A Polícia Civil de Goiás (PCGO) concluiu o inquérito que investigou o sequestro e a internação forçada de uma servidora pública de 25 anos, ocorrido em Goiânia no dia 7 de maio de 2025. Entre os seis indiciados estão a mãe da vítima, Eliane de Paula, de 51 anos, e a irmã, Isabela de Paula, de 28.

Câmeras de segurança registraram o momento em que a jovem foi cercada e retirada à força de seu carro, na garagem do prédio onde morava, no Setor Oeste. As imagens mostraram a ação de cinco pessoas, incluindo a própria irmã da vítima, que participaram diretamente do sequestro.

A jovem foi levada de dentro do condomínio para outro veículo estacionado na rua e, em seguida, transportada até o chamado Espaço Terapêutico  , que se apresentava como clínica de recuperação de dependentes químicos. No entanto, conforme apurado pela polícia, o local não tinha autorização legal para funcionar.

Quem são os indiciados

Além de Eliane e Isabela de Paula, a investigação resultou no indiciamento de:

  • Leonardo Carneiro de Abreu Vieira, proprietário da clínica;
  • Christiano Carneiro de Abreu Vieira, irmão de Leonardo;
  • Rosane de Fátima Oliveira, enfermeira do espaço;
  • Andiara Silva da Costa, responsável por auxiliar no transporte dos pacientes.

O grupo foi indiciado por associação criminosa, sequestro, cárcere privado e lesão corporal. No total, a Polícia Civil contabilizou 22 indiciamentos, número correspondente às pessoas que estavam internadas de forma irregular na clínica no momento em que as equipes chegaram ao local.

Segundo o relatório policial, o sequestro foi planejado para impedir que a jovem comparecesse a uma audiência de conciliação agendada para o dia 8 de maio, relacionada a uma disputa judicial pela posse de um imóvel avaliado em aproximadamente R$ 400 mil. A estratégia da família, conforme as investigações, era internar a vítima compulsoriamente para afastá-la do processo e favorecer interesses na ação judicial.

As apurações da PCGO revelaram ainda uma série de irregularidades no funcionamento do Espaço Terapêutico Jandaia. O local não possuía alvará de funcionamento nem psiquiatra responsável, exigência básica estabelecida pelo Conselho Federal de Medicina.

Além disso, a polícia não encontrou laudos psiquiátricos ou exames toxicológicos que justificassem as internações compulsórias. Isso confirma que as admissões dos pacientes ocorriam sem respaldo médico-legal, configurando violação de direitos fundamentais e risco à saúde dos internados.

O relatório final da investigação foi encaminhado ao Ministério Público de Goiás (MPGO), que, diante das provas reunidas, poderá oferecer denúncia formal contra os indiciados. Caso o órgão entenda ser necessária a coleta de novos elementos, o procedimento poderá ser devolvido à Polícia Civil para complementação dos laudos e diligências.

Leia também:

Saiba o que Bolsonaro está avaliando para garantir ou não presença ao julgamento no STF

Duas pessoas são investigadas pela PF por fraudes contra a Previdência Social em Goiás