Suposto serial killer de Rio Verde confessa feminicídios e diz que ouvia vozes para matar

24 setembro 2025 às 17h57

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O suposto serial killer Rildo Soares dos Santos, de 33 anos, confessou nesta terça-feira, 23, ter cometido três feminicídios em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Em depoimento ao delegado Adelson Candeo, titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH), ele afirmou que recebia “comandos” para matar. “Vozes me faziam sair de casa para matar”, disse.
Segundo o delegado, após os crimes, Rildo dizia não se lembrar do que havia feito. “Ele relatou que sente coisas, ouve vozes e precisa sair de casa. Depois, diz não se recordar de muitas coisas”, relatou Candeo em entrevista ao portal Mais Goiás.
Apesar do discurso do investigado, Candeo descartou ligação dos assassinatos com transtornos mentais. “Ele tem documentação regular, carteira de trabalho, habilitação, título de eleitor. Não tem nada. É maldoso mesmo”, afirmou.
De acordo com as investigações, Rildo mantinha uma fachada de normalidade diante de amigos e familiares, mas nos crimes demonstrava frieza, desprezo pela vida humana e extrema crueldade. “O crime era para satisfazer um desejo pessoal e se desfazer dessas mulheres como lixo”, pontuou o delegado.
No caso de Monara Pires Gouveia, a motivação teria sido vingança. O suspeito alegou que ela havia furtado R$ 600 durante uma faxina em sua casa. “Ele disse que a encontrou um mês depois, levou-a a um terreno e a matou”, explicou Candeo.
Já em relação a Alexânia Hermógenes Carneiro, conhecida como Lessi, o motivo apresentado foi revolta. Rildo afirmou que ficou irritado ao descobrir que ela havia comprado drogas em seu nome. “Disse que quando fica nervoso não se controla”, acrescentou o delegado.
As apurações apontam que todas as vítimas foram desfiguradas, o que reforça a brutalidade dos crimes. “A raiva com que agride as mulheres é fora do comum, não tem lógica. Ele matava e não se contentava apenas com a morte das vítimas”, concluiu Candeo.
Antes da confissão, a Polícia Civil já havia reunido indícios da participação de Rildo nos feminicídios, como a análise da localização do sinal de seu celular, que confirmava sua presença nos locais dos crimes.
Investigação
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) investiga um homem suspeito de envolvimento em diversos crimes violentos em Rio Verde, incluindo um latrocínio ocorrido no último dia 7 de setembro.
A informação foi detalhada em coletiva pelo delegado Adelson Canedo, titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Rio Verde. Segundo ele, as buscas na residência do suspeito revelaram uma cena incomum.
“Depois de várias diligências para tentar localizá-lo, ele finalmente foi localizado, e as buscas lá revelaram uma imagem assustadora, porque ele tem várias bolsas femininas na residência, indicando uma possibilidade”, afirmou.
O delegado destacou que a bolsa da vítima do último crime não foi encontrada, mas havia diversas outras bolsas e também bonecas. “Curioso, na residência não tem nenhuma criança; moram ele e outro homem, que desconhecia o caráter violento do suspeito”, completou Canedo.
O colega de casa do suspeito relatou à polícia ter estranhado a rotina dele, incluindo o uso constante de uniforme da empresa onde trabalha, e episódios de comportamento agressivo durante a madrugada. “Ele foi visto interambulando pela madrugada, inclusive com uma faca junto de si”, disse o delegado.
O GIH investiga a possibilidade de o suspeito ter praticado outros crimes semelhantes, especialmente considerando desaparecimentos recentes de mulheres na cidade, muitas usuárias de drogas e que costumam andar à noite nos bairros Martins e Popular.
“Entre as apreensões, também foram encontradas roupas sujas de sangue, que não eram as usadas na ocasião do crime conhecido. Isso pode indicar sangue de outras vítimas, e obviamente isso precisa ser apurado”, ressaltou Canedo.
Suspeito preso
A PC prendeu em flagrante na última semana Rildo Soares dos Santos, 33 anos, natural da Bahia, suspeito de feminicídio contra uma mulher de 26 anos que estava desaparecida. Segundo o GIH, a vítima saiu para trabalhar às 4h da madrugada, mas não compareceu ao serviço nem retornou para casa, o que motivou a família a registrar boletim de ocorrência.
“As diligências iniciadas imediatamente levaram à identificação do autor por imagens de câmeras de monitoramento, que o flagraram abordando a vítima e levando-a para um terreno baldio no Bairro Popular”, informou Canedo.
Mais tarde, o suspeito foi visto sozinho nas imagens, enquanto a vítima já havia sido assassinada. Durante buscas no local do crime, os policiais localizaram o cadáver e as vestes da vítima. Ao tentar capturá-lo, Rildo tentou fugir, mas foi perseguido e preso.
Com ele, foi encontrado um cartão bancário em nome da vítima. “O autor foi preso pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver e, em depoimento, admitiu a prática do crime”, disse Canedo.
Segundo a Polícia Civil, denúncias que possam ajudar nos trabalhos podem ser feitas pelo Disque-denúncia 197 ou pelo número (62) 98499-0359, garantindo sigilo absoluto.
Ainda conforme a PC, a divulgação do nome e imagem do investigado foi autorizada pelo delegado responsável, em conformidade com a lei, com o objetivo de identificar outras possíveis vítimas.
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