Suspeitos de sequestrar criança em Aparecida de Goiânia são presos; grupo planejava um sequestro para esta semana
24 julho 2014 às 13h12
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Outro integrante da quadrilha está foragido e mais dois estão sendo investigados por contribuírem com o crime
O Grupo Antissequestro (GAS) da Delegacia Estadual de Investigações Criminosas (Deic) apresentou na manhã desta quinta-feira (24/7) três suspeitos de participar do sequestro do menino R.N.F, de 4 anos, no dia 10 deste mês, em Aparecida de Goiânia. De acordo com a Polícia Civil, antes de ser presa, a quadrilha planejava o sequestro de um empresário goianiense que aconteceria nesta semana. O pedido de resgate seria de R$ 500 mil. A PC informou ainda que outro integrante da quadrilha está foragido e que mais dois estão sendo investigados por contribuírem com o crime.
O valor de $ 200 mil levantado pela família da criança para pagar o resgate teria sido dividido entre os seis suspeitos. Com eles, a polícia encontrou uma pistola 9 mm do Exército Brasileiro, oito quilos de maconha, pertences roubados da família e três carros, dentre eles um Golf, um Gol e um Ecosport, adquiridos com o dinheiro do crime.
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O delegado Glaydson Carvalho informou que o mentor do crime foi Franceiton Martins (foragido da justiça pelo crime de homicídio), que conseguiu as informações sobre a família com um dos suspeitos foragidos que trabalhava como pedreiro na chácara dos pais de R.N.F. Os outros dois presos são Ricardo Gomes e Luciano Cordeiro.
“O ex-funcionário da vítima tinha conhecimento da condição financeira da família e repassou os detalhes para Franceiton, que se encarregou de organizar a quadrilha e de praticar o crime, desde o momento do sequestro até a negociação e pagamento do resgate”, disse Glaydson em entrevista ao Jornal Opção Online.
O GAS acompanhou passo a passo o sequestro. “Um suspeito, em determinado momento, deixou a pista de que a polícia precisava para desvendar o crime”, esclareceu o delegado Glaydson Carvalho.
Franceiton Martins foi preso no momento em que recebia oito quilos de maconha enviado por um traficante que está preso na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG). A droga seria paga com parte do valor do resgate, cerca de R$ 15 mil. O delegado informou que além dos carros e da droga apreendida, a quadrilha gastou o dinheiro em festas e boates da capital.
Sobre casos de sequestros em andamentos em Goiás, o delegado do GAS afirmou que não há nenhum. “Todos os casos no Estado em que a Deic foi acionada estão solucionados”, finalizou.
O suspeito foragido é Leonardo Cordeiro, irmão de Luciano Cordeiro, que também participou do crime e que foi preso nessa quarta-feira (23) juntamente Ricardo Gomes e com Franceiton Martins. Outros dois homens estão investigados e já tem mandados de prisão contra eles.
O crime
Dois suspeitos invadiram a casa, renderam os pais e levaram a criança de 4 anos, além de roubarem joias e perfumes da família. Foram momentos de tensão, aqueles. Sequestrado, o menino de quatro anos foi mantido refém no loteamento Santa Luzia. Depois de três dias, com ajuda de amigos, os pais de R.N.F levantaram R$ 200 mil para pagar o resgate. Após o pagamento, na madrugada seguinte, a criança foi deixada sozinha em um posto de gasolina; chorando e assustada foi socorrida pela Polícia Militar e devolvida aos braços dos pais – de onde sequer deveria ter saído.
R.N.F. não relatou para a polícia maus tratos durante os dias de cativeiro. O menino passava os dias assistindo desenhos animados, filmes e foi bem alimentado.
Legislação e punição
De acordo com o Código Penal Brasileiro, no artigo 148, privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado se configura crime.
Em entrevista, o advogado Ronaldo David Guimarães, que já defendeu quatro sequestradores no Estado, disse que existe uma diferença entre sequestro e cárcere privado. “No sequestro, a vítima tem maior liberdade de locomoção. Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado”.
A pena para o crime de sequestro é de 12 a 30 anos de detenção.
Implicações de um sequestro
As consequências de um sequestro podem ser as mais diversas possíveis, alerta a psicóloga Léticia Gueds Nóbrega. “Cada um de nós lida com a situação de forma diferente. Após o sequestro, o indivíduo pode começar a sentir ansiedade, ter medo de conviver com adultos”, esclareceu. Um fator importante para lidar com a problemática é iniciar acompanhamento psicológico, tanto da vítima, quanto da família. “Dependendo de como a família lida com a situação, o vitimado pode trazer as consequências para a vida adulta”, finalizou.