“Tadala”: remédio contra impotência viraliza entre jovens mas é perigoso

07 março 2025 às 15h57

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O Viagra, medicamento contra a angina, um tipo de dor no peito, também seria utilizado para combater a impotência sexual. A novidade, do fim da década de 90, foi uma grande febre no universo masculino. Milhões de caixas do medicamento foram vendidos em todo o mundo, mesmo com o estigma de vergonha.
Mais recentemente apareceu a tadalafila, ou ‘tadala’, como é conhecido pelos jovens. O medicamento pode ser consumido a longo prazo e ter efeito prolongado, diferente do Viagra, cuja duração é de poucas horas. O novo medicamento ajudou a suavizar o estigma e o preconceito sobre seus adeptos.
Porém, com a reinvenção de medicamentos do tipo, a ala jovem, que muitas vezes não sofre de impotência sexual, o utiliza para turbinar suas performances tanto na academia quanto na cama. A moda também chegou aos blocos de Carnaval do país, com pessoas em busca de mais energia.
Hoje, a tadalafila é o terceiro medicamento mais vendido do país, atrás apenas da losartana (para controle da pressão arterial) e da metformina (para diabetes). Em 2024, foram vendidas 31,4 milhões de caixas do medicamento, ante 21,4 milhões em 2020. O aumento foi puxado pelos novos e heterodoxos usos off-label, contra-indicados pelos médicos.
Nas academias, as pessoas ingerem o tadala puro ou misturado a compostos, antes dos treinos. Sem base cientifica ou indicação na bula, essas pessoas buscam se se beneficiar da vascularização que as substâncias ali contidas promovem, o que permitiria um intenso fluxo de sangue nos músculos e um ganho mais veloz de massa.
“O que move essas pessoas é a ansiedade por resultados rápidos, mas elas desconsideram que o próprio exercício já é suficiente para acelerar a circulação sanguínea”, explicou Daisy Motta, diretora científica da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde à Revista Veja.
Além disso, o foco no desempenho sexual e o temor de não ter uma ereção faz com que mais jovens usem o remédio, mesmo sem qualquer sinal de impotência. “Eles não estão preocupados tanto com o prazer e a troca, mas em aparecer para o outro. Vivemos a era das drogas de força, disposição e desempenho”, disse o antropólogo Bernardo Conde à Veja.
Entre os efeitos colaterais do remédio estão dor de cabeça, tontura, indisposição gástrica, dor muscular, náusea, fadiga e, em situações extremas, até eventos cardiovasculares graves.
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