Após vereador Santana Gomes (PRTB) detalhar denúncias relacionados ao recapeamento asfáltico gerido pela Seinfra, prefeito diz que tomou a decisão de suspender os contratos para averiguar irregularidades e dar transparência

Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz | Foto: Divulgação

O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) determinou a suspensão pelo prazo de até 120 dias dos contratos para prestação de serviços de reconstrução e recuperação do pavimento asfáltico de diversas vias da capital, inclusive de pagamentos de quaisquer valores relativos aos contratos em vigência, para apuração de possíveis irregularidades nos serviços prestados.

D acordo com o prefeito, a medida é uma resposta à criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI), proposta pelo vereador Santana Gomes (PRTB) para investigar os contratos. “Tudo é baseado na CEI. Chegou a mim a informação que ele detalhou essa questão [denúncias] e por transparência eu tomei essa decisão. O dinheiro é publico, é do povo, e toda transparência deve ser dada”, disse o prefeito em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 31.

O decreto do prefeito determina que todos os processos relativos às contratações e respectivas execuções de serviços de reconstrução asfáltica a partir de 2017 sejam auditados pela Controladoria Geral do Município.

A denúncia

Em entrevista ao Jornal Opção, o vereador Santana Gomes afirmou que a necessidade de investigar o contrato com a empresa responsável pela reconstrução do asfalto na capital surgiu após receber denúncias que demonstram “desvios de conduta”.

“Tenho recebido denúncias, até de próprio servidor da Seinfra, de que o asfalto CBUQ [Concreto Betuminoso Usinado a Quente] que deveria ser de 6/ 6,5 cm está sendo feito de 2cm. Isso geraria um lucro 40% maior para a empresa”, pontua.

Santana afirma que, diante das denúncias que recebeu, a empresa teria reduzido em cerca de 60% a qualidade do asfalto mas continua recebendo 100% do valor contratado.

“Por isso eu pedi à secretaria os documentos necessários para mandar para uma auditoria. A Câmara me autorizou a fazer a contratação desses técnicos porque eu percebi que essa situação precisa realmente de um trabalho aprofundado. E, acima de tudo, a CEI pode fazer quebra de contrato. Se descobrirmos alguma ilegalidade poderemos quebrar esse contrato e a prefeitura não terá prejuízo nenhum. Nossa preocupação maior é que é um contrato muito vultuoso e com várias denúncias”, pondera.

Outro ponto levantado pelo vereador é com relação ao direcionamento de quais ruas que devem receber a nova capa asfáltica. Segundo ele, a distribuição não tem sido feita da maneira mais proveitosa.

“A licitação foi feita por ruas, na minha visão a contratação não pode ser assim. E se você chegar lá e a rua ‘x ‘estiver boa? Me deram o exemplo da Avenida Castelo Branco que foi recapeada, mas engenheiros me disseram que a estrutura dela aguentaria mais 10 anos enquanto outras avenidas precisam muito mais de recapeamento em Goiânia”.

Após as denúncias feitas pelo vereador, a Seinfra emitiu nota onde afirmou que as obras são objeto de fiscalização interna da secretaria, acompanhada pela controladoria do município, pela Controladoria Geral da União (CGU), pela Caixa Econômica Federal e por auditoria externa feita por empresas especializadas. “

Disse ainda que os servidores não temem qualquer tipo de investigação relacionada às atividades e que respeitam o trabalho e as prerrogativas dos vereadores e da Câmara Municipal. “Mas exigem respeito à honra, integridade, honestidade e lisura no cumprimento de suas funções”, completou o comunicado.