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Marizete Nascimento, contadora aposentada da Universidade Federal da Bahia, tem 77 anos. Mas quem a conhece sugere que parece ter 37 anos. Tal sua energia e seu grau de inquietude. Presidente da Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia, a funcionária pública decidiu, com a cara e a coragem, que Salvador precisava ter uma escola de forró, praticamente uma universidade… totalmente gratuita.

Então, verdadeira força da natureza, Marizete Nascimento vai inaugurar na segunda-feira, 14, no Pelourinho, a Casa do Forró. De acordo com Aléxia Sousa, da “Folha de S. Paulo”, será “a primeira escola pública de forró tradicional, ou pé-de-serra, em Salvador”.

“Esse forró de cara com cara, barriga com barriga está ameaçado de desaparecer, mas a gente tá de olho, fazendo ações para preservar essa cultura”. Afirma Marizete Nascimento, espécie de “Rainha do Forró” na Bahia.

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Casa do Forró, no Pelourinho, na Bahia | Foto: Arquivo de Marizete Nascimento

Quem quiser aprender a tocar sanfona (que é quase um piano), zabumba, triângulo e pandeiro não deve perder tempo. É só se inscrever na Casa do Forró — a rigor, uma Faculdade de Forró. Mas leia o alerta: a primeira turma de 32 alunos já está completa (16 para acordeom e 156 para percussão). Agora, é preciso esperar novas turmas.

A Rainha do Forró relatou: “Teve tanta gente interessada que a gente vai priorizar quem já tem alguma iniciação, que tem instrumento e quer se aperfeiçoar”.

As aulas são gratuitas. Mas os alunos, se quiserem, podem contribuir com 30 reais mensais. Para manter o espaço funcionando. Marizete Nascimento diz que menos de 15% dos associados paga. Então, ela retira dinheiro da própria conta bancará para cobrir as despesas. “Hoje, minha aposentadoria é para fazer o que eu quiser. E o que eu quero é isso aqui.” Ela aprecia o verbo “forrozar”.

A Casa do Forró, diz Marizete Nascimento, “não é só um lugar onde tem forró. Aqui é onde se pensa política pública para o forró. Onde a gente age para ele não morrer”. É o oxigênio do forró.

Alia-se o prazer, tocar e dançar forró, ao prático: os músicos, “formados”, podem conseguir emprego.