Suposto serial killer de Rio Verde é condenado a mais de 71 anos de prisão por feminicídio, estupro e ocultação de cadáver
15 dezembro 2025 às 18h12

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O Tribunal do Júri de Rio Verde condenou Rildo Soares dos Santos a 71 anos, 9 meses e 13 dias de prisão, em regime fechado, pelos crimes de feminicídio, estupro e ocultação de cadáver contra Monara Pires Gouveia de Moraes. A sentença foi proferida nesta segunda-feira, 15, e acolheu integralmente a tese do Ministério Público.
Logo após o julgamento, o advogado de defesa, Nylson Schmidt, confirmou o resultado e afirmou que todos os crimes denunciados foram reconhecidos pelos jurados. “Ele foi condenado a 71 anos e 9 meses. Todos os crimes imputados pelo Ministério Público foram acatados”, disse.
Segundo Schmidt, a atuação da defesa ao longo do julgamento foi limitada a uma análise técnica das provas constantes nos autos. “Nossa tese de defesa foi estritamente técnica, o que tinha no processo e o que não tinha”, afirmou.
O advogado afirmou que Rildo negou as acusações mais graves durante o processo. “O Rildo negou o estupro, negou que teria matado por uma dívida, que a Monara supostamente teria furtado R$ 600 da casa dele”, disse. Na avaliação da defesa, alguns pontos não teriam sido devidamente comprovados. “Essas provas, ao meu ver, não estavam esclarecidas no processo”, disse.
Schmidt também argumentou que havia relação prévia entre réu e vítima. “Haja vista que ele já tinha um relacionamento com a Monara, já havia tido relações sexuais, então não o porquê dele ter violentado sexualmente. Esses elementos também não tiveram como ser provados no processo”, afirmou.
Apesar das ponderações, o advogado reforçou que a defesa respeita integralmente a decisão do Conselho de Sentença e não pretende apresentar recurso. “A defesa acatou o veredito do Conselho de Sentença. Para a defesa, o veredito é soberano, representa a sociedade. Por isso, a defesa não irá recorrer”.
Com a condenação, a Justiça determinou a execução imediata da pena, com manutenção do regime fechado, além do pagamento de indenização mínima por danos morais aos familiares da vítima.
Primeira condenação
O pintor Rildo Soares, suposto assassino em série que atuava em Goiás e na Bahia, foi condenado a 41 anos de prisão por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, estupro e roubo qualificado contra Elisângela da Silva Souza, de 26 anos. Ela foi estuprada e morta no momento em que ia ao trabalho. Além disso, o júri determinou uma indenização mínima por danos morais de R$ 100 mil por danos morais. A pena deve ser cumprida em regime fechado.
A sentença foi assinada pelo juiz Cláudio Roberto Costa dos Santos Silva. O magistrado entendeu que o a conduta de Rildo revelou “dolo intenso e especial desprezo pela dignidade e pela vida” da vítima. Segundo o júri, a morte ocorreu em um “contexto de vitimização sucessiva, após Elisângela ser abordada, constrangida mediante arma branca, conduzida contra a sua vontade e submetida a violência sexual e à subtração de bens”.
Outro ponto que pesou na condenação de Rildo para o Tribunal de Júri foi a existência de outras ações penais em trâmite relacionadas, em tese, a crimes dolosos contra a vida com modus operandi semelhante.
O advogado de Rildo, Nylson schmidt, afirmou que recebeu a decisão “com respeito e normalidade”, mas afirmou que, na sua visão, a condenação por condenação por ocultação de cadáver ocorreu “sem provas suficientes”.
“Terminamos a primeira etapa do primeiro júri e temos mais dois júris: na segunda e na terça. Foi dada a resposta à sociedade, não irei recorrer e, agora, vamos fazer a sua defesa técnica, sempre baseado em provas no processo, no direito do acusado, sem passar por cima dos princípios éticos, profissionais e o que a Constituição nos permite”, afirmou.
Relembre o caso
Elisângela foi morta na madrugada do dia 11 de setembro, quando saía para trabalhar. Imagens de câmeras de segurança registraram a jovem acompanhada de Rildo em direção a um terreno baldio no bairro Popular. No dia seguinte, a família registrou ocorrência de desaparecimento e iniciou buscas por conta própria.
Natural da Bahia e atuando como pintor, Rildo é investigado por pelo menos seis ocorrências violentas: três feminicídios, um latrocínio e o desaparecimento de duas mulheres. Em todos os casos, os crimes ocorreram de madrugada, em terrenos baldios. Após estarem sob o jugo de Rildo, as vítimas eram mortas a pauladas, principalmente na cabeça.
Segundo as investigações, as vítimas eram enterradas sobre escombros e pedras. Em um dos casos ele também ateou fogo no cadáver das vítimas. Na residência dele, os policiais apreenderam bolsas femininas, roupas, celulares e até bonecas. Para os investigadores, esses objetos podem ser “troféus” de outros crimes ainda não identificados.
No crime de Elisângela, Rildo confessou o assassinato e detalhou a dinâmica do crime. Segundo a polícia, ele teria arrastado a vítima para uma área de mata, praticado violência sexual, desferido pauladas e esganadura, antes de ocultar o corpo em uma cova rasa. Além de Elisângela, o suspeito é apontado como responsável pelas mortes de Alexânia Hermógenes Carneiro, de 40 anos, e Monara Pires Gouveia, de 31 anos, ambas também encontradas em terrenos baldios de Rio Verde.
A polícia também investiga o desaparecimento de duas mulheres: uma de 38 anos, usuária de drogas, vista pela última vez em 12 de setembro, e outra de 42 anos, com transtornos mentais, desaparecida desde maio. A bolsa de uma delas foi encontrada na residência do suspeito, o que reforça as suspeitas de envolvimento.
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