Nascido em Novo Gama, Distrito Federal, o GCM Romário Policarpo, de 37 anos, se mudou para Goiânia ainda criança, estabelecendo-se na capital e tornando-se depois um dos políticos mais proeminentes da cidade. Ainda aos 17 anos, Policarpo foi aprovado em um concurso da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia (GCM), mas assumiu o cargo aos 20. Ele é formado em Gestão de Segurança Pública, foi presidente Sindicato dos Trabalhadores do Município de Goiânia (SindiGoiânia) e da Associação dos Servidores da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia (ASGMG). Foi eleito vereador de Goiânia pela primeira vez em 2016, com quase 3,2 mil votos, e em 2018 chegou à presidência da Casa, posto que ocupa até hoje, estando à frente do terceiro mandato (com a possibilidade de, se reeleito vereador, pleitear o quarto mandato).

Nesta entrevista, Romário Policarpo traça uma visão sobre os feitos da Câmara e do cenário político, incluindo os rumos que seu partido, o PRD, toma nas eleições deste ano – que passa pelo distanciamento da legenda da gestão de Rogério Cruz e aproximação com Sandro Mabel; de sua amizade com Adriana Accorsi, adversária de Mabel; e dos atritos entre a Câmara e o Paço Municipal, aos quais ele se referiu como perfeitamente “naturais”.

Ton Paulo – Até pouco tempo, o PRD estava junto com o Rogério Cruz. Hoje, o PRD está junto com o Sandro Mabel. Como foi essa guinada e qual é a sua posição hoje em relação ao prefeito Rogério Cruz?

Em relação ao prefeito Rogério e ao PRD, existe uma parceria administrativa, ela não deixará de existir. Nós fizemos parte da base do prefeito desde o início da gestão. Óbvio que alguns momentos são um pouco mais turbulentos do que outros, até porque nunca escondi aquelas coisas que me incomodavam e sempre deixei isso muito claro. Agora, a parceria política, eu faço parte de um grupo que hoje é liderado pelo presidente da Assembleia, Bruno Peixoto. Esse grupo caminha com o governador Ronaldo Caiado.

Houve a escolha do governador pelo candidato Sandro Mabel. Nessa conversa, anteriormente, já havia sido dito a todos os atores da política que nós acompanharíamos a escolha do governador, e assim o fizemos. Então, existe ali uma parceria administrativa que irá continuar. A intenção do partido do PRD nunca foi de atrapalhar gestão nenhuma. É um partido que trabalha com construção, não trabalha atrapalhando gestões. Fomos parceiros de Iris Rezende, somos parceiros de Rogério e com certeza iremos ajudar a Goiânia nos próximos governos que por ventura entrarem para administrar a cidade.

Fabrício Vera – Presidente, o senhor está no seu terceiro mandato à frente da Câmara Municipal. Uma decisão da Justiça abre a possibilidade de o senhor concorrer a um quarto mandato. O senhor pretende cumprir esse quarto mandato caso vença as eleições?

Na verdade, o projeto precisa ser avaliado pelo plenário, não é para dar direito a nenhum outro mandato. É uma decisão judicial que a Câmara precisa cumprir e colocar dentro do ordenamento jurídico da Casa. Sobre disputar outro mandato, eu prefiro primeiro me concentrar em ganhar as eleições municipais. Acho que não dá pra você discutir isso com uma distância tão grande assim quanto é entre os próximos seis meses. Meu pensamento nesse momento é me preocupar com o meu mandato, preocupar em ganhar as eleições, pra posteriorizar isso, discutir qualquer outra coisa.

E nada será feito sem a consulta desses líderes hoje que fazem parte do grupo, que é o governador Ronaldo Caiado, que é também o presidente da Assembleia, Bruno Peixoto.

Romário Policarpo. Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Ton Paulo – Durante algum tempo, circularam informações de atritos entre a Câmara e o Paço Municipal. Como exatamente foram essas turbulências?

As turbulências elas são normais em todo processo. Elas existem não só na Prefeitura de Goiânia, mas também em outras prefeituras e governos do estado, no próprio governo federal. As divergências são naturais e fazem parte do processo você concordar e discordar. Posso dizer por mim, meu perfil sempre foi esse, desde o primeiro dia de mandato, sempre agi da mesma forma. Aquilo que me incomodava eu fazia questão de expressar e tentar achar uma solução para resolver o problema. Foi assim com o Iris, foi assim com o Rogério e eu devo permanecer da mesma forma, independente de quem seja o novo prefeito da cidade.

Em relação ao Legislativo, a Câmara de Goiânia, na minha opinião, foi muito heterogênea. Muita gente diferente, com um pensamento diferente. Talvez isso criasse mais atrito do que em outros momentos que a Câmara Municipal viveu a sua relação com a Prefeitura. O meu questionamento das turbulências, que eu acho que foram corrigidas, que eu sempre sentia que a cidade parecia ter diversas pessoas tomando decisões. Já disse isso publicamente várias vezes.

Em algum momento eu irei disputar a Prefeitura de Goiânia, apesar de já ter assumido a cidade por alguns dias, ter chegado a esse posto, mas como servidor público e político da capital

Mas sinto que, pelo menos de um ano pra cá, o prefeito Rogério tomou as rédeas das decisões e as decisões hoje são centralizadas nele. Então fica mais fácil de você saber quem de fato está tomando as decisões, se são acertadas ou não. Posterior a essa tomada de decisões, ter sido centralizado no prefeito Rogério, eu sinto que essa crise, esses atritos, eles diminuíram consideravelmente.

Ton Paulo – Essas críticas que o senhor mencionou, em relação à gestão do prefeito, foram os causadores do fim do GAP [Grupo de Apoio ao Prefeito]?

O GAP foi criado na ideia do presidente do meu partido, Jorcelino Braga. Foi criado para auxiliar o prefeito Rogério Cruz a tomar algumas medidas que nós entendíamos naquele momento que eram necessárias para a cidade. O GAP fez algumas orientações à época e o presidente Jorcelino Braga entendeu que, posterior a essas orientações, caberia ao prefeito decidir ou não tomar essas decisões. O prefeito entendeu, naquele momento, que as decisões não eram as corretas que ele gostaria e aí por isso o grupo foi desfeito, porque não fazia mais sentido reuniões onde aquilo que era falado não era executado.

Italo Wolff – O senhor esteve próximo do prefeito, depois houve um distanciamento, como é a sua relação com o Rogério Cruz hoje? O senhor disse que existe uma parceria administrativa, mas existe essa comunicação?

Eu não me distanciei do prefeito Rogério Cruz. O prefeito Rogério é um bom amigo que eu tenho, falo com ele quase que diariamente, trato assuntos da Prefeitura com ele quase que diariamente, dou orientações que muitas são ouvidas, outras ele entende que não, como ele também dá as suas opiniões sobre aquilo que, como algumas questões, onde o Legislativo deve entrar ou não. Então, existe uma parceria administrativa, existe uma amizade pessoal, existe um respeito, e sempre foi assim que eu toquei a minha vida.

Ton Paulo – O grupo do senhor decidiu caminhar com Sandro Mabel, candidato do governo, mas o senhor, em pessoa, sempre teve uma muito boa relação com a candidata do PT, que é a Adriana Accorsi. Essa decisão de caminhar com o Sandro Mabel foi uma decisão do grupo todo do qual o senhor fez parte? Ou, se dependesse do senhor, o apoio poderia ter migrado para a Adriana Accorsi?

Bom, primeiro que isso foi cogitado pela imprensa, não foi cogitado por mim. A Adriana é uma amiga também pessoal, eu tenho uma ligação muito próxima com a Adriana, porque ela esteve presente em um momento muito importante da instituição Guarda Civil Metropolitana. Ela é a responsável pelo início da reestruturação da Guarda Civil Metropolitana. Então nós tivemos ali um convívio por mais de dois ou três anos em que ela estava à frente da minha categoria.

Temos muitos amigos em comum, temos uma proximidade, apesar de nunca ter sido dos quadros do PT, mas temos uma proximidade muito grande com membros da Executiva, inclusive nacional, do partido, e respeito o partido como uma grande potência nacional. Mas as nossas ideias, os nossos ideais, a nossa forma de fazer política talvez, às vezes, não se encaixem.

Romário Policarpo. Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Ton Paulo – Vocês chegaram a conversar diretamente sobre a possibilidade de uma aliança?

Sempre é conversado. O Partido dos Trabalhadores sempre tratou o PRD e a mim também com muito respeito. Isso sempre foi conversado, mas eu sempre deixei muito claro que eu tinha um compromisso com o governador Ronaldo Caiado. Esse compromisso foi feito depois das eleições do governo. Eu disse a ele que caminharia com ele naquilo que decidisse para Goiânia, porque acreditava que a melhor decisão sairia das mãos dele. Então, apesar de conversas e tudo, da nossa parte nunca houve nada diferente. Isso inclusive foi dito para a Adriana, isso foi dito para a [professora e ex-deputada] Neyde, isso foi dito a membros do partido, a Kátia, que é minha amiga, que eu caminharia, sim, com o governador e isso desde sempre foi falado, não só a eles, como a todos os outros que nos procuravam.

Fabrício Vera – Nesses últimos meses, o senhor foi cotado como possível vice. Agora que esse período passou, quais partidos te procuraram até a sua escolha de concorrer novamente a vereador?

É complicado a gente falar de quem me procurou. Eu prefiro permanecer sem dizer isso, até para não colocar aqui dizendo que neguei o convite de alguém. Não, meu nome foi lembrado, principalmente pela imprensa, por diversos momentos. Existiram conversas, mas eu entendi que não era o momento ainda adequado para isso.

Desejo, obviamente, em algum momento, disputar alguma eleição majoritária, mas eu sinto que ainda não é o momento. Posso aguardar mais um pouco pra isso. A gente fica lisonjeado pela lembrança, principalmente da imprensa, principalmente da cidade, dos atores políticos da cidade que sempre mencionavam o meu nome em diversas chapas, mas eu sempre deixei essa discussão um pouco distante, porque não me sentia confortável nesse momento em fazer ela, como não me sentia há quatro anos atrás. Na época o partido PRD chamava Patriota, a vice era do nosso partido, meu nome foi o indicado e eu preferi novamente disputar a eleição para vereador.

Acho que o meu caminho político não passa nesse momento ainda por disputar uma eleição majoritária.

Italo Wolff – No futuro o senhor tem esse desejo de concorrer ao Executivo?

Com certeza, isso em algum momento vai acontecer, mas depende da vontade popular. Fico feliz inclusive por ter sido lembrado em muitas pesquisas com o candidato a prefeito, mesmo nunca tendo falado. Inclusive espontâneas. Cheguei a pontuar, inclusive, até mais de 4, 5 pontos em algumas pesquisas estimuladas aí que tinha na mão. Não me recordo de outro vereador que tenha tido essa lembrança pra disputa da prefeitura.

Então, talvez em algum futuro isso ocorra sim, é um desejo que eu tenho.

Fabrício Vera – Presidente, o senhor falou que é um pouco distante o senhor buscar essa eleição majoritária, ao Executivo, mas também pesa um sonho para buscar o Legislativo nacional, estadual. Em qual o senhor se vê mais nesse futuro distante?

Eu tenho um objetivo, sou servidor público de carreira, apesar de não ter nascido em Goiânia, mas escolhi Goiânia para ser a minha cidade. Estou aqui desde meus um ano e seis meses, aqui em Goiânia. E como servidor público da capital, eu desejo alcançar o maior posto da cidade, que é a prefeitura.

Em algum momento eu irei disputar a Prefeitura de Goiânia, apesar de já ter assumido a cidade por alguns dias, ter chegado a esse posto, mas como servidor público e político da capital. Em algum momento sim, o meu trabalho, o meu desejo maior é para que em algum momento eu chegue com viabilidade para disputar a prefeitura.

Pode ser daqui a quatro anos, pode ser daqui a oito, e isso aí cabe à população e a Deus saber o momento certo.

Acho pouco provável que a próxima gestão, independente de quem seja o prefeito, independente de que tenha continuidade no prefeito atual que está, tenha recursos suficientes para trabalhar da forma que a Prefeitura executa hoje

Ton Paulo – O PRD fez parte do GAP e sempre esteve muito presente na gestão do Rogério Cruz, e hoje está com Mabel. O senhor sente que houve um certo ressentimento por parte do prefeito quando ele viu que a sigla não continuaria com ele? Refletiu em algum tipo de represália?

Não. O prefeito Rogério Cruz tem dentro de suas qualidades de ser muito educado e ser muito transparente. São qualidades, inclusive, que eu admiro, como eu também tenho. Tudo foi se desenhando, foi sendo dialogado.

Eu não posso responder uma questão que é pessoal dele, se há ou não, ressentimento. O que eu posso dizer é que a forma de trato do prefeito Rogério Cruz sempre foi muito respeitosa comigo. Ele cumpriu seus compromissos que tinham comigo. Eu também cumpri os compromissos que tinha com ele. E ele sabe que a política, em alguns momentos, ela vai para lados, às vezes, que não são aqueles que a gente gostaria, mas que a gente tem que entender.

Sempre foi, como disse, transparente. Dialoguei com ele várias vezes. O próprio PRD também dialogou com ele várias vezes. Mas, desde o início, esse acordo que existia comigo, com o governador Ronaldo Caiado e com o presidente da Assembleia, Bruno Peixoto, foi colocado na mesa. Eu sempre disse que ficaria ao lado de Bruno e também que ficaria com o candidato do governo.

Ton Paulo – Rogério fez parte desse acordo?

Quando o GAP se iniciou, eu fiz questão de avisar que precisaria do aval do governador para que o partido ficasse lá. Então, esse aval era do governador, porque eu tinha dado a minha palavra ao governador dois anos antes.

Ton Paulo – O senhor tem uma relação próxima com o presidente da Assembleia, Bruno Peixoto, e integra o grupo dele, a quem coube a indicação da vice de Sandro Mabel. Qual foi o seu nível de participação na escolha da vice, a Cláudia Lira? E como é que o senhor avalia essa escolha?

A minha relação com o Bruno não é política, ela é pessoal. O Bruno é meu amigo pessoal, sou amigo da família. Talvez hoje a pessoa que mais tenha me ajudado administrativamente dentro da Câmara Municipal é o irmão do deputado, que hoje foi vereador e hoje não é mais candidato, o Wellington Peixoto. Então não existe uma relação política. Acho que a minha relação com o presidente da Assembleia é muito mais pessoal do que política.

Coube a Deus nos colocar em lugares tão oportunos, com ele presidente da Assembleia, e eu, presidente da Câmara, no mesmo momento. Então a nossa parceria é de amizade e é pessoal.

Coube ao grupo a escolha da tenente-coronel Cláudia, coube ao Bruno essa escolha, era uma escolha pessoal dele, e a gente deixou ele à vontade, junto do candidato também, o Sandro Mabel, porque a vice também tem uma questão pessoal. Ela é a vice do Sandro, então também teria que haver ali um conforto do Sandro em fazer essa escolha. Ela foi escolhida pelo currículo que ela tem de dedicação profissional à segurança pública, em especial aqui na cidade de Goiânia. Era um desejo do Sandro ter alguém que tivesse experiência administrativa, e aí não podemos entrar na parte política, até porque, de fato, ela nunca foi política, mas ele tem uma experiência administrativa para que ela possa ser útil também dentro da cidade de Goiânia.

A coronel Cláudia foi escolhida a dedo pelo presidente da Assembleia, Bruno Peixoto. O fato também que ela escolheu o Avante como seu partido, que é o partido hoje do vereador Thialu Ghiotti, que é presidente estadual desse partido e também compunha esse grupo feito pelo presidente da Assembleia. Então, foram alguns fatores que chegaram ao nome dela.

Italo Wolff – Três anos e meio de gestão de Rogério Cruz, faltam seis meses [para o fim do mandato] e ainda há pautas importantes para serem analisadas pelo plenário da Câmara e aprovadas. Como está a discussão com o Paço Municipal para aprovar essas pautas antes do final do mandato?

Acho que em relação ao Centraliza, a Prefeitura tem interesse em aprová-lo, até porque é um legado que o governo deixará. O Centraliza não será executado mais nessa administração, será feito na próxima. Existem vedações eleitorais, que, como existem benefícios fiscais dentro do programa, ele não pode ser votado em período eleitoral, ele deve ficar para após as eleições. É uma recomendação, inclusive, que a Câmara deu aos vereadores.

Eu nunca fiz política em cima do muro. A minha atuação será total com o candidato Sandro Mabel

A Prefeitura deseja aprovar sim. Existe diálogo, mas eles entendem que o período eleitoral agora limita um pouco uma discussão tão ampla como a do Centraliza.

Fabrício Vera – O que nós temos ainda para ser aprovado e como estão os trabalhos da Câmara, tendo em vista as eleições?

As sessões estão sendo abertas normalmente. É óbvio que no período eleitoral você diminui um pouco a participação de vários membros. Nós temos também hoje a opção de sessões híbridas. Mas nós entendemos que matérias como o Centraliza têm que ser votadas de forma presencial. Então, a gente vai deixar aí essas matérias um pouco mais polêmicas para serem votadas após as eleições. Matérias polêmicas não, mas que dependem de um amplo debate, de uma ampla participação dos vereadores na casa.

As matérias têm sido votadas, têm sido apreciadas, mas é óbvio que em período eleitoral você diminui um pouco, não só na Câmara, como também na Assembleia, a diminuição da participação dos membros.

Italo Wolff – Pode fazer um balanço do seu período na presidência da Câmara Municipal? É possível falar em um legado que o senhor deixa, uma marca da sua administração?

Eu acho que muitas marcas foram deixadas na história. Nós fomos a gestão que mais devolveu recursos ao Tesouro Municipal. Foram quase 63 milhões de reais devolvidos ao Tesouro. Nós fizemos parte, inclusive, de obras importantes como o Hospital das Clínicas, que teve as suas UTIs construídas na época do Covid, com dinheiro devolvido à época para o prefeito, que foi uma parceria feita com a Universidade Federal de Goiás.

Nós tivemos também a grata satisfação de modernizar toda a parte estrutural da Câmara Municipal, que era uma dificuldade muito grande para a população ter acesso, ao que existia ali dentro da casa. Nós refizemos a TV Câmara, reformamos os auditórios, colocamos hoje a possibilidade de, ao mesmo tempo, a Câmara Municipal transmitir não só as sessões plenárias, como também as sessões de homenagem e as audiências públicas, todas ao mesmo tempo.

Nós temos condição hoje de ter quatro transmissões simultâneas, então tudo aquilo hoje que é feito na Câmara é transmitido 24 horas por dia e de forma on-line, ao vivo. Isso é um marco, deixa uma transparência na Câmara Municipal. Tivemos a oportunidade de implementar o primeiro emprego, que é o programa Jovem Aprendiz, que também foi copiado pela Prefeitura de Goiânia. A Câmara Municipal teve o prazer de colocar quase 2 mil adolescentes e jovens no seu primeiro emprego. Isso é um projeto também que a Câmara também deixou.

Deixamos o legado do Parlamento Jovem, que foi copiado inclusive pela Assembleia Legislativa, foi copiado por outras câmaras municipais. E tomamos uma decisão um pouco dura, mas tivemos que tomar, que foi de não construir também a nova sede. Nós entendemos que a nova sede custaria mais de 100 milhões de reais aos cofres públicos. Não é momento, numa crise nessa que nós vivemos, de uma construção tão grande. Ao invés disso, optamos por uma construção mais simples, que também será um legado, de mais um piso na Câmara Municipal, que custou pouco mais de 6 milhões. Então a gente ainda entende que nós conseguimos entregar uma nova estrutura da Câmara economizando quase 90 milhões de reais aos cofres públicos.

Nós entendemos que a construção, que seria ao lado da Assembleia, seria muito cara, que não havia necessidade dessa construção e com apenas 6 milhões você resolveria um problema que economizaria mais de 90 milhões aos cofres públicos.

Romário Policarpo. Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Também a aprovação do Plano Diretor e das 14 leis complementares que foram aprovadas. Nunca nenhuma gestão da Câmara aprovou tantas leis complementares como essa gestão agora. Nós modificamos praticamente todo o ordenamento jurídico da cidade, inclusive elogiado pelos empresários da cidade. E estive reunido com vários que vislumbraram novamente em Goiânia a possibilidade de novos investimentos aqui na capital.

Ton Paulo – E esse novo piso da Câmara está previsto para ser concluído quando?

Até o final do ano será entregue.

Ton Paulo – Alguns projetos aprovados pela Câmara repercutiram muito, foram até polêmicos. Um deles, de autoria do Paço, foi o do empréstimo de mais de 700 milhões. Foi um momento oportuno para a aprovação dele?

É natural que várias cidades peguem empréstimo no decorrer dos seus mandatos. Goiânia, na verdade, era uma que tinha um empréstimo que eu particularmente fui contra o seu cancelamento à época, isso eu deixei muito claro, porque eu sabia que em algum momento precisaria fazer um novo empréstimo, porque no momento de crise você não abre mão de um monte de recursos.

Dizer que o momento é inoportuno eu não posso dizer, porque é uma decisão que não foi só minha, foi uma decisão que foi tomada por todos os vereadores. Os vereadores colocaram, apreciaram, votaram. Eu entendo que a próxima gestão precisará de recursos porque o que se apresenta no futuro muito próximo é uma queda, inclusive, de impostos que entravam para a cidade. Por exemplo, a diminuição da redistribuição dos ICMSs aos municípios impacta diretamente Goiânia. Então, é óbvio que aquele município que tem uma estrutura saudável para contrair empréstimos, eles irão fazer.

Vejo como natural, quem administra sabe onde é que te aperta. Acho que não só Goiânia, como diversas outras cidades, dia após dia, dão entradas em pedidos de empréstimo. Agora você tem que ter equilíbrio, que foi o que a Câmara cobrou, sobre onde esse dinheiro será gasto. Enquanto a Prefeitura de Goiânia não mostrou e não carimbou o dinheiro para onde que seria investido, eu não pautei o projeto. O projeto só foi pautado depois que foi devidamente colocado onde seria feito o investimento.

Eu acho que a população muitas vezes nem entendeu o que de fato estava acontecendo nessas trocas dos vereadores que ocorreram, não só em Goiânia, mas no Brasil inteiro. Houve uma fiscalização maior da cota de gênero feminino nessas eleições, algo que há muito tempo era cobrado

O primeiro empréstimo que chega à Câmara Municipal é o empréstimo solto, que não detalhava como seria feito o investimento na cidade. Diferente do empréstimo que a Câmara aprovou em 2019, quando então o prefeituriza Iris Rezende enviou um projeto onde colocava as obras que seriam feitas. Nós esperamos a Prefeitura mandar todas as obras que seriam feitas, inclusive com o nome das ruas que seriam asfaltadas, para que esse empréstimo fosse aprovado.

Ton Paulo – E foi uma tramitação marcada por várias decisões judiciais. O senhor acha que houve intervenções demais do Judiciário nisso?

Não acredito que tenha tido. É natural. A Justiça é um dos três poderes, é uma parte também que a sociedade recorre quando entende que algo está equivocado. Vejo isso como natural. Acho que não é a primeira vez, não será a última. A Câmara, se ela pretende ser de participação popular, como nós pregamos, ela tem que estar sujeita a todos os tipos de decisão e respeitar as decisões que chegam até ela.

Fabrício Vera – O senhor disse que nos próximos mandatos, os próximos prefeitos de Goiânia deverão ser mais controlados [na questão financeira] por conta de questões de arrecadações dentro do préstimo. A próxima gestão será de maior austeridade em comparação às anteriores?

Será uma gestão complicada. Os números que a própria Prefeitura solta, que a própria Secretaria de Finanças solta, são de que talvez tenha déficit ao final do ano. Então isso mostra que algumas coisas precisam ser mudadas. A correção dos caminhos do poder público são diárias, as mudanças são diárias.

Inclusive, o novo Pacto Federativo dos Estados, que o governador Ronaldo Caiado, inclusive, brigou nacionalmente para que nunca ocorresse da forma que foi, e que prejudicou frontalmente tanto municípios quanto Estados, [fez com que] hoje, Estados e municípios fiquem de pires na mão para o governo federal, para que os recursos que antes eram obrigatórios agora venham. Deram muita discricionariedade ao governo federal para onde esses recursos serão redistribuídos. Isso, óbvio, que preocupa qualquer prefeito que venha a assumir Goiânia.

A cada dia que passa, o poder Executivo precisa se reinventar na forma de administrar. E acho pouco provável que a próxima gestão, independente de quem seja o prefeito, independente de que tenha continuidade no prefeito atual que está, tenha recursos suficientes para trabalhar da forma que a Prefeitura executa hoje.

Então, cortes severos terão de ser feitos para que a Prefeitura se adeque à nova realidade financeira, que não só Goiás é vivo, mas o país.

Italo Wolff – O senhor vê algum espaço para cortar gastos? Alguma área que o senhor acredite que é possível economizar?

Sempre existe espaço para corte de gastos. Sempre existe espaço para que você tenha prioridades na gestão. O que você precisa ter são prioridades. Você precisa priorizar principalmente educação e saúde e, óbvio, tentar cortar em outras áreas. Eu não estou aqui para falar quem está certo ou quem está errado, mas o fato é que talvez fosse mais importante você priorizar algumas obras em detrimento das outras para que essas obras fossem entregues.

Talvez seja isso que o próximo gestor tenha que fazer. A manutenção da cidade e priorizar aquilo que será feito do início ao fim, para que você tenha fluxo de caixa. Talvez iniciar várias obras ao mesmo tempo não seja a solução do problema financeiro de Goiânia no próximo mandato.

Ton Paulo – Voltando à política, o senhor, enquanto presidente da Câmara, vai estar no palanque junto a Sandro Mabel? Ou será um apoio mais discreto?

Eu nunca fiz política em cima do muro. A minha atuação será total com o candidato Sandro Mabel. Ele sabe disso, conversa comigo diariamente, ouve opiniões, muitas delas, inclusive, executa. Então a minha participação será de corpo e alma, como sempre fiz e como sempre farei. Obviamente respeitando os outros candidatos também, mas se o partido entrou, com certeza eu também entrarei.

Ton Paulo – Segundo turno, caso haja, quem que deve estar, na sua avaliação?

Espero que o Sandro [esteja]. Não vou apostar em outros candidatos, eu tenho que apostar no meu. Independente de quem for o candidato, nós estaremos no segundo turno e venceremos as eleições.

Ton Paulo – E o que o senhor acha que vai ser o voto definidor, que vai levar o candidato para o segundo turno? O que vai puxar mais o eleitor nessas eleições desse ano?

Eu sinto que o eleitor está muito preocupado com o andamento administrativo da cidade. Então, óbvio que ele busca um gestor. Mas ele também entende que é necessário o conhecimento político para administrar essa cidade. Nós não podemos, em pleno ano de 2024, em pleno ano de 2025, fazer apostas em Goiânia. E é isso que é o sentimento do eleitor hoje. A escolha do Sandro passou por isso.

É um político experiente, mas que também é um grande administrador. Prova disso, as suas empresas e a sua vida pessoal, que é de sucesso. Mas existe, e sempre vou falar sobre isso, um fator para nós determinante, que é a presença do governador Ronaldo Caiado nas eleições. O governador tem mais de 80% de aprovação em Goiânia. A cidade, pela primeira vez na sua história, tem um alinhamento com o governo estadual. Goiânia, historicamente, sempre elegeu prefeitos antagonistas aos seus governadores.

Lá atrás, quando Iris e Maguito eram governadores, os prefeitos foram do PT e do PMDB. Posterior a isso, houve uma inversão. Quando o governo Marconi Perillo assume, os prefeitos continuam sendo do PT e do MDB, então inverte ali a escala na Prefeitura. E pela primeira vez, as pesquisas indicam que Goiânia seguirá aquilo, ao que tudo indica, que é o caminho que o governador também segue. Isso é fruto do trabalho que ele tem feito no nosso estado, principalmente em prol da segurança pública, que Goiânia melhorou bastante.

Então nós entendemos que o grande divisor de águas também dessa eleição será a participação efetiva do governador do Estado.

Italo Wolff – O PRD é um partido jovem, fusão entre o PTB e Patriota, que já existiam. Como tem sido esse primeiro ano do partido, quais foram as principais dificuldades?

O partido é novo, pela fusão, mas é um partido, como você mesmo disse, que tem origens antigas. Ele foi vindo de fusões que foram acontecendo no decorrer do tempo. Mas é um partido que tem no seu corpo estrutural nacional um goiano, que é o Jorcelino Braga. Ele que tem dado suporte aqui no nosso Estado. Temos a felicidade também de ter a presidente estadual Magda Mofatto, que é uma grande parlamentar e que também tem estruturado não só Goiânia, como também tem estruturado cidades do interior, principalmente disputa de eleição. É um partido que cresce a cada dia.

Hoje, salvo engano, somos o quarto partido com mais filiados no Estado e o terceiro partido com mais filiados no Brasil. Isso, óbvio, também é motivo das fusões que o partido vem tendo e também do trabalho que tem sido feito, não só em Goiânia, como no decorrer do Estado. A Magda, desde que assumiu o partido também, abriu diversos diretórios, abriu diversas frentes e conseguiu montar chapa competitiva nas principais cidades aqui do nosso Estado, e esse crescimento é natural.

É um partido onde você tem acesso desde o municipal, estadual ao nacional, e isso facilita muito o diálogo, facilita muito que os recursos que o partido pode ajudar as candidaturas cheguem até os seus candidatos.

Fabrício Vera – O senhor está satisfeito hoje com o PRD?

Muito satisfeito. Muitas pessoas me perguntam por que eu não saio do partido, e a resposta é muito simples: é um partido democrático, um partido que dá liberdade aos seus filiados de tomarem as suas decisões. É um partido que deixa aquele que tem o mandato, que é detentor do mandato, tomar as suas decisões. Você nunca ouvirá falar no PRD que algum presidente municipal, ou presidente estadual, ou presidente nacional entrou em contato com algum filiado, detentor de mandato, para cobrar algum tipo de votação.

Então isso me deixa com muita liberdade de trabalhar dentro do partido e, em especial, Aqui em Goiás. Eu tenho o Jorcelino Braga talvez como uma das grandes figuras da minha vida pública. O fato de o Braga ser filiado ao partido, o fato dele ser o secretário-geral nacional do partido e essa liberdade de escolha que o partido me dá faz com que eu continue no PRD ainda por muito tempo.

Ton Paulo – O senhor disse que não pensa agora em eleição à presidência da Câmara. Mas circulam informações de que o MDB, pela força que terá, poderá pleitear a presidência. Se isso realmente acontecer, há uma possibilidade de o senhor apoiar algum dos nomes do MDB para a presidência ou o senhor deve colocar o seu de novo à disposição?

Volto a dizer, a discussão agora é prematura. O MDB sempre foi um parceiro. O presidente estadual é meu amigo pessoal, Daniel Vilela. Os vereadores do MDB, inclusive, hoje, atuais na Câmara, são grandes quadros para serem presidentes da casa. Mas isso depende de muitas variáveis. Não dá para a gente dizer isso agora.

A indicação de espaços políticos [na Prefeitura] é natural na política desde que a política existe […]. Terceirizar responsabilidades não é algo que me parece plausível nesse momento. As decisões são tomadas por um corpo só

O MDB terá a maior bancada da Câmara Municipal em 2025, eu não tenho dúvida alguma sobre isso. Até pela chapa competitiva que o presidente municipal, que é, inclusive, uma pessoa que eu tenho muito apreço, que é o Agenor Mariano, montou. Uma chapa extremamente competitiva, uma chapa talvez que seja a que terá mais votos em Goiânia, tenho quase que convicção disso. E é natural um partido do tamanho do MDB pleitear todos os espaços possíveis. Talvez seja o maior partido em Goiânia.

Votaria em qualquer pessoa que esteja dentro da base aliada do governador Ronaldo Caiado. Não tem um problema nenhum quanto a isso. Acho apenas que é muito cedo você discutir uma presidência de Câmara sem nem saber quem serão os 37 vereadores eleitos. Isso depende de quem serão os vereadores eleitos, de quem será o prefeito eleito, e de como serão as conversas posteriores à eleição.

Ton Paulo – Como é que está a chapa de vereadores do PRD?

Chapa completa. Nós acreditamos na eleição de três ou quatro vereadores. Trabalhamos com esses grupos. Pode ter surpresas negativas ou surpresas positivas. Nós vamos viver uma eleição diferente nesse momento, com menos candidatos. Talvez nos últimos 30 anos, essa seja a eleição com menos candidatos disputando. Até porque diminuiu a quantidade de partidos, diminuiu a quantidade de candidatos que podem ser lançados. Nós temos hoje pouco mais de 600 candidatos que se inscreveram para as eleições.

Na última eleição nós tivemos mais de mil candidatos e nessa pouco mais de 600. A tendência, inclusive, é que nas próximas eleições ainda mais ainda se diminua os candidatos. Então é um processo diferente.

Ton Paulo – Uma coisa que chamou atenção durante sua gestão, mas não tem relação direta com ela, foi a rotatividade na Câmara. Foram muitos vereadores que caíram, outros que iam pro lugar, ficavam um mês, voltavam a cair, o outro retornava. Como é que o senhor avalia isso?

Romário Policarpo. Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Eu acho que a população muitas vezes nem entendeu o que de fato estava acontecendo nessas trocas dos vereadores que ocorreram, não só em Goiânia: na verdade, isso ocorreu no Brasil inteiro. Houve uma fiscalização maior da cota de gênero feminino nessas eleições, algo que há muito tempo era cobrado. Posso dizer, por exemplo, que o meu partido sempre se preocupou com a questão, e inclusive nas eleições passadas nós fomos penalizados por isso, porque como uma mulher na época havia desistido da candidatura, nós tivemos que retirar alguns candidatos. Faltaram cento e poucos votos para que a gente fizesse uma terceira cadeira.

Então existe uma regra, o jogo político ele tem uma regra, todos eles conhecem a regra e ela precisa ser cumprida. Eu não estou aqui para dizer que decisão judicial foi certa, foi errada, foi equivocada ou não. O fato é que existe uma regra que o meu partido sempre respeitou e continuará respeitando. E isso faz com que os dirigentes partidários tomem mais cuidado na hora das suas montagens das chapas.

Até acho que a penalidade às vezes deveria cair sobre os dirigentes partidários, não sobre os candidatos. Porque o meu entendimento é que aquele candidato que no momento do ato registra sua chapa, vê que existe a quantidade de mulheres, existe a proporcionalidade ali dentro, ele não consegue dimensionar durante o processo eleitoral da campanha dele quem de fato é ou não é candidato de verdade. Talvez essa seja a única observação que eu faço sobre esse critério da lei.

Talvez o partido ficar impedido de disputar as próximas eleições caso fraude a cota de gênero seja um caminho a se seguir, porque nós tivemos alguns vereadores que foram penalizados com isso, que não tiveram acesso ao restante das outras campanhas, estavam acompanhando as suas. Isso cabe muito mais ao dirigente partidário do que ao candidato. Mas existe uma regra, a regra foi cumprida, a Justiça entendeu que era necessário, então isso tem que se respeitar.

Acredito e novamente afirmo que a sociedade talvez nem tenha entendido bem qual foi o motivo da cassação desses parlamentares, mas era parte da regra do processo eleitoral.

Fabrício vera – Como avalia o caminho do PRD nesse pleito, na forma de construir chapa?

Olha, nós sempre construímos chapas participativas. O partido sempre escolhe os seus candidatos de pessoas que têm afinidade, que participam do dia a dia do PRD. Se vocês repararem o nosso partido, por exemplo, eu, Cabo Senna, Marquinhos Goyá, enfim, deve ter ali uns 12 candidatos que estão sempre no PRD e estão sempre disputando eleições pelo partido.

A forma nossa de escolha é da participação de todos. Todos os membros ajudam na montagem de chapa. Posterior à eleição, participam dos governos que o PRD participa, então por isso a gente sempre tem uma facilidade maior em montar a gente chapa, porque já existe uma afinidade entre aqueles ali que disputam o voto dentro do nosso partido. A gente traz pessoas novas, mas existe ali um corpo que sempre está presente no partido há algum tempo.

Ton Paulo – Como ficou a relação do Jorcelino Braga com Rogério Cruz após a saída do GAP?

Eu sou o terceiro de boa fé nessa pergunta. É uma pergunta que tem que ser feita a um dos dois, né? Acho que é uma relação boa.

Ton Paulo – Mas houve um rompimento oficial com o fim do GAP, ou não?

Não, não. Os dois são adultos. Os dois têm as suas ideias de como agir. Os dois conversaram algumas vezes posterior a isso. Não gosto de dizer que houve um rompimento, ou que nem houve um alinhamento posterior, porque, de fato, eu não tenho essa informação.

Italo Wolff – Alguns avaliam que muitas das dificuldades do Rogério Cruz, muitas das turbulências que aconteceram no governo dele são atribuídas à ocupação de cargos da Prefeitura por indicados da Câmara. O senhor acredita nisso também, ou discorda dessa ideia?

Discordo, porque isso é terceirizar responsabilidade. A indicação de espaços políticos é natural na política desde que a política existe. Isso é natural. Essa mesma ocupação de espaço aconteceu em outras gestões. Terceirizar responsabilidades não é algo que me parece plausível nesse momento. As decisões, elas são tomadas por um corpo só.

E aí, volta lá no começo da entrevista, quando eu disse que o prefeito precisava tomar as decisões e puxar elas pra si mesmo, que foi algo que ele fez. Essa questão de que as indicações atrapalharam a Prefeitura, houve indicações em todos os governos, existe indicação dos deputados no governo de Ronaldo Caiado, e o governo é hoje o mais bem avaliado da história, talvez, aqui do nosso Estado.

As pessoas, na Câmara Municipal, que são indicadas por outros vereadores em cargos de administração, são de responsabilidade minha, ainda que seja de outro vereador. Se eles errarem, quem errou foi a administração da Câmara. Então, não cabe também a mim terceirizar a responsabilidade das indicações dos outros vereadores. Eu posso aceitar e posso não aceitar. É um nome final quem escolhe sou eu.

Aquilo que não me agrada eu tenho o direito de negar e de recusar como fiz e como vou continuar fazendo. Isso também serve para a Prefeitura de Goiânia.

Ton Paulo – Não é segredo para ninguém que o senhor é um vilanovense. Recentemente, o clube recebeu o Selo de Clube Formador, diante da CBF. Qual foi sua participação nisso?

Bom, na verdade foi motivo de muito orgulho pra nós. Sou diretor do Vila, apesar de estar licenciado, faço parte da diretoria. Nós tivemos uma participação decisiva em relação à Prefeitura de Goiânia, porque diversas certidões o Vila Nova nunca teve, e era necessário que essas certidões municipais pudessem ser feitas. Isso possibilitou que o Vila pudesse receber recursos da Fifa, que é aquela participação que você vê de atletas que foram formados no clube.

Hoje, o atleta, a partir do primeiro dia que ele entra dentro do Vila Nova, ele já é cadastrado no sistema da Fifa. E se esse atleta, depois de 20 anos, for vendido, ainda terá um recurso que será retornado para o Vila como clube formador desse atleta por esse período que ele passou ali dentro.

O clube se reestruturou em diversas frentes e uma delas foi nessa preocupação em ter as certidões municipais aptas para que o clube pudesse ser formador. Se não me engano, talvez o Vila Nova tenha sido o primeiro clube goiano a ter o selo de formador. É uma política pública porque hoje, no Vila Nova, nós temos morando, dentro do nosso CT, crianças e jovens, talvez centenas de crianças e jovens hoje, que moram dentro do Vila Nova. Nós atendemos quase mil crianças e adolescentes também, de forma gratuita, com uniforme, com material, com alimentação. E agora a gente está tentando implementar também o transporte.

São jovens, na verdade, que a única coisa que nós cobramos deles são a participação escolar. Nós cobramos que esses jovens estejam matriculados, que tenham boas notas para que eles possam continuar treinando dentro do Vila Nova. Mas isso não é um trabalho que só o Vila Nova faz. Tem que ressaltar aqui que os outros clubes também fazem. O Goiás também faz com muito brilhantismo, o Atlético também faz com muito brilhantismo. E é a parte do futebol que precisa ser dita, que precisa ser falada.

O futebol tem que gerar muito recurso, ele também tem uma parte social muito importante para a cidade de Goiânia. Nós temos uma parceria muito grande com a Prefeitura na formação principalmente de caráter desses jovens que estão dentro do Vila Nova hoje.

Ton Paulo – Sobre a questão da proibição das torcidas organizadas, como o senhor avalia?

Primeiro, ressaltar que as torcidas organizadas são parte importante do futebol. Existem marginais infiltrados dentro de todas as torcidas, como existem marginais infiltrados em todos os segmentos que existem na sociedade. O futebol não fica longe disso. Eu acho que nós temos uma falência do futebol goiano quando nós deixamos de ter o espetáculo para duas torcidas.

O Vila Nova já, por diversas vezes, solicitou e eu inclusive fiz coro a isso, de que voltemos a ter duas torcidas dentro do estádio. Nós não podemos afastar o público de uma diversão tão grande quanto é o futebol. Hoje não é permitido que os times da capital façam os clássicos com duas torcidas, é apenas torcida única. O único clube que concorda com o retorno disso é o Vila Nova. A própria Secretaria de Segurança Pública já disse que é possível fazer a segurança, que aceita o retorno de duas torcidas.

Eu acho que a população muitas vezes nem entendeu o que de fato estava acontecendo nessas trocas dos vereadores que ocorreram, não só em Goiânia, mas no Brasil inteiro. Houve uma fiscalização maior da cota de gênero feminino nessas eleições, algo que há muito tempo era cobrado

É uma decisão, inclusive, do Vila Nova que no próximo ano, na hora de assinar o compromisso de participação no campeonato goiano, nós respeitaremos o TAC que existe contra o Goiás, mas contra o Atlético nós não iremos mais aceitar que o torcedor do Vila Nova não participe do estádio, como também iremos receber o torcedor atleticano. Então, Vila Nova só assinará a intenção de disputa do Campeonato Goiano caso essa cláusula seja retirada.

Nós passamos por isso na final do Campeonato Goiano, quando eu acho que foi uma perda para a cidade de Goiânia, depois de tantos anos uma final entre Vila Nova e Atlético não ser disputada com duas torcidas. Eu sou da época que a gente ia para o Serra Dourada com 30 mil pessoas nos clássicos. E hoje a gente está reduzindo um grande espetáculo que é o futebol para pouco mais de 7 ou 8 mil pessoas.

Eu respeito aquilo que a segurança pública diz, em especial a Polícia Militar do nosso estado. Polícia Militar já falou que é possível sim.

Volto a dizer: as brigas ocorrem fora dos estádios e são pessoas que utilizam da camisa de organizadas para fazer delitos. As torcidas organizadas hoje são todas cadastradas pela Polícia Militar. Para adentrar em um estádio, precisam apresentar sua documentação, então não há briga de torcidas organizadas. As torcidas organizadas, inclusive hoje, realmente são extremamente organizadas, expulsando aqueles membros que são infiltrados dentro de suas torcidas que desejam atrapalhar o espetáculo.

A própria Secretaria de Segurança Pública já disse que é possível, e eu confio naquilo que eles falam.