Secretário de Governo descarta privatização do Imas
16 fevereiro 2022 às 18h32
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Por falta de repasse, contratos de hospitais e instituições de saúde com o Imas estavam parados desde o dia 11 deste mês
A privatização do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas) foi descartada pelo secretário de Governo da Prefeitura de Goiânia, Arthur Bernardes. A meta, segundo ele, é buscar solução para a autosustentabilidade do plano de saúde que atende o funcionalismo público goianiense. A crise no Imas, que vai passar por auditoria, foi discutida durante reunião entre a Secretaria Municipal de Governo (Segov) e o Ministério Público de Goiás (MPGO) nesta quarta-feira, 16.
“Não temos como cravar um número. O que temos é um levantamento inicial, que ainda pode aumentar muito”, alerta Arthur Bernardes. “É prematuro falar, mas já foram encontrados 90 milhões de débitos anteriores”, continuou. Por falta de repasse, contratos de hospitais e instituições de saúde com o Imas estavam parados desde o dia 11 deste mês. O órgão também acumula saldos com prestadores de serviços que ainda não receberam, além dos servidores municipais, embora, segundo Arthur, receba recursos do município. “O que ele recebe não consegue pagar suas dúvidas”, completa o secretario, que defende intervenção para que o órgão tenha capacidade de se sustentar.
A proposta, agora, é encontrar a melhor solução para o Imas. Para isso, Bernardes afirma que há necessidade de dialogar com sindicatos, servidores, Câmara e órgãos de controle. Apesar de garantir que o Imas enfrenta grandes dificuldades, o secretário não pontuou quais são esses problemas durante a coletiva de imprensa. “É cedo para se falar quais são os problemas do instituto. Se encontra muitas dificuldades para encontrar informações, por conta do sistema antigo. Estamos tendo problemas em descobrir até mesmo quem são os nossos credores”, diz o secretário. Segundo ele, atualmente o plano de saúde tem condição de fazer a auditoria. O caminho, nesse caso, seria a terceirização.
Após cinco meses de atraso nos pagamentos, na última sexta-feira, 11, hospitais e instituições de saúde integrantes da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) anunciaram a suspensão gradual do atendimento aos usuários do Imas. De acordo com a Ahpaceg, a medida foi tomada diante de recentes decisões do Imas, como a definição de cotas de pacientes. A associação afirma que a decisão foi unilateral e sem comunicado prévio e caracteriza uma violação do contrato firmado com os prestadores de serviços de saúde.
Além do titular da Segov, estiveram presentes na coletiva o atual presidente do Imas, Jefferson Leite da Silva, e a promotora, Carmen Lúcia. Jefferson substituiu Júnior Café (Brasil 35/Partido da Mulher Brasileira), que foi exonerado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) no dia 4 de fevereiro. No mesmo dia, Jefferson Leite da Silvateria foi nomeado. A publicação do desligamento de Júnior Café foi confirmada no Diário Oficial do Município (DOM) após crise nas clínicas e bancos de sangue particulares. Na terça-feira, 15, Jefferson Leite já teria levado ao atual prefeito de Goiânia as dificuldades mapeadas no Imas e, só assim, Rogério teria tomado conhecimento os problemas do órgão municipal.
O atual gestor teria feito um apanhado crônico do que ocorre no órgão de prestação de serviços a saúde. A questão da alternância dos pagamentos e a cronologia dos pagamentos foram listadas por Jefferson Leite. Além disso, a alta do valor de procedimentos médicos na tabela teria chamado a atenção de Rogerio Cruz. “Ele fez um apanhado rápido no site da Unimed, por exemplo, e identificou lá que uma cessaria está, no entorno, de R$ 700 que a Unimed paga. Na tabela do Imas, está R$ 1.200”, contou Arthur Bernardes. A revisão das tabelas é outra preocupação da atual gestão.