Sagrada para os católicos, conheça a relíquia do cardeal Van Thuan, em Goiânia até março
15 janeiro 2024 às 16h59
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A relíquia do cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan estará em Goiânia até março. Na última semana, a Pastoral Carcerária levou o objeto sagrado ao Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na primeira visita ao lugar em 2024.
Van Thuan passou 13 anos como prisioneiro, sendo 9 deles em completo isolamento sob o regime do governo do Vietnã na época. Sua relíquia trata-se de um pedaço da roupa do religioso, que está envolta em uma estrutura de madeira confeccionada por presidiários de Florianópolis e de São Paulo no final do ano passado.
Em conversa com o Jornal Opção, o diácono Ramon Curado, da Pastoral Carcerária, explicou que a relíquia representa um símbolo de força para os católicos, para se inspirarem no dia a dia.
“A relíquia sempre é um aproximar-se, um contato com algo daquela pessoa que teve uma vida de santidade, próxima a Deus. Da mesma maneira, a pessoa que tem santidade em vida, transmite para nós aquela força, a relíquia também”, explica.
Depois de março, a relíquia vai percorrer outras pastorais carcerárias pelo Brasil, segundo o diácono.
Van Thuan
François X. Nguyen Van Thaun nasceu no dia 17 de abril de 1928, em Huê, no Vietnã. De família católica, sua principal inspiração era sua mãe, que ensinava frequentemente histórias da Bíblia e narrava testemunhos dos mártires.
Em 1975, depois de ser nomeado arcebispo coadjutor de Saigon, que hoje é Ho Chi Minh, ele foi preso e passou os 13 anos em cárcere. “Foram nove anos em um cubículo sem ver a luz do sol, depois mais quatro em um sistema que poderia ver mais a luz. Ele manteve a fé e o que o sustentava era a mãe dele, que conseguia levar um pouquinho de vinho e farelo de hóstia, como se fosse remédio
Tornou-se amigo dos carcereiros, construiu um crucifixo para si, celebrou a eucaristia secretamente e deixou um legado literário com três livros. “O que mais incomodava o governo é porque frequentemente tinha que trocar os vigilantes, porque só de contato com ele as pessoas se convertiam”, destaca Ramon.
Em 1994, deixou o Vietnã e foi morar no Vaticano. Quatro anos depois, em 1998, passou a presidir o Pontifício Conselho Justiça e Paz, da Santa Sé. “Quando ele saiu da prisão, o mundo era outro, já tinha passado pelo governo quatro presidentes ditadores e o papa também já tinha mudado. Ele não sabia, já que estava preso, isolado do mundo”, conta o diácono.
Após uma vida marcada por virtude e luminosidade, o cardeal Van Thuan faleceu em setembro de 2002, vítima de câncer. Em 2007, o então papa Bento XVI iniciou o seu processo de beatificação. O diácono Ramon disse que não é possível determinar quando será finalizado, mas um passo importante já foi, ser nomeado venerável.
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