O Ministério Público de Goiás (MP-GO) instaurou um procedimento preparatório de inquérito civil para investigar um suposto esquema de ocultação de bens e lavagem de dinheiro envolvendo servidores da Prefeitura de Padre Bernardo. Segundo denúncia recebida pela 2ª Promotoria de Justiça, Bianca Rodrigues das Dores, assessora de consultoria jurídica do município, e Bruno Nunes da Silva, gestor do Executivo municipal, estariam atuando como “laranjas” de agentes públicos, adquirindo imóveis em seus nomes e repassando-os a terceiros para encobrir a origem ilícita dos recursos.

A apuração já identificou movimentações expressivas. Entre 2023 e 2025, Bruno teria adquirido sete imóveis urbanos e um rural, totalizando R$ 451,3 mil em transações diretas. Além disso, obteve R$ 1,47 milhão em empréstimos fiduciários vinculados a esses bens — valores considerados incompatíveis com sua renda mensal declarada, de R$ 3,5 mil. Há registros de pagamentos à vista em espécie e por PIX, além de financiamentos muito acima do valor de mercado dos imóveis, como um crédito rural de R$ 1,19 milhão sobre propriedades avaliadas em R$ 302,3 mil.

O MP também apura possível subdeclaração de valores para sonegação de impostos, já que imóveis adquiridos por Bruno foram registrados por valores bem inferiores aos praticados no mercado local. Em um dos casos, um lote no bairro Divinópolis foi comprado por R$ 13,2 mil, quando lotes semelhantes são vendidos por mais de R$ 50 mil.

A investigação envolve ainda uma cooperativa de crédito, que liberou financiamentos significativamente superiores aos valores declarados sem comprovação de lastro ou análise de compatibilidade com a renda do investigado. O órgão avalia a possibilidade de participação da instituição em operações para dar aparência de legalidade a recursos de origem suspeita.

Entre os crimes sob análise estão lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98) e crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90), com indícios de fraude fiscal e ocultação de patrimônio. A 1ª Promotoria de Justiça da comarca já prepara pedido de busca e apreensão para aprofundar a coleta de provas.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Padre Bernardo para localizar os citados, mas até o fechamento desta matéria não tivemos retorno. O espaço continua aberto para esclarecimentos.

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