O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Goiânia passa por uma grave crise operacional. De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO), Néia Vieira, nos últimos dias, apenas três ambulâncias do SAMU circulam na capital.

“Ontem tinhamos apenas três viaturas circulando. Embora eles tenham afastado o Secretário, nenhuma medida foi adotada pra recuperar o SAMU. A informação que nós temos é que o Ministério da Saúde disponibiliza quatro ambulâncias pra serem mandadas pra Goiânia, só que o Samu teve uma auditoria que detectou várias não conformidades entre elas”, disse ao Jornal Opção.

De acordo com Néia, para suprir a demanda de atendimento na capital, seriam necessárias, em média, 17 ambulâncias. “Em média seria necessário umas 17 ambulâncias, que era mais ou menos o que havia aqui em Goiânia em funcionamento. Depois dessa crise toda, o SAMU estava funcionando com cerca de cinco ambulâncias, duas USA, que são unidades de suporte avançado, e três USBs que são as de suporte básico. Só de agora recentemente a informação que nós temos é que nem essas cinco estão funcionando mais, só três ambulâncias funcionando”, continua.

Outro problema citado pela presidente do Sindsaúde são os médicos que, segundo ela, não tiveram seus contratos renovados com a prefeitura de Goiânia e, por conta disso, estão em falta para o atendimento no serviço.

Na última segunda-feira, 8, o pré-candidato a prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil) se reuniu com médicos que atuam no SAMU. No encontro, os profissionais relataram que o serviço de emergência está um “caos”. De acordo com o presidente da Associação dos Servidores da Urgência e Emergência Públicos Privados de Goiás (ASES), Judson Kennedy, nenhuma ambulância do Samu em Goiânia está circulando com médicos. “Há apenas três rodando e que estão funcionando com enfermeiros”, disse.

“O caso é muito sério e não dá para esperar até o início de 2025 para resolver. Estamos falando de vidas. Se não for feito algo urgente, o Samu será completamente destruído antes do fim do ano. Por isso, me propus a ir até o Ministério Público e também buscar auxílio junto ao governador Ronaldo Caiado”, disse Mabel.

Afastamento do Secretário de Saúde

Ao longo do último mês estourou escândalo envolvendo a SMS e o Samu, que acabou levando ao afastamento de 90 dias do então chefe da pasta, Wilson Pollara. Servidores denunciavam tentativa de privatização do Samu e superfaturamento na compra de itens para o Serviço. O Tribunal de Contas do Município (TCM) havia suspendido uma licitação para contratação de ítens para o Samu no intuito de intensificar o combate à dengue. O Tribunal encontrou irregularidades ligadas à natureza das contratações e suspendeu o texto. Entretanto, a pasta reenviou um projeto quase idêntico pouco tempo depois, o que levou à recomendação do afastamento de Pollara.

Desde então, servidores do Samu entraram em greve protestando contra a tentativa de privatização do serviço público e do sucateamento das condições de trabalho da categoria. Atualmente, Quesede Henrique está no comando da pasta de forma interina até o fim do afastamento de 90 dias de Pollara.

Ao Jornal Opção, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia afirmou apenas que “o Samu passa por reestruturação”.

Leia também:

Situação do Samu Goiânia se deteriora e capital conta apenas com cinco ambulâncias em circulação

Trabalhadores do Samu de Goiânia decidem por greve após proposta de privatização do serviço