Temer afirma que Geddel continua no governo
21 novembro 2016 às 19h28

COMPARTILHAR
Ministro da Secretaria de Governo teria atuado em favor de interesses particulares em um projeto imobiliário em Salvador
O presidente Michel Temer (PMDB) decidiu manter no cargo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, informou nesta segunda-feira (21/11) o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola. Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de tê-lo pressionado a atuar em favor de interesses particulares em projeto imobiliário em Salvador.
[relacionadas artigos=” 80572, 80484″]
Mais cedo, nesta segunda-feira (21), a Comissão de Ética Pública da Presidência adiou a decisão sobre a abertura de processo para apurar se Geddel violou o código de conduta federal ou a Lei de Conflito de Interesses (Lei 12813) ao procurar o então ministro da Cultura para tratar de assunto de interesse pessoal. A maioria dos membros da comissão já havia votado a favor da abertura do processo, mas um integrante pediu vista do processo e a decisão foi adiada.
Marcelo Calero pediu demissão na última sexta-feira (18) e afirmou que havia saído por ter sido pressionado por Geddel a intervir junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a fim de liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador. A construção do empreendimento não foi autorizada por estar prevista em uma área tombada.
Geddel admitiu ter conversado com Calero sobre a obra, mas negou tê-lo pressionado. O ministro disse estar preocupado com a criação e manutenção de empregos.
“O presidente Michel Temer ressalta que todas as decisões sob responsabilidade do Ministério da Cultura são e serão encaminhadas e tradadas estritamente por critérios técnicos, respeitados os marcos legais e preservada a autonomia decisória dos órgãos que o integram, tal como ocorreu no episódio de Salvador”, acrescentou o porta-voz da Presidência da República.
Congresso
No Senado, a oposição defende a investigação de Geddel. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que seu partido, em associação com o PCdoB e a Rede, pretende entrar com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro.
Já o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), acredita que a oposição está tentando criar um fato político que “não vai embaraçar a atuação do governo”. “Interessa ao ministro Geddel e interessa ao governo que esse assunto seja esclarecido”, afirmou Jucá.
Jucá ressaltou que a base governista continua unida em torno das ações “graves e sérias” que tem para tratar e não deve se abalar por causa do episódio. “O governo está firme no seu objetivo, no seu rumo traçado, e nós não vamos sair do foco. Eventualmente, se qualquer questão pontual surgir sobre qualquer ministro, deverá ser tratada também de forma pontual. Sem tirar o governo do seu rumo”, enfatizou.
Na Câmara dos Deputados, o vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), afirmou que não há motivo para afastamento de Geddel. Perondi disse que conversou com o Geddel no fim de semana e que este estava tranquilo. “Não deve se afastar, ele deve continuar à frente do ministério.”
O líder do PTB, o goiano Jovair Arantes, também defendeu Geddel e classificou as declarações de Calero de “perseguição” contra o ministro. Ele disse que não conhece a questão a fundo, mas ressaltou que a ação de Geddel foi mais no sentido de defender o desenvolvimento econômico da região onde se localiza a obra. (Com informações da Agência Brasil)