Secretário americano que anunciou aumento de tarifas teve lucro bilionário e vira alvo do STF

28 julho 2025 às 10h11

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O governo dos Estados Unidos confirmou, neste domingo, 28, que vai manter para 1º de agosto o início da cobrança de novas tarifas a parceiros comerciais, incluindo o Brasil. A medida foi anunciada pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, que também controla a corretora BGC Partners e está no centro de uma investigação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista à Fox News, divulgada pela Casa Branca, Howard Lutnick afirmou que “não haverá prorrogação. Em 1º de agosto, as tarifas entrarão em vigor.”
A empresa participou de negociações atípicas no mercado de contratos futuros de dólar em 9 de julho — horas antes de o ex-presidente Donald Trump anunciar a taxação sobre o Brasil. Em 75 minutos, transações somaram R$ 6,6 bilhões, o equivalente a quase 10% do volume diário, segundo denúncia do ICL Notícias. BTG Pactual e Tullet Prebon também são alvos da apuração.
Para a Advocacia-Geral da União, as operações levantam suspeitas de uso de informação privilegiada (insider trading). “O padrão chama atenção: ordens concentradas, com o mesmo participante nos dois lados da operação, antes de um anúncio que movimentou o dólar”, explicou a economista Deborah Magagna.
A denúncia levou parlamentares governistas a anunciarem a intenção de instalar uma CPMI para investigar o caso, após o recesso legislativo. O objetivo é apurar possíveis crimes financeiros e vínculos com o bolsonarismo e o governo Trump.
Apesar da escalada, Lutnick afirmou que Trump mantém disposição para acordos. A tarifa de 50% contra o Brasil deve ser amparada por nova declaração de emergência, já que a balança comercial entre os dois países é superavitária para os EUA — diferentemente de outras nações que enfrentaram medidas semelhantes sob a justificativa de déficits comerciais.
Além disso, Washington abriu investigação contra o Brasil por supostas práticas desleais, citando censura a redes sociais, impactos do Pix e concorrência no setor de etanol.
Senadores democratas reagiram com críticas. Em carta ao governo, nomes como Jeanne Shaheen e Tim Kaine condenaram o que classificam como “abuso de poder” e “tentativa de interferência no sistema jurídico de uma nação soberana”, alertando para o risco de retaliação comercial.
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