Senai, Sesc e Sesi podem virar a chave da educação de Goiânia e Região Metropolitana
19 outubro 2024 às 14h14
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O Sistema S, composto por instituições como o Sesi, Senai, e Sesc, representa um dos pilares mais importantes do ensino profissionalizante e técnico no Brasil. Seu papel é fundamental para o desenvolvimento de competências e habilidades técnicas que moldam o mercado de trabalho. Estas instituições vão além do simples oferecimento de cursos profissionalizantes, se destacando pela capacidade de antecipar e adaptar-se às necessidades do futuro, em áreas como robótica, inteligência artificial (IA) e automação, sem perder de vista a educação integral dos alunos. Para isso, além de uma gestão competente, é necessário que haja capacidade de articulação política para repelir ataques e garantir os investimentos.
O modelo de Educação, por vezes, é alvo de ataques e tentativas de cortes, como em 2021, quando o governo de Jair Bolsonaro (PL) pleiteou um corte de 30% dos recursos do Sistema S. Somente em Goiás, são 24 unidades, que atende cerca de 80% da população, além de 1.400 jovens com programas de gratuidade. A ampliação desse sistema, pode garantir uma maior eficiência de todo o sistema público e municipal de Educação se feito em conjunto com os professores da rede municipal, se articulado junto ao Governo do Estado e o Governo Federal.
A visão de futuro é uma competência indispensável para o gestor do Sistema S. Vivemos em um período de rápidas mudanças, onde novas tecnologias e formas de trabalho surgem a todo momento. Um gestor preparado deve estar atento a essas mudanças e adaptar as estratégias educacionais de sua instituição para garantir que os alunos saiam preparados para um futuro incerto, mas promissor.
No contexto de Goiás, por exemplo, é responsabilidade do gestor prever as áreas que terão maior demanda por profissionais qualificados. A automação industrial, a implementação de IA em processos produtivos e a crescente importância de práticas sustentáveis no setor industrial são algumas das áreas que exigirão uma gestão proativa para que o Sistema S continue oferecendo cursos relevantes para o desenvolvimento regional e nacional. Em 2023, foram oferecidas mais de 18 mil vagas em cursos do Senai em Goiás, enquanto no Brasil o número ultrapassou 2 milhões de vagas. Esse amplo alcance é um reflexo direto da capacidade de gestão dessas instituições em adaptar-se às necessidades do mercado e da sociedade.
O gestor precisa também fomentar uma cultura de inovação constante. Isso inclui promover atualizações regulares dos currículos e investir na formação contínua de professores e instrutores. Além disso, o gestor deve ser capaz de avaliar as novas tendências e fazer apostas educacionais que garantam o sucesso dos alunos a longo prazo. Por exemplo, cursos voltados para a integração entre IA e sustentabilidade, uma área em crescente expansão, podem se tornar diferenciais competitivos no mercado de trabalho do futuro.
O Sistema S e a Educação Integral
O grande diferencial do Sistema S está justamente na sua capacidade de integrar a formação técnica com uma visão mais ampla da educação. Além dos cursos profissionalizantes e tecnológicos, o Sesi e o Senai oferecem atividades que estimulam o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. Isso inclui práticas esportivas, culturais e de responsabilidade social.
Por exemplo, as iniciativas de robótica educacional do Sesi vão além do simples aprendizado técnico. Elas estimulam o trabalho em equipe, a criatividade e a resolução de problemas em contextos reais. Já o Sesc, com seu enfoque cultural e social, complementa essa formação ao oferecer atividades que promovem a inclusão e o acesso à cultura, ao lazer e ao bem-estar.
Valorização dos Profissionais do Sistema S
Nenhum sistema educacional pode prosperar sem a devida valorização de seus profissionais. No Sistema S, essa premissa é especialmente verdadeira, uma vez que o corpo docente e técnico é o coração que sustenta a qualidade dos cursos oferecidos. Professores, instrutores, técnicos e gestores educacionais precisam ser reconhecidos e incentivados para que possam continuar desempenhando seu papel com excelência.
A valorização dos profissionais deve ocorrer em vários níveis. Primeiramente, é necessário que haja investimentos contínuos em sua formação. Incentivos para cursos de especialização, mestrados e doutorados, bem como a participação em conferências e eventos de atualização tecnológica, são fundamentais para garantir que esses profissionais estejam sempre à frente das inovações em suas áreas. O desenvolvimento de programas que promovam essa qualificação acadêmica deve ser uma prioridade institucional, pois é por meio desse aperfeiçoamento que os resultados de ensino serão elevados, contribuindo diretamente para a formação de profissionais mais capacitados.
Outro aspecto da valorização é o reconhecimento do impacto social que esses profissionais têm, especialmente nas áreas mais periféricas e carentes. Um professor de robótica ou IA que atua em uma unidade do Sistema S em uma região distante do centro urbano está, muitas vezes, transformando a realidade de jovens que não teriam acesso a essas tecnologias de outra forma. O reconhecimento desse papel deve vir na forma de incentivos não apenas financeiros, mas também por meio de políticas institucionais que reforcem o valor dessas ações para o desenvolvimento social.
Expansão para as Regiões Periféricas
Um dos grandes desafios para o Sistema S, assim como para o sistema educacional brasileiro em geral, é a ampliação do acesso a cursos e capacitações em regiões mais periféricas e menos favorecidas economicamente. A educação técnica e profissionalizante oferecida pelo Sesi e Senai pode ser um agente poderoso de transformação social em áreas onde as oportunidades são escassas. No entanto, essa expansão precisa ser realizada de forma planejada, com sensibilidade para as realidades locais e o desenvolvimento de infraestrutura adequada.
A gestão eficiente deve incluir estratégias que ampliem o alcance das unidades do Sistema S para essas regiões, garantindo que os jovens das periferias tenham as mesmas oportunidades que aqueles das grandes cidades. Além disso, é fundamental que os gestores estejam atentos às demandas específicas dessas áreas, promovendo cursos e capacitações que dialoguem com as necessidades do mercado local, mas que também preparem os alunos para competir em nível nacional e global.
A sensibilidade social e o compromisso com a inclusão são fundamentais para que o Sistema S possa atingir todo o seu potencial de impacto social.
O Equilíbrio entre Humanas e Exatas: Um Desafio para o Gestor
Outro desafio crucial para os gestores do Sistema S é garantir que a inclusão de novas tecnologias não signifique a diminuição da carga horária das ciências humanas. Apesar da pressão crescente por uma formação técnica mais intensiva, o gestor deve ter a sensibilidade de entender que uma educação integral requer a manutenção de disciplinas que formam o pensamento crítico e a ética dos alunos.
Reduzir a ênfase em matérias como filosofia, história e sociologia seria um erro estratégico. Essas áreas do conhecimento são fundamentais para que os alunos desenvolvam uma visão crítica do mundo e das implicações sociais e éticas do desenvolvimento tecnológico. Um gestor de visão sabe que, para formar profissionais completos, é necessário proporcionar uma educação que vá além da técnica, promovendo também o desenvolvimento das chamadas “soft skills”, como trabalho em equipe, liderança, comunicação e empatia.