A fabricante brasileira de armas Taurus viu suas ações caírem 21% na Bolsa desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A queda representa perda de mais de R$ 200 milhões em valor de mercado para a companhia. A maior parte (85%) das armas da Taurus fabricadas no país é exportada para os EUA.

O CEO da empresa, Salesio Nuhs, deve se reunir com o vice-presidente Geraldo Alckmin em Brasília para discutir a taxação. Nuhs preside, também, a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam). Ele vem mobilizando o governo do Rio Grande do Sul para evitar o que ele classificou como “praticamente um embargo comercial” e uma “tragédia do ponto de vista diplomático e econômico”.

Durante o governo Bolsonaro, as ações da Taurus dispararam devido ao afrouxamento das regras sobre a compra de armas. Em 2018, ano anterior à posse de Bolsonaro, o faturamento operacional líquido foi de cerca de R$ 1,2 bilhão (valor corrigido pela inflação), contra quase R$ 1,7 bilhão no ano passado — um crescimento de 40%.

Porém, 82% do que a empresa vendeu foi para o mercado externo, tendo os EUA como principal comprador. Balanço da Taurus aponta que americanos compraram 1 milhão de armas da empresa em 2024, contra apenas 71 mil compradas por brasileiros e 85 mil por outros países.

A Taurus tem uma fábrica no estado da Geórgia, inaugurada em 2019. A produção local atenua parte do peso das tarifas sobre as armas. O problema é que apenas 28% da produção da empresa acontece nessa fábrica.

A própria empresa admite que o mercado americano apresenta “certa desaceleração, em parte em função das incertezas com relação às perspectivas econômicas do país”. Agora, a Taurus deve buscar produção em outros países para alcançar novos mercados.

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