaço funcionava como Centro de Solidariedade de Jornalistas e reunia cerca de 20 profissionais no momento do ataque, segundo informações da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), comunicadas pela Embaixada da Palestina no Brasil.
O ataque ocorreu pouco depois de uma videoconferência entre repórteres brasileiros e jornalistas palestinos, organizada pela Fenaj, pelo Sindicato dos Jornalistas da Palestina e pela embaixada. O embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou que, até o início da tarde, não havia registro de vítimas. Uma fonte ligada ao sindicato local informou que os profissionais conseguiram escapar.
Durante a reunião, lideranças sindicais e repórteres da Faixa de Gaza relataram a situação da imprensa no território. Segundo o Sindicato dos Jornalistas da Palestina, dos 1,6 mil profissionais registrados, 252 foram mortos em ataques desde outubro de 2023, quando começou a ofensiva israelense. Outros 400 ficaram feridos, 200 foram presos e cerca de 600 familiares de jornalistas morreram. Ainda de acordo com a entidade, 647 casas de profissionais foram destruídas e 3,4 mil repórteres foram impedidos de entrar em Gaza, entre eles 820 dos Estados Unidos.
A jornalista Fidaa Asaliya, que estava na tenda bombardeada, declarou que os ataques não distinguem jornalistas, civis ou integrantes de grupos armados. Segundo ela, muitos profissionais precisam se deslocar repetidamente para buscar abrigo. O jornalista Samir Khalifa disse ter mudado de local 18 vezes em 23 meses.
A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, afirmou que a reunião buscou dar espaço para que repórteres de Gaza relatassem as condições de trabalho e destacou que a ofensiva já deixou quase 70 mil mortos, segundo dados das organizações palestinas, em sua maioria mulheres e crianças.
O Comitê Editorial e de Programação (Comep) e o Comitê de Participação Social, Diversidade e Inclusão (CPADI), da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), divulgaram nota em que repudiam o ataque e pedem à Organização das Nações Unidas (ONU) e a organismos internacionais medidas para proteger jornalistas em Gaza.
Estado palestino
A Faixa de Gaza é alvo de bombardeios e operações terrestres de Israel desde o ataque do Hamas a vilas israelenses, em outubro de 2023, que deixou 1,2 mil mortos e 220 reféns. O Hamas afirma que o ataque foi uma reação ao bloqueio imposto há mais de 17 anos e à ocupação israelense em territórios palestinos.
Desde então, a ofensiva israelense resultou em mais de 60 mil mortes, além da destruição de hospitais, escolas e infraestrutura básica. O bloqueio às fronteiras limita a entrada de alimentos e medicamentos. Israel sustenta que a operação tem como objetivo resgatar reféns e eliminar o Hamas.
O conflito foi tema da Assembleia Geral da ONU nesta semana, em Nova York. Países como Reino Unido, França, Canadá e Austrália anunciaram reconhecimento ao Estado palestino. O Brasil já reconhece a Palestina como Estado desde 1967 e defende a criação de dois países, um palestino e outro israelense. O governo de Israel afirmou que não aceitará a formação de um Estado palestino.
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