A tarifa de 50% imposta pelo Governo Trump aos produtos brasileiros vai afetar diretamente a economia brasileira, não necessariamente para melhor ou pior, mas a forma como o Brasil comercializa deve mudar. Ao Jornal Opção, a economista Adriana Pereira, afirmou que caso a medida se prolongue, abre a possibilidade de negociação com outros países e também de fortalecimento da economia interna. 

“Nós já temos muitos outros países que compram no Brasil. Hoje, por exemplo, o nosso maior importador é a China. Aí, na sequência, dependendo do produto, vem os Estados Unidos. Mas os produtos principais que eles estão taxando o Brasil, na verdade, hoje nós temos China, Alemanha, Tailândia e os próprios Estados Unidos, que tem aí uma média de 12% do total das nossas exportações consumidas por eles”, explicou ela.

É importante pontuar que haverá uma redução da comercialização com os Estados Unidos, que consome, principalmente, commodities. Por isso, em um momento inicial, talvez seja necessário vender para outros países com preços reduzidos, mas logo serão normalizados. Como medida, a economista fala em ampliar a comercialização com outros países já que essa negociação já existe. “Se falamos, por exemplo, de produtos do agronegócio, que seria um bom exemplo aí, de produtos do petróleo, o preço não é dado pela economia brasileira. O preço é o preço internacional”, disse. 

“Inicialmente, aqueles produtores que comercializam diretamente com o mercado americano poderão ter uma queda das suas receitas e faturamento, porque ficará mais caro a venda do produto para o mercado americano. As empresas que compram os produtos brasileiros vão tender a reduzir a quantidade consumida dos produtos do Brasil. Então, poderemos ter uma redução de quantidade comercializada e queda do faturamento dos produtores específicos que produzem esses produtos que são exportados para os Estados Unidos. Os demais produtores não terão exatamente um efeito direto nas suas receitas”, analisou Adriana.

Quanto ao efeito disso na economia brasileira, se a taxa for mantida por muito tempo, deve haver reorganização do comércio e, sem vender para os Estados Unidos, uma possível redução na entrada de dólares para o Brasil. “Pode acontecer uma elevação leve da taxa de câmbio, pode acontecer um encarecimento dos produtos. Se o Brasil estabelecer uma taxa de reciprocidade, pode acontecer, então, da gente também ter um problema de comprar de produtos dos Estados Unidos, encarecendo os insumos para aquelas empresas que produzem produtos aqui que dependem de insumos americanos”, explicou a economista. 

Já no mercado interno, há pouca possibilidade de aumentar a oferta e o consumidor brasileiro ter acesso aos produtos – como carne – a um preço reduzido. “Contudo nós temos hoje condições de armazenamento desse produto por prazos maiores o que não necessariamente o aumento de oferta interna faça com que o preço caia imediatamente”, disse.

Segundo Adriana, as possibilidades são analisadas de acordo com o tempo que a taxa será mantida. “Se for um curto prazo, a gente vai ter ali alguns efeitos rápidos, mas logo retoma a normalidade. Se for de longo prazo, aí o Brasil precisa de estratégias para reverter e encontrar mercado para os produtos”, afirmou.

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