Sobre a dengue em Goiás, Rasível Santos fala em “estabilização do quadro” após 8 semanas de crise

28 março 2024 às 16h23

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Após oito semanas de crise com a epidemia de dengue em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) informou que o quadro se estabilizou. O secretário de Saúde, o médico Rasível Santos, ressaltou que o Estado está com índices de imunização para o público-alvo, da faixa etária de 10 a 14 anos, acima da média nacional.
“A gente teve o pico da doença na oitava semana epidemiológica, depois tivemos uma estabilização do quadro, principalmente, nos municípios de menor população. Esses municípios normalmente iniciaram primeiro e saem primeiro da crise, o que não quer dizer que possa relaxar, a gente precisa continuar com todos os cuidados, como manejo clínico adequado, com hidratação adequada”, alertou.
Segundo o titular da pasta, o Estado já conta com 212 gabinetes de crises montados em vários municípios, que estão ligados diretamente com a SES-GO. “A gente tem conseguido apoiá-los com soro, medicamentos, com organização da resposta. Então, isso tem feito a diferença para os municípios e dado a segurança”, afirma.
Com a chuva a preocupação com a proliferação do mosquito continua no Estado. “A gente precisa que a população continue com este apoio, eu costumo dizer que a gente precisa estar atento”, pede.
Vacinação
Sobre a imunização, Rasível Santos acentua que já foram aplicadas 45.2% das doses. Cabe lembrar que Goiás recebeu 158,505 doses de vacinas. “O Brasil conseguiu vacinar 40.4%, ou seja, a gente conseguiu ter aí quase 5% acima da média nacional”, comemora. “Mas ainda é uma cobertura baixa, a gente precisa colocar todas essas vacinas no braço das crianças e adolescentes”.
Óbitos por dengue
Goiás registrou 84 mortes por dengue nesta quinta-feira, 28. Além disso, há 100 casos em investigação, que apresentam sintomas da doença. O município com mais mortes é Anápolis, com 14, seguido por Luziânia (11) e Valparaíso de Goiás (6). Com cinco óbitos estão Goiânia, Águas Lindas de Goiás e Aurilândia.
De acordo com o secretário de Saúde, em relação às vítimas não há registros de casos entre a faixa etária de 10 a 14 anos. “Ainda não podemos dizer que é por causa da vacina, mas se for coincidência, é uma feliz coincidência, que a gente tem aí nesta faixa etária de 10 a 14 anos nenhum óbito detectado no Estado e nenhuma uma criança e adolescente internado de 10 a 14 anos, com suspeita de dengue ou arboviroses”, ressalta.
Chikungunya
A Assessoria Técnica da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), Cristina Laval, chamou a atenção sobre outra arbovirose, a chikungunya. Conforme ela, a doença veio para ficar, embora apareceu de “forma muito tímida”. “E, agora, neste ano de 2024, a gente tem as evidências que é um vírus que também está circulando forte no Estado e que veio para ficar, exatamente como a dengue”, pontua.
O terceiro vírus apontado por ele é a zika, que traz também bastante preocupação das autoridades. “O Aedes aegypti é o mesmo mosquito que transmite a dengue, a chikungunya e também a zica, que de vez em quando vem circular no Estado e nos traz muita preocupação”, disse.

Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, compara os perigos da dengue em comparação com outras doenças. “A dengue é diferente das outras doenças, depois que passa a febre, depois que melhorar os sintomas, a gente considera que a pessoa se curou, para a dengue é diferente. Para a dengue, quando a pessoa diminui a febre e sintomas é neste momento que a pessoa precisa ficar mais atenta a possíveis outros sinais, que possam aparecer. Dentre estes sinais, há vômito, dor abdominal, tontura e diminuição da urina. Esses são sinais de alerta que demonstram que a pessoa pode estar caminhando para a gravidade da doença”. A recomendação da especialista é procurar imediatamente atendimento médico.
Mais municípios com vacinação
O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (27), sua estratégia de expansão da campanha de vacinação contra a dengue. Segundo o órgão, mais 154 municípios serão abrangidos com doses de imunizantes. O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI), Eder Gatti, disse que a seleção dessas áreas segue critérios estabelecidos durante a distribuição dos primeiros lotes.

Segundo ele, a priorização são por regiões de Saúde com cidades de grande porte, altamente afetadas nos últimos dez anos, e com população residente igual ou superior a 100 mil habitantes. Além disso, ele diz que foram consideradas as altas taxas de transmissão registradas nos últimos meses.
Ele antecipou que há 668 mil doses próximas da data de vencimento, programada para 30 de abril, com 523 mil doses em junho e 84 mil em julho. Como o ministério recebeu nova remessa de 930 mil doses, as vacinas serão distribuídas para os 521 municípios inicialmente selecionados e para os 154 agora contemplados com a ampliação.
“Enviaremos uma parte dessas doses para repor as que foram remanejadas em municípios inicialmente contemplados. Assim, garantimos a continuidade da vacinação em locais com dose por vencer agora e que vão redistribuir. Nós também vamos garantir doses para aqueles municípios que estão vacinando bem, para que eles continuem a estratégia de vacinação”, enfatizou Eder Gatti.
A pasta informou que os detalhes sobre a realocação das doses próximas do vencimento para os municípios dentro dos próprios estados serão divulgados em uma nota técnica ainda nesta quinta. Mato Grosso do Sul não participará da redistribuição, pois todos os municípios do estado foram inicialmente contemplados. O mesmo ocorre com o Distrito Federal, já que não possui subdivisões municipais. O Amapá foi escolhido para receber as doses excedentes dessas unidades federativas, levando em consideração a situação epidemiológica do estado.
Nota da SES-GO, na íntegra
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás informa que recebeu 158.505 doses do Ministério da Saúde para vacinação em 134 municípios, com vencimento previsto para 30 de abril. Atualmente 45,2% do público alvo foi vacinado, com 71.678 doses aplicadas no público-alvo: crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A vacinação começou no dia 15 de fevereiro para a faixa etária de 10 e 11 anos. A ampliação da faixa etária para a faixa de 10 a 14 anos foi realizada no dia 30/02.
A SES ressalta que como todo imunobiológico, a vacina da dengue também tem prazo de validade e que tem orientado os municípios, responsáveis pela aplicação das vacinas, sobre a diversificação das estratégias de vacinação para que o maior número possível de pessoas seja vacinado, lembrando que Goiás foi um dos primeiros estados a ampliar a faixa etária de vacinação inicial de 10 e 11 anos para 10 a 14 anos, em sintonia com o Ministério da Saúde.
Sobre a ampliação dos municípios a receberem os imunizantes e ampliação da faixa etária, a SES informa que não haverá ampliação da faixa etária, mas haverá remanejamento das doses que já estão distribuídas nos 134 municípios para os 112 municípios restantes, em função da baixa procura. As doses serão remanejadas dos municípios com maior quantitativo em estoque para aqueles que não receberam o imunizante ainda. O cálculo com a quantidade de doses remanejadas será divulgado em breve. Por enquanto, não há perspectiva de envio de novas doses pelo Ministério da Saúde para Goiás.
SES/GO
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