Sergio Moro decreta nova prisão de Marcelo Odebrecht

19 outubro 2015 às 17h21

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“Príncipe dos Empreiteiros” investigado no esquema de propina na Petrobrás pode passar o Natal na cadeia

O Supremo Tribunal Federal (STF) tem tirado algumas investigações da operação Lava Jato das mãos do juiz federal Sergio Moro, no chamado “fatiamento” das investigações, mas o paranaense mostra que não está para brincadeira e segue em frente. Nesta segunda-feira (19/10) Moro abriu mais uma ação penal contra o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e decretou nova prisão preventiva do empreiteiro, que está detido há quatro meses. Outras cinco pessoas também foram atingidas pela decisão.
É a terceira vez que Sergio Moro decreta a prisão preventiva de Marcelo Odebrecht. Com isso, fica dificultado o pedido de habeas corpus para o empreiteiro em outras instâncias e é bem possível que ele fique preso pelo menos até o Natal.
O Ministério Público Federal acusa o empreiteiro e três executivos da empresa de pagar R$ 138 milhões de propina em obras da Petrobras, como projetos na refinaria Abreu e Lima (PE) e no Comperj (RJ). O ex-diretor da estatal Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco são acusados de corrupção passiva.
Os executivos são Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva e Rogério Araújo, presos desde junho, quando foi deflagrada a 14ª fase da Lava Jato. Os seis réus já respondiam a outras ações penais na Justiça Federal do Paraná. Duque e Barusco já foram até condenados em processos da Lava Jato.
Com a decisão do juiz federal paranaense, todos viraram réus na ação penal. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também foi acusado, mas, como firmou acordo de colaboração e já foi condenado em outros processos, não foi incluído no caso. Costa está cumprindo pena em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Em seu despacho desta segunda-feira, Sergio Moro novamente se manifesta contra o”fatiamento” de ações da Operação Lava Jato pelo país e disse que “não há como espalhar processos perante juízos pelo país”. Ao decretar nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e dos três executivos, Moro voltou a mencionar mensagens coletadas pelos investigadores no celular do empreiteiro.
Nessas provas, Odebrecht diz a subordinados para “trabalhar para parar/anular (dissidentes PF)” e recomenda “higienizar apetrechos”, frases que foram interpretadas como tentativa de interferir nas investigações. Moro registra que há “indícios” de que Márcio Faria e Rogério Araújo destruíram provas e lembrou que buscas feitas pela PF tiveram pouca eficácia.
O juiz também diz que uma decisão do STF que libertou o executivo Alexandrino Alencar, na última sexta-feira (16/10), deve ser “respeitada”, mas afirmou que o suspeito não foi alvo da denúncia do Ministério Público Federal.
Se o trâmite dos pedidos de habeas corpus dos executivos seguir o ritmo que teve até agora, Marcelo Odebrecht ficará detido no mínimo até o início de 2016. O executivo pediu a libertação na segunda instância da Justiça Federal, que rejeitou a solicitação, e também ao Superior Tribunal de Justiça, que já negou liminar
Outro lado
A Odebrecht ainda não se manifestou a respeito das novas decisões de Moro. Ao Superior Tribunal de Justiça, a defesa do empreiteiro disse que ele não oferece mais risco às investigações, que já estão em estágio avançado. Marcelo Odebrecht foi intitulado o “Príncipe dos Empreiteiros”. Jovem, rico e bem-educado, adotou a tática petista de negar os crimes e encarou com desdém a investigação. Já na cadeia, tropeçou pela primeira vez, enviando a auxiliares na empresa um bilhete determinando a destruição de um e-mail sobre venda de sondas.