A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulga orientações sobre prevenção e tratamento em casos de picadas de serpentes no mês de setembro, marcado pela campanha internacional sobre o tema. Somente neste ano, foram registrados na unidade mais de 276 acidentes envolvendo animais peçonhentos, sendo 22 causados por serpentes, ficando atrás apenas dos acidentes com escorpiões, que somam 215, reforçando a necessidade de prevenção e conhecimento sobre como proceder em situações de risco.

As picadas de cobras, especialmente as venenosas, podem resultar em sérias complicações à saúde, incluindo infecções, necroses e, nos casos mais graves, até a morte. Esses acidentes ocorrem com maior frequência em áreas rurais e durante atividades ao ar livre, como colheitas e trilhas, onde o contato com esses animais é mais comum.

De acordo com a enfermeira coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do HEF, Karolina Reis Ornelas, com o aumento das queimadas esses animais perdem o seu ambiente nativo e se deslocando cada vez mais para áreas semi-urbanas, sendo evidente o aumento do número de acidente com serpentes.

“O avanço das queimadas, principalmente no Cerrado, é propício para que esses animais se desloquem para áreas de convívio social, o que aumenta os riscos para a população. Por isso, é fundamental redobrar os cuidados, como usar calçados adequados em áreas de vegetação densa e evitar mexer em entulhos ou lugares que possam servir de abrigo para serpentes”, ressalta Karolina.

O que fazer em caso de picada?

Em caso de picada, é fundamental manter a calma e evitar movimentos bruscos, já que o aumento da frequência cardíaca pode acelerar a circulação do veneno pelo corpo. A área afetada deve ser imobilizada e, se possível, mantida abaixo do nível elevado para retardar a disseminação do veneno. Nesse momento, é essencial procurar atendimento médico imediato, onde profissionais de saúde poderão avaliar o quadro e iniciar o tratamento adequado.

O soro antiofídico é a principal forma de tratamento para neutralizar os efeitos do veneno de serpentes, sendo específico para cada tipo de cobra. Por isso, é crucial identificar as características da serpente que causou a picada, formato da cabeça, presença de fosseta loreal, guizo ou chocalho no final da cauda e se apresenta anéis coloridos (vermelho, preto, branco ou amarelo). Contudo, nunca se deve tentar capturar o animal, pois isso aumenta o risco de uma nova picada. Vale ressaltar que o soro antiofídico deve ser administrado o mais rapidamente possível para reduzir complicações.

Para o coordenador do Pronto-Socorro do HEF, Dr. Wanderson de Almeida, é crucial manter a calma após uma picada de serpente para minimizar os efeitos do veneno no organismo. “Sabemos que, diante de uma situação como essa, a reação inicial é de pânico. No entanto, manter a tranquilidade é uma das principais ações que o paciente pode tomar. Quando a frequência cardíaca aumenta devido ao estresse ou à agitação, o veneno circula mais rapidamente pelo corpo, o que pode agravar o quadro”, destaca o médico.

Além disso, ao manter a calma, é possível seguir as orientações corretamente, como lavar a área da picada com água e sabão e manter o membro afetado elevado enquanto se aguarda o atendimento médico. “É importante lembrar que o soro antiofídico é um tratamento altamente eficaz, mas quanto mais cedo for administrado, maiores são as chances de evitar complicações graves, como necrose do membro ou danos sistêmicos. O ideal é que o paciente chegue o mais rapidamente possível ao hospital para que seja avaliado e tratado de forma adequada, além de ser monitorado quanto a alterações cardíacas e respiratórias,” complementa Wanderson.

É importante evitar práticas caseiras que podem agravar a situação, como o uso de torniquetes, a tentativa de sugar o veneno ou a aplicação de substâncias na área afetada. Essas ações podem prejudicar ainda mais a circulação sanguínea e aumentar o risco de complicações, como a necrose do membro afetado. E lembre-se, em caso de acidentes com serpentes, sempre procure imediatamente atendimento médico.

Disque Intoxicação

Vale ressaltar ainda que a população goiana tem à disposição um setor especializado, dotado de equipe técnica qualificada, apta a prestar os esclarecimentos que minimizam os riscos das intoxicações e, não raro, salvam vidas. O Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Estado de Goiás (Ciatox), que integra a Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (Suvisa/SES-GO), possui plantão 24 horas por dia. O Disque Intoxicação (0800 646 4350) e (62 3241-2723) repassa aos profissionais de saúde e público em geral orientações sobre intoxicações, envenenamentos e acidentes com animais peçonhentos.

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