Sem delegados por Goiás, Fabrício Rosa representa estado na 2ª edição da Comigrar
12 novembro 2024 às 10h15
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A 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (Comigrar) foi realizada no último fim de semana, no Campus Darcy Ribeiro, na UNB em Brasília. Sem o envio oficial de delegados goianos, o vereador por Goiânia, Fabrício Rosa, compareceu à conferência junto a uma de suas assessoras, Nyna Koxta, migrante de Guiné Bissau.
O vereador e sua equipe foram os únicos representantes de Goiás no evento, já que o estado não compôs nenhuma delegação. Goiás não realizou conferências municipal em nenhum dos 246 municípios, e também não realizou na etapa estadual.
Ao Jornal Opção, Fabrício classificou a ausência de Goiás de como “vergonhosa e lastimável”. “Goiás não realizou as etapas municipais e estaduais da conferência. Isso significa que os migrantes de Goiás — venezuelanos, haitianos, que são muitos no estado, e as comunidades africanas — não puderam enviar nenhum representante. Alguns vivem aqui há um, dois, dez ou até vinte anos, mas não deixam de ser imigrantes e, mesmo assim, não enviaram nenhum representante justamente porque a Prefeitura de Goiânia não realizou a etapa municipal, e o estado de Goiás também não fez sua parte”, afirmou.
De acordo com o vereador, uma das prioridades do seu mandato é justamente o acolhimento a migrantes. “Sou policial há 25 anos e na polícia eu atuo no combate ao tráfico de pessoas, ao trabalho escravo e à exploração sexual. E, em geral, muitas das vítimas do tráfico de pessoas, da exploração sexual são migrantes. Então eu atuo nessa pauta há muito tempo. Convivendo com migrantes e com as dificuldades dos migrantes”, afirmou.
“A primeira dificuldade de um migrante que chega em Goiás é não ter uma casa de acolhida. Não há uma casa de acolhida para os migrantes. A segunda dificuldade é a língua, pois existem muito poucos cursos de português para migrantes. Até tem algumas iniciativas mas que são muito pequenas da UEG, da UFG, mas que não estão pulverizadas nos bairros. A terceira dificuldade é a documentação. Os migrantes em geral demoram muito para conseguir a documentação brasileira. E há todo um processo na Polícia Federal para conseguir o certificado de registro de migrantes para que a partir daí eles possam conseguir outros documentos CPF, carteira de trabalho”, relatou.
Por fim, para Fabrício outra dificuldade que a população migrante sofre em Goiás é o “preconceito”. “Muitas pessoas acham que o migrante vai roubar o trabalho, o que não é verdade. Nós vivemos o pleno emprego no Brasil. O salário não é bom, mas isso não é culpa dos migrantes. Há pleno emprego. Então há uma série de mitos em relação aos migrantes mas sabemos que são mitos. O que o migrante faz é colaborar com a cultura, com a economia, é trabalhar, colaborar com as religiosidades, com a gastronomia. Então há uma troca”, completou.
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