“Subcidadania”: vereador de Goiânia, militante da causa LGBTQIA+, fala dos desafios da comunidade na Câmara
16 outubro 2024 às 11h37
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O vereador Fabrício Rosa (PT) é o único parlamentar abertamente membro da comunidade LGBTQIA + na Câmara Municipal de Goiânia e o primeiro a militar pela causa na Casa de Leis. Reeleito com 7.216 votos no início deste mês, Fabrício coloca sua candidatura à disposição da comunidade historicamente marginalizada. “A realidade da comunidade é uma realidade LGBTQIA + de subcidadania”, reconhece, no intuito de construir um novo caminho para o grupo.
O parlamentar denuncia um movimento contra quaisquer iniciativas voltadas para a população LGBT dentro da Câmara e também dentro do Executivo Municipal. “Cada vez que a gente apresenta um projeto voltado para a comunidade LGBTQIA+ esse projeto ele é contundentemente agredido e rechaçado publicamente pelas forças reacionárias”, resumiu.
Fabrício exemplifica: as tentativas de garantir espaço no orçamento municipal para criação de uma casa de acolhida destinada ao público LGBT, para compra de medicamentos para hormonioterapia e também para o ambulatório voltado às pessoas trans foram vetadas pelo prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). Além disso, as tentativas de colocar o dia 17 de maio como dia de combate à LGBTfobia, e de criar um selo “LGBT friendly” para empresas nem sequer foram aprovadas entre os vereadores.
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Pensando em alternativas para pautas progressistas no conservador parlamento goianiense, o vereador coloca três pontos como centrais: criação de ferramentas de comunicação mais eficientes alinhadas com pensamentos da esquerda, formação política (especialmente da juventude) e a construção de instrumentos de participação social. “Nós vamos aplicar isso em nosso mandato”, garantiu.
Representatividade
Apesar de reconhecer que “uma parcela grande da Casa se movimenta para demarcar uma posição contra a comunidade LGBTQIA+”, Fabrício se afirma “esperançoso com a nossa [comunidade LGBT] presença ali dentro”.
Para o parlamentar, o número de candidatos LGBT eleitos em 2024 é uma vitória. Com 225 candidaturas abertamente militantes pela causa legitimadas pelo voto popular, um novo recorde foi alcançado. “O nosso desafio é eleger pessoas LGBT”, afirmou.
O vereador traz números para ilustrar. No país, são aproximadamente 60 mil cargos de vereador. Os 225 vereadores e vereadoras eleitos representam menos de 0,5% deste total. “A gente tem menos de 0,5% da bancada, quando nós somos em torno de 10% da população”, resumiu.