Rompimento unilateral de contrato com cirurgiões vasculares aumenta risco de desassistência na Santa Casa de Goiânia
29 setembro 2021 às 10h33

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Em nota publicada nesta terça-feira, 28, a entidade diz que vê com surpresa a decisão do hospital e classifica ainda como arbitrária e injustificada

A Cooperativa Médica dos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares de Goiás (Coopvasc) informou por meio de nota, o rompimento “unilateral” de contrato da Santa Casa de Goiânia com a cooperativa. A entidade vê com surpresa a decisão e classifica ainda como arbitrária e injustificada, e que isso deixa um “vácuo de desassistência” aos pacientes. O documento foi publicado nesta terça-feira, 28.
O médico e presidente da Coopvasc, Daniel Alexandrino, em entrevista ao Jornal Opção explicou que o serviço de cirurgia vascular da Santa Casa tem mais de 30 anos de existência e que, até 2019, seis cirurgiões vasculares integravam a equipe. Com a chegada da cooperativa, a Santa Casa passou a ter 22 profissionais.
“Quando a cooperativa entrou houve uma melhoria na prestação de serviço. Hoje, tem mais de 1.500 guias autorizadas de procedimentos e consultas de pacientes, que aguardam para fazer cirurgia vascular. Estávamos seguindo o contrato e não chegou nenhum comunicado prévio ou mesmo negociação e de forma súbita foi emitida uma notificação judicial por parte da diretoria executiva rompendo o contrato que tinha sido renovado de forma espontânea. Estamos aguardando qual será a postura, porque é um prejuízo muito grande para a sociedade e principalmente para os pacientes”, afirma.
De acordo com a cooperativa, no dia 8 de setembro a diretoria da Santa Casa decidiu romper o contrato com a Coopvasc sem justificativas ou motivos explicitados.
“Em um comparativo em relação a outros hospitais, a Santa Casa é de fato o pilar hoje no estado de Goiás, para atender toda a abrangência de cirurgias vasculares, então, todo tipo de procedimento vascular se faz”, destacou Daniel.
Impactos nos atendimentos aos pacientes
O médico e presidente da Coopvasc reforça que o cenário é preocupante. “Sem dúvidas vai impactar de uma forma muito grande para os colegas que ficam sem o local de trabalho e muito mais para os pacientes. Hoje a gente cresceu o serviço realizando 300 dopplers por mês, isso é um volume muito considerável. Antes de entrar na Santa Casa, o fluxo de atendimento era entorno de 17 pacientes por ano. E quando a gente chegou esse volume saltou para 180 atendimentos por ano. O prejuízo é muito grande”, avalia Daniel Alexandrino.
No que tange a equipe médica, o presidente da entidade diz que foi uma surpresa. “A maior preocupação da cooperativa e de todos os colegas médicos é em relação a assistência. Hoje, os hospitais encaminham um volume muito grande de pacientes para a Santa Casa. Esperamos que essa situação possa ser revertida e o serviço possa ser reativado”, disse.
Na nota divulgada pela entidade é informado aos pacientes que tem consultas, cirurgias, procedimentos e exames que, a partir do dia 8 de outubro, não mais responderá pela demanda de cirurgia vascular até que novas tratativas sejam propostas.
A Santa Casa de Goiânia se manifestou sobre o assunto por meio de nota, reforçando que não houve rompimento unilateral do contrato firmado entre o hospital e a Cooperativa Médica dos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares do Estado de Goiás (Coopvasc). Veja a íntegra:
Nota de Esclarecimento
A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia esclarece que não houve rompimento unilateral do contrato firmado entre o hospital e a Cooperativa Médica dos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares do Estado de Goiás (Coopvasc). Ao contrário da divulgação feita pela Coopvasc em suas redes sociais nesta terça-feira, 28, o que foi comunicado à cooperativa pela Santa Casa foi a não renovação automática descrita no contrato, que vence em 30/09/2021.
Diante da aproximação deste prazo de vencimento e na incerteza de verbas orçamentárias para o custeio do referido contrato, a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia notificou a Coopvasc sobre essa não renovação automática neste momento.
Em reunião hoje, 28, entre a Coopvasc e a superintendência geral da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia foi acertada a continuidade do trabalho da cooperativa no hospital até 08/10/2021, quando será feita outra reunião para avaliar a possibilidade de assinatura de um novo contrato.
O hospital lamenta a distorção dos fatos e segue trabalhando para que a assistência à população não seja afetada.