Suplementos: amigo da saúde pode ser vilão sem prescrição
04 novembro 2018 às 14h00

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Médica endocrinologista alerta para os perigos da superdosagem

Em tempos em que crossfiteiros, dietas low carb e idas disciplinares a academia tem tomado as redes sociais, cuidar da saúde do corpo tornou-se uma tendência. Para isso, lança-se mão de todos os recursos indicados, seja exercícios físicos, dietas ou suplementos alimentares.
Os últimos, embora precisem de indicação médica, têm sido utilizados por pessoas sem a prescrição profissional devida. A endocrinologista Fernanda Braga alerta que esse tipo de utilização pode trazer efeitos contrários ao desejado. Em vez de saúde, o consumo sem prescrição pode resultar em danos ao corpo humano.
“Cabe ao médico fazer o diagnóstico e indicação da suplementação necessária. Deve ser feito um recordatório alimentar, avaliado o volume de atividade física”, explica a especialista.
Segundo ela, passada a avaliação, o médico irá indicar suplementos com eficácia comprovada cientificamente e com segurança para o paciente. “A dose, o horário, o tempo de uso também deve ser estabelecido ou o benefício não será colhido”, alerta.
A médica explica, também, que o consumo sem prescrição médica pode pesar no bolso, já que há uma tendência à superdosagem, pois o paciente visa ao resultado rápido. Trazendo, assim, “um gasto financeiro desnecessário”.
AVC
Para além disso, e mais importante, Fernanda destaca o risco para a saúde que certos suplementos podem representar, por conterem substâncias perigosas. “Alguns Importados, principalmente os populares pré-treinos e termogênicos, contém ‘blends’ não discriminados no rótulo que, como não sabemos a quantidade, podem aumentar risco de eventos como AVC e infarto”, exemplifica.
Um dos suplementos alvos de polêmica é o Chá Verde. Fernanda explica que o problema dele está no extrato concentrado e que o segredo é tomar na quantidade certa, conforme dosagem recomendada por um especialista.
“Eles têm propriedades antioxidantes, ajudam a manter estado de alerta e melhora a retenção de líquidos. Os antioxidantes são moléculas que protegem as células contra danos oxidativo causados por radicais livres”, explica.
Os radicais livres são moléculas produzidas à medida que transformam oxigênio e alimento em energia. Como tudo produzido no corpo, ele é bom e, em excesso, tem que ser combatido. Para a endocrinologista é uma linha tênue que separa esse paradigma. Como o oxigênio e a água corroem o ferro, muitos radicais livres podem danificar as células.
Mas a médica explica que essa é uma produção natural do corpo e seu aumento “induzido pelo exercício é uma via de sinalização necessária para que ocorra as adaptações de treinamento no músculo”, pontua. Segundo ela, os antioxidantes são, então, necessários, quando essa produção precisa de um equilíbrio.
No entanto, segundo Fernanda, esses antioxidantes também podem ser adquiridos por meio de uma alimentação saudável. “Temos antioxidante endógenos (do corpo) e os exógenos que são: vitamina C, ácido alfa lipolíco, carotenoides, e compostos fenólico, Vitamina E. Todos podem ser extraídos da alimentação”, afirma.
Dentre os alimentos que podem ajudar na antioxidação: óleos vegetais, cítricos, grãos integrais, frutas, vegetais verdes e alaranjados, nozes, chá verde, uvas/ vinho tinto. “Até podem ser suplementados, mas a deficiência é rara e existe uma dose máxima segura para cada”, explica.