Goiás cria fórum para acompanhar os impactos do tarifaço de Trump na saúde

27 julho 2025 às 11h34

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Goiás criou um fórum para acompanhar o impacto, principalmente na saúde, da guerra tarifária entre o Brasil e os Estados Unidos. Chamado de Fórum Permanente dos Setores Público e Privado, foi criado pela Secretaria de Estado de Saúde. A preocupação é com a possibilidade de reciprocidade tarifária, que segundo a pasta causaria um aumento de custos de mais de US$ 3 bilhões de dólares anualmente.
O Fórum foi determinado em reunião com o secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, e representantes do setor, no sábado, 26. Este deve seguir os moldes do comitê criado durante a pandemia de Covid-19.
Para o secretário, o governador Ronaldo Caiado tem trabalhado para tentar manter o setor de saúde fora do imbróglio tarifário. Em reunião com empresários, o governador chegou a dizer que haverá um diálogo com autoridades norte-americanas na tentativa de isentar esse segmento, englobando insumos de saúde, das tarifas. “É um gesto humanitário. Não é possível a inclusão da área de medicamentos, que são fundamentais para a vida das pessoas, e também de peças de aparelhos que são da indústria americana”, disse na ocasião.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que as medidas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto. O cenário econômico do Brasil vai depender de algumas variáveis como as soluções propostas pelas empresas e da reação do governo. Segundo Rasível, o impacto estimado com gastos em saúde pública, ou seja, para o Sistema Único de Saúde (SUS), é de US$ 1,6 bilhão de dólares. Já para o setor privado é de US$ 1,65 bilhão de dólares.
Goiás já extrapola os gastos da vinculação constitucional. “No ano passado, a gente fechou em 14,31%, sendo que o mínimo constitucional é de 12%. Então é mais de 20% do valor inicial que a gente poderia estar gastando”, explicou o secretário. Em 2025, cinco hospitais deixaram de funcionar no Estado. O secretário expressou preocupação sobre a possibilidade das tarifas inviabilizem a manutenção de unidades de saúde privadas, o que sobrecarregaria a rede pública. Segundo ele, há cerca de 10 hospitais privados que podem se inviabilizar financeiramente ou fechar.
“Quando fecha um hospital privado, acaba trazendo sobrecarga para o SUS […] Isso traz pressão para os nossos hospitais e nos nossos serviços”, disse Rasível.
Uma das principais preocupações é com o custo de manutenção dos equipamentos, insumos e medicamentos que atendem a alta complexidade, de acordo com a pasta. A maioria deles são adquiridos principalmente com fornecedores norte-americanos, segundo o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Renato Daher. Ele disse que o impacto pode acontecer em aparelhos de ressonância magnética, tomógrafos, equipamentos de hemodinâmica, que dependem de peças e insumos importados.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego), Marcelo Reis, medicamento de alto custo como os oncológicos e para doenças raras possuem patente norte-americana. “Não se faz substituição de maneira simples”, explicou ele.
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