Ao mostrar mapa de Goiás daqui 25 anos, quando tiver atingido limite de água disponível, chefe de Recursos Hídricos diz que com planejamento não faltará recurso

Questionado sobre exportação de água em produtos da agropecuária, superintendente João Raiser destaca questão econômica. “Grande parte disso é exportado? Tudo bem. Mas deixa dividendos no Estado.” | Foto: Sarah Teófilo
Sarah Teófilo
Da Cidade de Goiás
Quando se fala em preservação ambiental, a agropecuária, atividade predominante na economia goiana, é por diversas vezes apontada como uma das vilãs. Com o aumento da preocupação com o planeta, sistemas mais sustentáveis — como plantio direto ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) — têm se tornado mais evidentes.
No quesito água, a atividade também é problemática. Um dos motivos apontados por estudiosos, por exemplo, é que as produções agrícolas e da pecuária são exportadas, mostrando que o Brasil, e consequentemente as regiões que mais lucram com a agropecuária, exportam água.
O superintendente interino dos Recursos Hídricos de Goiás, João Ricardo Raiser, ministrou palestra na tarde desta quarta-feira (12/8), como parte da programação do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica). Raiser garantiu ao Jornal Opção Online que a constatação não mostra que fato é negativo. “Na verdade, quando se fala nesses números de utilização de água; quando se diz que 70% da água é utilizada para uso agropecuário, isso não tem nenhum juízo. Não é bom nem ruim. Não significa que precisa-se economizar neste setor”, afirma.
O destaque está na economia. De acordo com João Raiser, números não mostram que deve-se economizar na área, sendo apenas uma constatação do que é utilizado pelo setor. “E isso está ligado à característica de desenvolvimento, a estrutura econômica do Estado”, disse, e completa: “Grande parte disso é exportado? Tudo bem. Mas deixa dividendos no Estado.”
João Raiser acredita que tudo depende da forma em que os recursos serão aproveitados, e quais benefícios serão trazidos ao Estado. O superintendente mostrou um mapa do Estado daqui 25 anos, onde grande parte dos rios já vão ter atingido o máximo de disponibilidade de água. “A princípio, se você olhar para o mapa, pode achar ruim. Mas não é nem bom nem ruim”, disse, assegurando que o que de fato importa é a forma como o recurso é usado.
Segundo o superintendente, se houver um bom sistema de gestão, com planejamento e organização dos usos, além de ações de recuperação ambiental e garantia de qualidade e quantidade, o mapa não mostra nenhum problema. Entretanto, João admite: “Se não tiver boa gestão, aquela situação vira o caos. Mas se tiver planejamento, se as boas condições ambientais forem mantidas, vamos ter água para todas as atividades”, assegurou.
O destaque também é no plano de gestão da superintendência, que é definido pela política nacional e estadual de recursos hídricos. A função, de acordo com o superintendente, é organizar os usos e a gestão da água, fazendo um planejamento de todos os setores. “A intenção é fazer com que consigamos orientar o uso da água e fazer com que esse recurso limitado atenda a todas as necessidades de todos os setores”, disse.
E para atender melhor as necessidades de cada região, a superintendência está criando comitês de bacias hidrográficas, formado por pessoas das cidades que fazem parte de uma determinada bacia, onde irão auxiliar nas decisões quanto à utilização da água. “A gestão de recursos hídricos ultrapassa os limites geopolíticos. Juntaremos, então, o poder público, os usuários e representantes da sociedade para que se decida de forma articulada como vamos utilizar a água”, pontuou. Até o momento, cinco comitês foram instalados, sendo que são 11 unidades de planejamento e gestão, que representam várias bacias.
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