Por Thauany Melo e Ysabella Portela

Apesar do pouco espaço no Estado, a política de esquerda possui nomes já conhecidos no cenário goiano

O Estado de Goiás é tradicionalmente conservador e essa cultura é vista de forma evidente no resultado eleitoral. Nas últimas eleições majoritárias, dentre as 17 cadeiras na Câmara dos Deputados, houve apenas dois eleitos por partidos de esquerda, os deputados federais Rubens Otoni (PT) e Elias Vaz (PSB). Para este ano, a quantidade de pré-candidatos do espectro de direita ainda é maior, todavia, a esquerda chega com destaque, sobretudo pela missão de palanque para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à presidência da República.

Dentre os principais nomes, Otoni e Vaz, são os que mais se destacam, visto que irão buscar sua reeleição e já possuem uma boa estrutura para começar suas campanhas em agosto. Em 2018, Rubens Otoni foi o 10º mais bem votado, com mais de 83 mil votos, seguido por Elias Vaz, ocupando a 13ª posição com quase 75 mil votos. O PT traz importantes nomes além de Otoni e a expectativa é de, ao menos, dobrar a quantidade de cadeiras na Câmara dos Deputados com a presença da delegada Adriana Accorsi (PT) e o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás, professor Edward Madureira (PT).

Otoni é deputado federal há 20 anos e atua em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da saúde. Accorsi está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Eleita em 2014 com 43.424 votos e em 2018 com 39.283 votos, a deputada foi convidada por Lula para tentar uma vaga em Brasília. Com base eleitoral em Goiânia e filha de Darci Accorsi, ex-prefeito da cidade, tem como principais bandeiras a defesa dos direitos das mulheres e o combate à violência. Já Edward, apesar de nunca ter sido eleito, teve um ótimo resultado nas eleições de 2014, quando se candidatou a deputado federal, recebendo 58.865 votos. Sua principal bandeira será a educação pública gratuita e de qualidade.

O PSB pode se orgulhar da atuação do deputado Elias Vaz. Ele foi o autor de diversas denúncias sobre gastos do governo federal, como as próteses penianas, a compra de viagra e alimentos luxuosos. Tende a ser bem votado.

O PCdoB deve definir o conjunto de candidaturas no dia 9 de julho. No entanto, nomes do partido já trabalham suas pré-campanhas. Um deles é o atual presidente do partido em Goiânia, Professor Railton Nascimento, que tem como principais pautas a defesa da educação e dos trabalhadores. O pré-candidato, que é conhecido pela liderança sindical no estado, é presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) de Goiás, presidente do Sindicato dos Professores de Goiás (Sinpro), compôs a Coordenação do Fórum Goiano em defesa dos direitos dos trabalhadores, da democracia e soberania, além de ser membro do Conselho Estadual de Educação de Goiás.

Também pelo PCdoB, Dr. Antônio Teles direciona sua atuação para a área da saúde pública, com foco no fortalecimento do SUS. Médico oncologista, o pré-candidato atua nas redes municipal e estadual há mais de 30 anos. Além disso, Teles participou do grande debate da Constituinte de 88, reiterando princípios concernentes à saúde.

Parte do movimento militante, também há o Psol, que carrega nomes conhecidos pelos goianos, como o de Mariana Lopes, que já disputou o cargo de vereadora em 2020 e alcançou 1614 votos. A pré-candidata é doutora em história social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), técnica-administrativa em educação na Universidade Federal de Goiás (UFG) e ex-dirigente da Fasubra – Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico- Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil. Além do ecossocialismo, ela carrega as bandeiras do direito das mulheres e da democratização dos serviços de saúde, educação e cultura.

Também muito conhecido, Marco Aurélio de Oliveira soma nos nomes do Psol e representa o movimento da diversidade sexual e racial. Segundo o pré-candidato, ele foi o primeiro postulante a vereador assumidamente homosseual do centro-oeste, pioneiro na construção da 1ª Organização de Direitos dos Homossexuais da região e, além de atuar em diversas organizações e associações relacionadas ao assunto, participou da coordenação das seis primeiras Paradas do Orgulho LGBTQIA+ de Goiânia. 

De Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, Karina Marques de Sousa, também do Psol, pretende defender os direitos humanos e a lei de emergência cultural, com o foco na educação alinhada à cultura. Segundo a pré-candidata, ela está engajada com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), coletivos e os setores que atuem na promoção de uma “nova política”.

Pelo PCB, o estudante de História do IFG, professor da rede privada de Aparecida de Goiânia e diretor de assistência estudantil da União Estadual dos Estudantes de Goiás, Arthur Ramos, defende a bandeira da juventude. Segundo o pré-candidato, nos últimos anos houve uma série de ataques aos jovens trabalhadores no que diz respeito às reformas do ensino médio, trabalhista e da previdência, com isso foi retirada a possibilidade de emprego decentes e aposentadoria para os jovens. As suas agendas incluem: trabalho e terra para a juventude trabalhadora; revogação de “contrarreformas” e da PEC 95; redução da jornada de trabalho para 30h semanais; construção de um plano emergencial de criação de emprego no país; fim da violência policial contra a juventude negra e educação pública gratuita, laica, de qualidade e popular.