Líder política criticou o decano peemedebista Iris Rezende, atribuindo a ele um perfil “retrógrado e vingativo”

Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Com mais de 30 anos de vida pública, Meirinha Valle é uma líder carismática que, na liderança do PSDB Mulher, tem organizado uma verdadeira frente de luta em prol da reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB). Ao seu lado estão centenas de mulheres que compõem o Movimento da Mulher da Base Aliada, que é composto pelos 16 partidos da chapa marconista.

Como mote de suas ações, o segmento feminino das legendas trabalha em busca da “autonomia” da mulher goiana nos aspectos educacional, cultural e econômico. Para tanto, o grupo propõe ações em conjunto com a Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), que, unidas à plataforma de governo de Marconi, pretende, em planos gerais, fortalecer o papel da mulher perante a sociedade goiana.

Em entrevista ao Jornal Opção, Meirinha avalia que toda esta luta, no entanto, não seria possível não fosse o suporte empreendido ao longo dos três mandatos de Marconi. “Em diversas áreas, órgãos e superintendências, o Marconi tem colocado mulheres para serem as diretoras e presidentes e tem nos valorizado muito por qualquer lugar em que ele passa”, lembra a líder política.

Às vésperas das eleições para segundo turno, Meirinha critica o adversário peemedebista e atribui a ele um perfil “retrógrado e vingativo”. Durante entrevista, a líder também comentou sobre a derrota da deputada federal Iris de Araújo no pleito deste ano, que define como “pessoal”. “Temos recebido muitas mulheres do PMDB e não são poucas não. Elas não chegavam nem perto da Dona Iris”, conta.

Neste cenário político pré-eleitoral, porque é importante eleger o Marconi Perillo e não Iris Rezende?
Eu acho que o Iris representa tudo que é retrogrado e antigo. Vou contar uma história: na época do Jarbas Macedo, que era nosso correligionário lá em Porangatu, ele se posicionou a favor do Henrique Santillo, mas deixou toda uma população aberta para votar no Iris. E o Iris obteve dentro de Porangatu 76% dos votos positivos. E nós fomos até o Iris para nos posicionarmos, já que o Jarbas tinha se colocado. Dentro do próprio Palácio, o Urquiza de Freitas, que era meu primo e assessor do Iris na época, depois que saímos da sala do Iris, ele me disse o seguinte, e eu não me esqueço das palavras dele: ‘Meirinha, vocês vieram aqui e fizeram seu papel como cidadã porangatuense [na época, eu era vereadora], mas vocês não vão conseguir nada, porque o Iris é igual tapuio. Ele vai matar Porangatu igual se mata piolho, na unha’, e foi o que aconteceu com a cidade. Iris possui um perfil retrógrado, perseguidor e vamos dizer até mau e vingativo, e quando existe alguém dentro da comunidade que não lhe é receptivo ele persegue até o final.

Com o Marconi, perguntam-se: ele é o novo? Não, ele não é o novo. Ele é a continuidade? Também não. O Marconi se renova a cada dia. Nós vimos o Marconi, depois de dois anos de mandato, ressurgir e colocar toda sua energia e fazer um Goiás que todos nós goianos temos orgulho de participar, que é um Estado inovador, de infraestrutura e de educação.

O Marconi é um cara inovador e que trouxe estrutura para dentro do Estado. Hoje nós temos milhares de bolsas universitárias e o bolsa futuro, que dá oportunidade para as pessoas se profissionalizarem. Então, realmente, é um gestor que chama a atenção não só do Estado de Goiás, mas de todo o país. E como não ter orgulho desse gestor? Só podemos ter orgulho daquilo que é palpável e concreto. O Marconi é tudo isso.

No segmento feminino do PSDB, como é o trabalho de vocês? No PSDB, Meirinha, mulher realmente é respeitada?
Na verdade, o respeito está surgindo de uns tempos para cá, porque nós estamos fazendo uma construção fantástica. Nós começamos timidamente, quando um dia recebo um telefonema. Era o Marconi me convidando para ser a presidente estadual do PSDB Mulher. Assustei muito na hora, porque tinha acabado de ir para a cadeira de rodas, e ele falou: eu preciso de você. Depois, nós colocamos uma série de outras mulheres neste processo, atribuindo muita energia e garra. Hoje, nós estamos não só no comando do PSDB, mas dos 16 partidos que compõem a base aliada. E não podemos nem intitular mais “mulher”, porque do nosso lado caminham homens e jovens que acreditaram no nosso trabalho e acho isso de fundamental importância. Nossa participação não se resume apenas ao espaço político, queremos a respeitabilidade que é muito maior do que o espaço político. E isso a gente tem conquistado com muita galhardia e cabeça erguida, mas também com muita luta.

Nós elegemos três mulheres neste ano: Flávia Morais, Eliane Pinheiro e a Leda Borges. É um número muito pequeno e a concorrência até hoje é muito desleal. A mulher tem múltiplas tarefas. Somos donas de casa, somos esposas, somos mães, somos trabalhadoras. Hoje, nós temos igualdade salarial? Não temos. Deve-se acrescentar também que somos integrantes de uma educação arcaica, e nós mulheres somos responsáveis por essa criação, em que os homens tudo podem e as mulheres são criadas dentro de uma redoma. Então, quando se coloca em uma campanha homem e mulher, infelizmente, os homens se sobressaem muito e nós só conseguimos nos sobressair pela nossa luta, garra e coragem.

O que difere o PSDB mulher dos segmentos femininos de outros partidos?
Hoje, eu nem coloco, como eu disse, o PSDB, porque incluímos todos os 16 partidos da base. Lógico, que têm três ou quatro partidos que se destacaram nessa campanha pela proporcionalidade e pelo apoio dado às suas mulheres. Não culpo os outros partidos, de maneira alguma, pois ainda não houve um despertar nacional para o lado feminino.

A figura feminina tem um papel preponderante na sociedade e nós temos aqui no Estado de Goiás 52% do eleitorado feminino. Nós temos o poder da decisão, e é onde eu convoco todas as mulheres goianas: vamos tomar as rédeas do Estado por meio do empoderamento. Acho que essa palavra fecha todo o ciclo. Enquanto nós não nos conscientizarmos que temos poder, que nós temos a força, nós não vamos equacionar isso tudo.

E o que falta para isso?
Falta despertar esta conscientização dentro de cada uma de nós mesmas. Tem sido brilhante o trabalho feito pelas mulheres que estamos convocando para esse novo despertar, esse novo caminhar do Estado, mas ainda não é o suficiente pela própria criação que nós tivemos. Algumas mulheres exercem esse papel político dentro da sociedade, mas quantas de nós podem e conseguem fazer isso? São muito poucas. Então, falta esse despertar e, nós só iremos despertar por meio de cursos, de trabalho e de conscientização. Estamos fazendo isso, mas é uma pequena parcela. Acho que o governador Marconi Perillo tem valorizado muito isso. Há alguns dias, a primeira-dama, Valéria Perillo, disse uma frase que me marcou muito, que é a seguinte: o Marconi tem a alma feminina. É a mais pura verdade, porque ele tem valorizado muito as mulheres do Estado.

Em que sentido? Como é empreendida essa valorização?
Em diversas áreas, órgãos e superintendências, o Marconi tem colocado mulheres para serem as diretoras e presidentes e tem nos valorizado muito por qualquer lugar em que ele passa. Essa é uma força que nos ajuda muito, porque se você não sentir essa valorização não se chega a lugar nenhum.

No caso do principal oponente do Marconi, Iris Rezende, e do principal partido de oposição, o PMDB, em sua avaliação, este trabalho de igualdade de gênero deixa a desejar?
Eu não vou nem questionar, a não ser o rancor e o ódio que o Iris tem que é muito grande. Eu não vou nem questionar isso, mas procura saber qual mulher do PMDB foi eleita? Nenhuma. Qual mulher que caminhou ao lado dele? Aquela que diz sua esposa. Qual é a participação feminina deles? Nula ou quase nenhuma.

Sobre a Dona Íris, ela é uma política consagrada aqui no Estado, no sentido de aglutinação eleitoral, mas que, nestas eleições, não saiu vitoriosa. Como a senhora enxergou e avalia essa derrota?
Eu acho que é uma derrota estrutural, porque não foi uma derrota só para o PMDB. Foi uma derrota pessoal. Até pelas próprias brigas internas que foram criadas em torno de toda a vida pública dela. Lógico que todos os partidos têm suas brigas internas, mas, no caso dela, foi tudo muito pessoal e você não pode em política pensar no “eu”, você tem que pensar no “nós”. Acho que esse fator principal para a derrota dela. E vamos ser honestos? Que produtividade ela teve?

E temos recebido muitas mulheres do PMDB e não são poucas não. Elas não chegavam nem perto da Dona Íris. Então, quando você se coloca como ídolo, você já se distancia de tudo aquilo que é “poli”, ou seja, política, que são várias pessoas em prol de um único caminhar e em uma única direção. Ela se distanciou de tudo isso.

No cenário nacional, estamos no fim do primeiro mandato da primeira presidente do Brasil. Como vocês avaliaram esse período de quatros anos em que o país foi governado por uma mulher?
A gente avalia positivamente. Respeitamo-la como presidente eleita pelo voto popular, que é o mais importante que qualquer coisa. O povo tem o governo que merece. Na realidade, a Dilma, se você coloca-la em um patamar entre ela e o Lula, você vai ver que ela foi bem melhor do que o Lula. Não restam dúvidas, mas, ainda assim, ela traz grande parte do rancor que é característico do PT. Eles não têm o respeito pleno da palavra democracia e tudo isso pesa muito.

E porque o Aécio Neves seria uma melhor opção neste caso?
Acho que pela sua própria formação. Ele é neto de uma pessoa que lutou intensamente pelo Brasil e ele fez um excelente governo em Minas Gerais. Por mais que se diga que o Aécio possa ter perdido dentro do Estado, teríamos que fazer um estudo para encontramos o porquê desta derrota, já que, até então, até que se prove ao contrário, Aécio foi um excelente administrador dentro de Minas. A educação, quando ele estava lá, foi uma das melhores educações do país. Ele foi um excelente governador e tem tudo para ser o nosso presidente, porque ele teve berço, escola e, muito mais do que isso, ele mostrou ao que veio.

O resultado das eleições ainda não se delineou, mas já existe muita especulação quanto ao cenário do pleito de 2018. Uma das possibilidades levantadas seria a indicação do Marconi como candidato à presidência. Como vocês enxergam essas especulações?
Nós temos que elegê-lo, agora, para governador, sem sombra de dúvidas. Nós não podemos já estar pensando já em 2018. Nós temos que elegê-lo como governador, que é o melhor para o Estado. Com certeza é o melhor governo que já tivemos. Vamos lutar agora para que ele concretize esse ciclo que ele iniciou, mas tenho certeza que ele tem todo cacife para ser nosso presidente. Só não vamos falar disso agora. O importante é reeleger o governador.

Como tem sido a atuação do PSDB Mulher frente a essa campanha do Marconi, agora, neste segundo turno?
Nosso trabalho foi um trabalho gigantesco e ainda está sendo. E é um trabalho que se baseia justamente nesse “despertar” que eu já comentei. Hoje, nós temos mulheres em todas as áreas e isso é possível graças à conscientização das políticas públicas direcionadas para as mulheres. E esse trabalho iniciado pelo PSDB, e hoje encampando nos 16 partidos, tem como missão esse despertar feminino e esse olhar diferenciado. Porque nós, mulheres, estamos com uma ação muito bonita. Nós somos aquelas que plantamos, que nutrimos e colhemos dentro de nós todos os seres, porque é de nós que vocês vêm, mas temos uma coisa substancialmente bonita dentro de nós, que é a sensibilidade. Esse despertar aguçado é que tem feito que nós façamos um trabalho diferencial que coloque a mulher dentro das políticas públicas, dentro do Estado de Goiás, dentro do Brasil, e que tem feito a diferença no mundo. E isso não começou com a gente do PSDB não, tivemos mulheres de imenso valor na história política de nosso Estado. O que estamos fazendo agora é contribuir para esse florescer dentro do Estado de Goiás e dentro do Brasil por meio da importância e da valorização da mulher.