Quando afirma que “quem pratica assédio “não vai ficar no governo” e Silvio Almeida, o “ex-ministro” dos Direitos Humanos “tem o direito de se defender”, o presidente Lula da Silva, do PT, está falando como político e usando a linguagem algo refinada dos advogados (a tal presunção de inocência).

Além de condenar o assédio sexual em si, o presidente está dizendo outra coisa: a denúncia contra Silvio Almeida não pode contaminar seu governo. Lula da Silva fez questão de frisar que sua gestão apoia a luta das mulheres. E, claro, a 29 dias das eleições municipais, o petista-chefe não vai sacrificar o PT, com seus candidatos, para “salvar” Silvio Almeida.

A cerimônia do adeus e a busca de um sucessor

Governos são cruéis com os que erram, por isso precisam ser afastados de qualquer maneira. Não há meio-termo. Silvio Almeida tem dois caminhos. Primeiro, ser demitido, num afastamento vexatório. Segundo, pedir demissão alegando que precisa de tempo para preparar sua defesa (o vídeo que divulgou até pode não ser uma ameaça, mas soou assim, como tentativa de intimidação).

Em suma, Silvio Almeida é carta fora do baralho. O que Lula da Silva está fazendo, desde ontem, é buscando um sucessor ou sucessora. Aliados políticos e entidades de direitos humanos já estariam sendo consultados. (E.F.B.)