Pedido da suspeição da relatoria foi feito pelo deputado federal goiano Elias Vaz. Análise do processo estava prevista para o plenário desta quarta-feira, 1º, porém o relator pediu o adiamento, sem justificativa

Estava previsto para a pauta do plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira, 1º, o julgamento do processo que fiscalizou os gastos de R$ 14,8 milhões do presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos familiares dele com cartão corporativo. A análise do processo, que tem mais de 80 páginas, estava prevista para esta quarta-feira, em uma sessão “reservada”. O motivo extraoficial do adiamento é uma blindagem ao relator do processo, o ministro Raimundo Carreiro, que foi indicado pelo presidente da República para assumir a embaixada do Brasil em Portugal e que não poderia relatar o processo antes de assumir a embaixada.

De acordo com informações do portal O Globo, não houve justificativa para o pedido de adiamento pelo ministro. Ele seria responsável pelo julgamento da análise dos gastos do presidente ao longo de 2019 e, com a indicação delepara embaixada, poderia responder pela suspeição do julgamento. O pedido da suspeição da relatoria foi feito pelo deputado federal goiano Elias Vaz (PSB), que é integrante da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Ele integra a Comissão que solicitou a auditoria nas despesas em maio e o processo foi conduzido pelo ministro desde então.

De acordo com o pedido do socialista ao próprio Carreiro, os gastos sigilosos com os Cartões de Pagamentos do Governo Federal (CPGF) não poderiam ser julgados pelo ministro, porque ambos teriam uma proximidade e que isso se confirma com a manifestação de interesse de Bolsonaro em ter Carreiro no Governo Federal. “O presidente da República elogiou a postura de vossa excelência, explicitou a relação que ambos mantêm e disse que está atuando para viabilizar o seu ingresso na Embaixada Brasileiro em Portugal”, argumenta Elias Vaz, ao solicitar imparcialidade no julgamento das contas.

A relatoria do pedido de suspeição de Carreiro na apuração dos cartões corporativos ficou com o ministro Bruno Dantas, que ainda não decidiu se aceita ou rejeita a solicitação protocolada pelo deputado Elias Vaz. “A arguição de impedimento/suspeição solicitada pelo deputado Elias Vaz, está sendo tratada no TC 043.888/2021-6, autuado dia 25/11, ainda sem deliberação”, diz, em nota, o TCU. (Com informações de O Globo e Valor Econômico)