O início de 2025 traz alertas sobre a saúde pública em Goiás, especialmente em relação ao aumento de doenças respiratórias, viroses e surtos de doenças gastrointestinais. A superintendente de Vigilância Epidemiológica de Goiás, Flúvia Amorim, destacou em entrevista ao Jornal Opção a necessidade de atenção especial, considerando a alta circulação de vírus respiratórios e infecções alimentares após as festividades de final de ano. “No Natal e Ano Novo, observamos um aumento de casos relacionados a viroses, como diarreia, vômito e gripes intensas. Este período é conhecido por registrar altas dessas doenças devido às condições climáticas e comportamentos sociais típicos da época”, afirmou.

Segundo Flúvia Amorim, desde a pandemia de Covid-19, os padrões epidemiológicos de doenças respiratórias têm apresentado mudanças. Anteriormente, os picos de casos ocorriam entre maio e agosto, períodos mais frios e secos. Contudo, após a pandemia, verificou-se um aumento também no final do ano, influenciado pelas aglomerações e eventos sazonais. “Estamos monitorando principalmente os casos graves que demandam internação. Os dados de dezembro apontam uma predominância do vírus sincicial respiratório, particularmente em crianças menores de dois anos, e casos de influenza. Felizmente, Covid-19 apresentou incidência muito baixa,” detalhou a superintendente.

Diante desse cenário, recomenda-se evitar aglomerações, especialmente para crianças menores de dois anos e pessoas de grupos vulneráveis. A superintendente reiterou o apelo para os pais não exporem seus filhos pequenos a situações de risco, como ambientes fechados e superlotados durante eventos.

Alerta para doenças gastrointestinais pós-festas

Além das doenças respiratórias, as autoridades têm observado surtos de doenças gastrointestinais, causadas pelo consumo inadequado de alimentos durante as festas de fim de ano. De acordo com Flúvia Amorim, fatores como altas temperaturas, alta umidade e manipulação incorreta de alimentos criam condições propícias para a proliferação de bactérias, fungos e vírus. “Entre outubro e novembro de 2024, registramos surtos de doenças diarreicas no nordeste do estado. Embora não tenhamos identificado números fora do padrão neste momento, mantemos o alerta devido às condições climáticas e festividades”, explicou.

Para reduzir os riscos, a população deve adotar práticas de segurança alimentar, como o correto armazenamento e preparo dos alimentos, evitando assim surtos em larga escala.

Números casos de influenza exigem atenção redobrada

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), também divulgou dados sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em 2024, foram registrados 6.869 casos no estado, uma redução em relação a 2023, quando os números chegaram a 8.112. Apesar disso, os óbitos, embora menores, seguem em patamares alarmantes: 668 em 2024, contra 864 no ano anterior. Entre os óbitos mais recentes, destacam-se 100 por influenza e 198 por Covid-19.

A titular da Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Imunização (Suvisa), Cristina Laval, ressaltou que, embora os números tenham melhorado, a cobertura vacinal ainda está aquém do ideal. Apenas 47,45% da população acima de seis meses de idade recebeu a vacina contra influenza em 2024, enquanto a meta é 95%.

Além disso, a vacinação contra Covid-19 enfrenta desafios. Mesmo com mais de 1,1 milhão de pessoas tendo tomado as quatro doses do imunizante, há resistência em completar o esquema vacinal. A vacina, incorporada ao calendário do Programa Nacional de Imunização (PNI), agora é disponibilizada para crianças a partir de seis meses e para grupos específicos, como gestantes, idosos, indígenas e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Cuidados essenciais para minimizar riscos

Para conter o avanço das doenças durante o período crítico, autoridades de saúde enfatizam medidas preventivas. Lavar as mãos regularmente, utilizar álcool gel quando necessário, evitar aglomerações, especialmente se estiver gripado, e utilizar máscara ao apresentar sintomas respiratórios são práticas fundamentais. Cristina Laval reforçou a importância da busca por atendimento médico assim que os sintomas se manifestarem, especialmente para crianças, gestantes, idosos e pessoas com comorbidades.

Desafios no combate à dengue e arboviroses em Goiás

Outra preocupação crescente é a dengue, que apresenta alta incidência no início do ano. O combate ao Aedes aegypti, transmissor também de zika e chikungunya, está no foco da SES-GO. Capacitações para manejo clínico de pacientes e ações preventivas, como a intensificação das visitas domiciliares pelos agentes de saúde, estão em andamento. “O combate, essa preparação, na verdade, começou no ano passado. Além de capacitações com as equipes dos municípios para o controle do vetor, foram feitas várias capacitações para manejo clínico de pacientes, para manejá-los da forma mais correta,” explicou Flúvia Amorim. “Esse ano, a gente já está preparando uma reunião com os novos gestores, porque nós estamos com muitos gestores novos, muitos prefeitos e secretários que acabaram de assumir.”

Flúvia ainda destacou que um dos focos é a intensificação de ações como visitas domiciliares, coleta de resíduos e a preparação de material para orientar os gestores municipais sobre as prioridades no combate às arboviroses. “Controle de resíduos, a coleta de lixo, precisamos retirar esses resíduos para que eles não se tornem criadouros. Isso também foi mandado como alerta no final do ano passado, e estamos retomando em janeiro,” completou.

Ainda assim, a capital, Goiânia, enfrenta desafios adicionais devido à transição recente da gestão municipal. Problemas na coleta de lixo e redução de visitas de campo no final de 2024 podem agravar a proliferação do mosquito na cidade.

“Goiânia nos preocupa porque é uma capital com um grande número de habitantes e problemas em relação à coleta de lixo e unidades de saúde. Houve inclusive uma reunião entre a Secretaria Estadual de Saúde e o prefeito Sandro Mabel para alinhar estratégias e trabalhar em conjunto nessa questão,” explicou Flúvia Amorim.

Leia também:

Bolsonaro, Caiado e Marçal reagem à candidatura de Gusttavo Lima para presidente

Leandro Vilela garante R$ 29 milhões do Ministério da Saúde para investimento em Aparecida