Depois de anunciar pregão eletrônico para contratar novo software de gestão, TCE-GO suspende e diz constatar desconformidades. Administração do Ipasgo informou que responderá a todas as questões e que novo software contribuirá com transparência e economia

Sede do Ipasgo | Foto: Reprodução

Após o Ipasgo anunciar um pregão eletrônico para contratar software de gestão de plano de saúde estimado em quase R$125 milhões, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) determinou a suspensão da licitação. De acordo com medida cautelar expedida pelo conselheiro Edson Ferrari, foram constatadas diversos indícios de desconformidades no edital de licitação. Ele pede para que o presidente do Ipasgo, Silvio Antônio Fernandes, apresente justificativas em 15 dias da contratação irregular de terceirização de mão de obra pela autarquia, burlando a exigência de concurso público.

O despacho também solicita que a pregoeira do Ipasgo e o responsável pela elaboração do documento apresentem justificativas para as desconformidades detectadas, além do secretário de Estado de Administração, Bruno Magalhães d’Abadia, pois o Ipasgo é subordinado da pasta, cuja realização de concurso público cabe exclusivamente.
A medida atende representação do Serviço de Análise Prévia de Editais e Licitações e pelo Serviço de Informações Estratégicas do TCE-GO.

Além da contratação de particular para as atividades de autoria de saúde em descumprimento à legislação e do possível desacordo com o determinado por acórdãos do TCE-GO e por Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o Ministério Público do Estado de Goiás, consta da lista de de possíveis irregularidades a adoção de cláusula de habilitação técnica potencialmente restritiva de competitividade e a inadequação da divisão em lotes ou itens.
De acordo com unidades técnicas, a terceirização de funções e atividades de auditoria de saúde contribuiu para a fragilidade dos processos finalísticos, dos controles internos e da gestão de riscos no Ipasgo, resultando em grave lesão aos cofres públicos estaduais, estimados pela Polícia Civil em cerca de R$50 milhões.

Dentre as desconformidades encontradas, foram citadas pelo TCE:

  • Terceirização de funções estreitamente ligadas às atividades fim da autarquia, que deveriam ser realizadas exclusivamente por servidores de carreira
  • Inexistência de detalhamento dos serviços a serem executados e seus custos unitários
  • Hipótese de subcontratação do objeto sem especificação dos limites
  • Inexistência de medidas preventivas à descontinuidade dos serviços contratados
  • Remuneração dos serviços não vinculada a resultados ou a atendimento de níveis de serviço
  • Critério de habilitação exigindo declaração de propriedade de software próprio sem possibilidade de comprovação do item por meio de contrato de direito de uso ou licenciamento

Resposta

Em resposta, o Ipasgo informou o processo de licitação foi acompanhado desde o início pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO). E que a nova plataforma tem objetivo de modernizar os processos, reduzir fraudes e aumentar o controle das ações.

Ainda, a equipe apresentou ao presidente do TCE-GO e ao conselheiro Edson Ferrari, em reunião especial, todos os detalhes do projeto. As orientações serão encaminhadas ao TCE e respondidas oficialmente e espera que o órgão avalie pela retomada da licitação com celeridade.

De acordo com o Ipasgo, a decisão do conselheiro surpreendeu a atual gestão, já que o edital, já avaliado anteriormente pela CGE, TCE-GO e Ministério Público, não prevê terceirização, mas aquisição de ferramentas para a organização dos sistemas de auditoria do órgão, que funciona atualmente de forma manual.

O modelo atual conta com mais de 40 sistemas interligados que atrapalham os processos de transparência, permitindo fraudes, desvios, dentre outras irregularidades, que são alvos de investigações instauradas pela Polícia Civil do Estado de Goiás. Ainda, o Ipasgo defende que a plataforma vai gerar economia imediata, já que atualmente são pagos R$158 milhões em contratos de serviços similares e defasados. O sistema antigo, de acordo com a atual administração, foi construído para facilitar desvios. Cerca de seis mil usuários do plano estão cadastrados sem CPF, segundo Silvio Fernandes, esse número pode chegar a 40 mil.

Acompanhe nota completa do Ipasgo:

O processo de licitação proposto pelo Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) é acompanhado desde o início pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO). Ao longo do período, as orientações estão sendo acolhidas de modo a ampliar a transparência da nova contratação, que tem como objetivo implantar uma nova plataforma para modernizar os processos, reduzir fraudes e aumentar o controle das ações.

Inclusive, a equipe do Ipasgo apresentou o projeto detalhado ao presidente do TCE-GO e ao conselheiro Edson Ferrari, em reunião presencial. As orientações encaminhadas pelo TCE-GO serão respondidas oficialmente e o Ipasgo espera que a avaliação do órgão de controle seja célere para que haja a retomada do processo de licitação.

A decisão do conselheiro surpreende a atual gestão do Ipasgo. Isso porque o edital de licitação apresentado, já avaliado anteriormente pela CGE, TCE-GO e Ministério Público, não prevê a terceirização de serviços, mas sim a aquisição de ferramentas para a organização dos sistemas de auditoria do órgão, que atualmente funciona praticamente de forma manual.

Para se ter ideia, o modelo atual possui mais de 40 sistemas interligados, que impedem a transparência dos atos e permitem, por exemplo, desvios e fraudes como o pagamento de dois mil exames de laboratório para um único paciente, liberações de pedidos feitas e autorizadas por um mesmo profissional de saúde, cadastros de usuários sem dados como CPFs, cadastros irregulares de prestadores de serviço, entre outros. Essas irregularidades são alvo de investigação de duas operações instauradas pela Polícia Civil do Estado de Goiás.

A nova gestão do Ipasgo está construindo um plano de carreira para seus servidores administrativos e auditores, com o objetivo de revisar as remunerações e, futuramente, ampliar a contratação, via seleção pública. Todos esses processos também são acompanhados pelo MP-GO.

Os questionamentos enviados anteriormente pelo conselheiro, que são similares aos apontados hoje, foram respondidos pelo Ipasgo e também incluídos no novo edital do pregão eletrônico, divulgado no dia 15 de abril.

Os pontos apontados novamente pelo conselheiro do TCE-GO, ao pedir a suspensão do pregão eletrônico, serão esclarecidos com as informações contidas no próprio edital e também novas análises técnicas, que serão incluídas ao chamamento público para dar mais transparência e sanar quaisquer tipos de questionamentos. O Ipasgo reitera que todas as recomendações dos órgãos de controle são e serão atendidas.

Com a contratação da nova plataforma de tecnologia, o Ipasgo vai gerar economia imediata. Isso porque, atualmente, o plano paga R$ 158 milhões em contratos de serviços similares, que são defasados e não coíbem fraudes e desvios.

A automação vai permitir mais segurança nos dados, serviços e análises gerenciais e estratégicas. O que impactará nos gastos assistenciais, que terão controle e transparência. Essas medidas vão reduzir custos e pagamentos desnecessários, o que garantirá uma economia média de 15% ao volume aplicado na assistência anualmente. Isso corresponde a cerca de R$ 300 milhões por ano.

O presidente do Ipasgo, Sílvio Fernandes, explica que a situação atual do plano de assistência é preocupante porque os controles são falhos e ainda há brechas para fraudes. “Ainda gastamos de forma indevida porque não há como controlar e acompanhar todos os atos. O sistema antigo foi construído para facilitar desvios. Agora, estamos trabalhando arduamente para corrigir isso.”

Ele informa que, recentemente ao solicitar o número e perfil dos usuários do plano que estão no grupo de risco de contaminação pelo novo coronavírus, o relatório inicial apontou que mais de 6 mil usuários do plano estão cadastrados sem CPF. Segundo ele, esse número pode chegar a 40 mil pessoas, os levantamentos continuam.

Além disso, outra fraude detectada foi o pagamento de leitos de UTI sem estarem ocupados por pacientes e também serviço de homecare para pacientes já falecidos. “Se não houver controle, o dinheiro aplicado será alvo constante de desvio e os maiores prejudicados serão o futuro do plano, que está ameaçado, e seus beneficiários.”

As falhas, que o sistema atual de tecnologia ainda permitem, ainda geram perdas financeiras. De setembro de 2019, quando se iniciaram as análises do processo pelos órgãos de controle, até agora o instituto teve prejuízo estimado de R$ 117,6 milhões ou o equivalente a R$ 27 mil por hora.

O Ipasgo destaca também que os esforços desta nova gestão nos investimentos em transparência e controle de riscos foi premiado pelo TCE-GO. Em recente levantando divulgado pelo tribunal, o plano de assistência ficou em segundo lugar no ranking de ‘Avaliação dos Controles Internos e Órgãos’. Ao total, foram analisados 54 órgãos estaduais.