Adolescente acusou Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente no evento, de apoiar o movimento comunista. “Bando de excomungados”, gritou

Marco afirmou que Conselho Nacional de Bispos do Brasil apoia movimento comunista, e que, conforme decreto de 1949, estão automaticamente excomungados | Foto: divulgação/ vídeo
Marco afirmou que Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apoia movimento comunista, e que, conforme decreto de 1949, estão automaticamente excomungados | Foto: divulgação/ vídeo

Um seminário sobre reforma política realizado na Pontifícia Universidade Católica de Goiás na última sexta-feira (24/4), terminou em confusão entre Marco Rossi Medeiros, de 17 anos, e outros presentes no evento, entre eles integrantes da CUT, PT, MST e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No local, o jovem chamou os participantes de “excomungados”, além de xingar uma professora da PUC de “vagabunda”. A universidade não soube informar quem é a professora.

“Quem agride é comunista! Professora da ditadura, amante de genocida, defensora das Farc, vagabunda”, disse o jovem. A mulher, por outro lado, chamou o adolescente de “moleque desrespeitoso”. Marco, aluno de Ensino Médio, alegou que foi agredido e que pretende fazer um Boletim de Ocorrência. O jovem ainda sustenta que pretende abrir um processo contra a PUC, caso o bispo ou reitor não se retratem.

Marco divulgou o vídeo da confusão na última terça-feira (28). Durante cerca de três minutos ele explica o motivo de sua interferência no evento, que teve a presença do secretário da CNBB, Daniel Seidel (PT). Logo no início, Marco afirma que o petista foi encarregado de fazer propaganda do projeto de reforma política que, de acordo com ele, faz parte do projeto de poder comunista do PT.

A confusão começou quando Marco questionou a realização do seminário na PUC.  “Como é que uma instituição Católica permite uma bancada formada só de excomungados?”, interferiu o jovem durante exposição do secretário da CNBB. Conforme alegou jovem, o decreto contra o Comunismo de 1949, na época do Papa Pio XII, garante que todo católico que apoiar o movimento seria automaticamente excomungado.

De preto, presidente da CUT, Bia de Lima; ao lado, de branco, secretário da CNBB, Daniel | Foto: divulgação/ Facebook
De preto, presidente da CUT, Bia de Lima; ao lado, de branco, secretário da CNBB, Daniel Seidel | Foto: divulgação/ Facebook

Com o início do bate-boca, não é possível entender com clareza o que é dito pelos outros presentes, a não ser Marco, cujas falas estão legendadas. O jovem acusa o grupo de querer fazer uma revolução armada. “Se quer revolução armada é porque quer matar pessoas. Quer matar fazendeiro, quer matar empresário”, disse.

No vídeo, antes da discussão, o jovem faz uma explicação em que alega que dentro da Igreja Católica existe um grupo de padres e bispos que pretendem subverter a Igreja, transformando-a em uma ferramenta de revolução política a serviço do movimento comunista internacional, que, conforme adolescente, na América Latina é coordenado pelo Foro de São Paulo e pelo Partidos dos Trabalhadores (PT).

Desta forma, Marco afirma que ele e outros católicos devem “confrontar varonilmente” os representantes da CNBB. “Temos que estar preparados para ajudar bispos e padres que, encorajados pela nossa atitude, resolvam se manifestar em defesa da Igreja, demonstrando lealdade a Cristo, e não aos homens; ao Papa, e não à Dilma.”

Ao Jornal Opção Online, Marco garante que seu posicionamento não tem relação com moralismo. “Uma pessoa que não seja católica deve entender minha posição”, sustenta. O adolescente garante que a CNBB está pregando ideologias contrárias ao Catolicismo, e frisa que não é radical, mas sim “católico antes de tudo”.

O jovem, sempre presente nos movimentos contra o governo de Dilma Rousseff (PT) em Goiânia, alega que o problema não foi a reunião ou a discussão, mas sim as propostas que, de acordo com ele, vão de encontro ao que é pregado pela Igreja, sendo divulgadas dentro de uma instituição de ensino católica.

“Divulgo o vídeo para encorajar católicos para se levantarem contra isso”, disse jovem. Para Marco, “o inimigo não é tão forte. “Tanto que sou eu, um garoto menor de idade, discuti com um monte de representante sindicais e não aconteceu nada.”

A PUC-GO informou ao Jornal Opção Online que apenas cedeu espaço para o seminário, e não é responsável pelo ocorrido. A instituição, que sustenta apoiar a discussão sobre reforma política, organizou o evento de dois dias antes, sobre o mesmo tema com a presença da CNBB.

Veja o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=SQGY9-JIuXw&app=desktop