Em 2024, Goiás foi palco de uma série de manifestações culturais que reforçaram a importância da arte e da cultura na formação da identidade local. A agenda cultural do estado se mostrou mais diversificada e inclusiva, unindo diferentes gerações e expressões artísticas em um ano marcado pela intensidade de suas atividades. A arte, mais do que nunca, esteve presente nos espaços públicos e privados, promovendo intercâmbios de experiências e fomentando novas formas de ocupação do território.

A diversidade de linguagens artísticas e a aproximação de públicos diferentes se destacaram ao longo do ano, criando um ambiente fértil para o surgimento de novas iniciativas. A música, a moda, o teatro e as artes visuais ocuparam o centro do palco, não apenas como forma de entretenimento, mas também como agentes de transformação social e cultural, criando conexões e diálogos entre as mais variadas manifestações.

Neste contexto, diversos eventos culturais marcaram o ano de 2024, celebrando a criatividade e a diversidade de Goiás. Ao longo desta matéria, vamos destacar as iniciativas que movimentaram o cenário cultural do estado, com destaque para aquelas que trouxeram novas propostas e reafirmaram o papel da cultura como pilar fundamental da sociedade goiana.

Casa Valenta

Ao longo de 2024, a Casa Valenta, localizada no Jardim Atlântico em Goiânia, consolidou-se como um dos principais centros de formação e capacitação para artistas independentes da região. Por meio do Projeto Casa Valenta, a Agência Valenta Arte Urbana ofereceu uma série de oficinas e atividades culturais gratuitas, realizadas aos sábados, com o objetivo de promover o acesso à arte e à cultura de forma democrática e inclusiva. Com o apoio da Lei Paulo Gustavo e a operacionalização da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás, o projeto teve a participação de artistas de diferentes partes do Brasil e se configurou como um espaço de fomento à arte independente, ao empreendedorismo cultural e à formação técnica.

A proposta da Casa Valenta é dividir sua programação em três trilhas formativas, que atendem a diferentes segmentos da cena artística e cultural. A trilha Onça Pintada engloba oficinas de arte urbana, artes visuais e produção cultural, além de ações de intervenções em via pública. Já a trilha Sussuarana se concentra na economia criativa, abordando estratégias para o fortalecimento de iniciativas culturais e o planejamento de projetos. Por fim, a trilha Jaguatirica oferece cursos de introdução ao audiovisual, proporcionando aos participantes uma base sólida para a criação de conteúdo audiovisual de baixo custo. As oficinas foram pensadas para contemplar uma variedade de temas, que atendem às necessidades dos artistas que buscam aprimorar suas habilidades técnicas e expandir sua rede de contatos profissionais.

A programação de 2024 começou com a realização de oficinas voltadas para a capacitação de artistas independentes. Em 29 de junho, a produtora Taiana Martins conduziu uma oficina sobre como elaborar projetos culturais, com o objetivo de ensinar aos participantes as melhores práticas para elaborar propostas que possam ser submetidas aos diversos editais de cultura disponíveis. A oficina focou em aspectos práticos como estruturação do projeto, arquivamento de documentos e dicas para aumentar as chances de aprovação. A experiência de Taiana, com mais de 10 anos de atuação em editais culturais, foi um grande diferencial, trazendo conhecimentos valiosos sobre o processo de seleção e financiamento de projetos culturais.

Em 6 de julho, o artista visual Marcelo Maróstica ministrou uma oficina de colagens e lambes, prática caracterizada por cartazes de rua que se espalham pela cidade como um meio de expressão artística popular. A atividade teve como proposta incentivar a criação de intervenções urbanas de baixo custo e alto impacto visual, incentivando a participação dos artistas na transformação dos espaços públicos de Goiânia. Já em 13 de julho, a artista BeaLake, de Belo Horizonte, trouxe uma oficina sobre produção de zines, com foco na produção de publicações independentes, de baixo custo e fácil distribuição. Durante o curso, BeaLake enfatizou a importância da construção coletiva na criação desses materiais, o que permitiu aos participantes não apenas aprender a técnica, mas também refletir sobre o papel dos zines na democratização do acesso à informação e à cultura.

Além das atividades formativas, a Casa Valenta também se dedicou a ações abertas ao público, como feiras e exibições de filmes, buscando expandir o alcance de seu trabalho e integrar a comunidade local nas discussões culturais. A coordenadora do projeto, Larissa Pitman, destacou a importância da Casa Valenta como um espaço que vai além da formação técnica e profissional. Em entrevista ao Jornal Opção, Pitman afirmou que o objetivo do projeto é “democratizar o acesso à arte e à cultura”, além de fortalecer a rede de artistas locais e criar um ambiente de troca de experiências entre os participantes. “Nosso objetivo é fazer essas conexões, mostrar que Goiás também produz cultura de qualidade e que os artistas locais têm muito a oferecer”, completou Pitman.

Em um ano marcado pela busca de novos caminhos para a arte independente e a cultura colaborativa, o Projeto Casa Valenta se tornou um ponto de encontro importante para artistas de diversas áreas, desde a arte urbana até a produção audiovisual, criando uma rede de apoio e aprendizado mútuo. As oficinas e as atividades oferecidas pela Casa Valenta ajudaram a preparar os artistas não apenas para o mercado cultural local, mas também para o desenvolvimento de projetos que possam se inserir em editais nacionais, como a Lei Aldir Blanc e o Núcleo de Formação e Criação Artística e Cultural (NUFAC).

O projeto também proporcionou um ambiente acolhedor e inclusivo para grupos em situação de vulnerabilidade social, dando-lhes acesso à arte e à cultura como instrumentos de transformação e empoderamento. O esforço para integrar esses grupos no processo formativo, com a priorização de vagas para pessoas em situação de vulnerabilidade, foi um dos pontos destacados pela organização, que reafirmou seu compromisso com a inclusão social e o fortalecimento da cena cultural goiana.

Ao longo de 2024, a Casa Valenta se consolidou como um polo de formação e inovação, que contribui significativamente para a criação de uma cena cultural mais rica e diversa em Goiás. Além disso, as atividades realizadas ajudaram a fortalecer os laços entre os artistas do estado, criando uma rede de colaboração que, segundo Larissa Pitman, é essencial para o crescimento e a visibilidade da produção cultural goiana. Ao proporcionar uma formação qualificada e acesso a oportunidades de visibilidade, o Projeto Casa Valenta se estabeleceu como um dos principais catalisadores da arte independente e da economia criativa em Goiás.

Encontro de Brechós

o Encontro de Brechós de Goiânia se estabeleceu de maneira marcante como um evento cultural e comercial essencial na cidade, promovendo uma agenda de moda sustentável, empreendedorismo feminino e a ocupação criativa do centro da cidade. Ao longo do ano, o evento percorreu diversos espaços, sempre com o foco em democratizar o acesso à moda, fortalecer a economia local e promover o consumo consciente. Além disso, as edições de 2024 foram características pela integração com eventos culturais e ações de mobilização comunitária, destacando-se como um dos maiores encontros de brechós do país.

O primeiro encontro de 2024 aconteceu no dia 28 de janeiro, na CEPAL do Setor Sul, marcando o retorno do evento com uma proposta especial. Nesta edição, em parceria com o evento Tardezinha, foram reunidos 35 brechós, oferecendo uma gama variada de roupas, acessórios e produtos sustentáveis. A programação cultural do evento foi outro atrativo, com apresentações e atividades para o público de todas as idades. O evento, realizado em um espaço coberto, garantiu que fosse possível manter a festa independentemente das condições climáticas, oferecendo a Goiânia uma tarde vibrante de moda e arte.

Em 10 de fevereiro, o Encontro de Brechós se uniu ao Viva o Centro para uma edição especial de carnaval na Avenida Goiás, entre a Rua 1 e a Rua 2, próximo à Praça Cívica. O evento foi uma verdadeira festa de moda e música, com mais de 60 brechós expondo suas peças e promovendo garimpos de produtos sustentáveis. Além disso, a edição carnavalesca trouxe atrações musicais e atividades para toda a família, como a “prainha” com atividades molhadas para as crianças. Com uma programação que se estendeu das 10h às 18h, essa edição destacou-se pela integração do Carnaval com a proposta de consumo consciente, atraindo um público diversificado, disposto a celebrar a sustentabilidade enquanto curtia a festa.

Em 9 de março, o Encontro de Brechós retornou à Avenida Goiás para mais uma edição no contexto do projeto Viva o Centro, que já é uma tradição na cidade. Com o objetivo de fomentar a moda circular e incentivar o consumo consciente, o evento contou com a presença de diversos brechós que trouxeram opções exclusivas e garimpos especiais para os participantes. Além disso, a edição fez parte de uma série de atividades culturais que integraram o centro da cidade, valorizando a moda sustentável e o trabalho das empreendedoras locais. A programação, que ocorreu das 10h às 18h, manteve o evento como um ponto de encontro para aqueles que desejam consumir de forma mais consciente e impulsionar a economia local.

O mês de abril trouxe uma das maiores edições do Encontro de Brechós. Em 13 de abril, mais de 70 brechós se reuniram na Avenida Goiás, atraindo um grande público interessado em moda sustentável e em apoiar os pequenos empreendedores. A edição contou com uma programação variada, que incluiu atividades como yoga, esportes, apresentações culturais e o tradicional baile Black, além de uma praça de alimentação com opções para todos os gostos. Este evento foi uma demonstração clara de como o Encontro de Brechós tem se consolidado não só como um evento de moda, mas também como um ponto de encontro cultural e comunitário.

Em 21 de abril, o evento avançou para a Rua 15, um dos endereços mais charmosos do centro de Goiânia, reunindo mais de 100 brechós. A edição teve como foco a celebração da moda sustentável e contou com diversas atrações culturais, como o samba das pretas, comida de rua e atividades para as crianças. A rua se transformou em um grande centro de compras e diversão, onde a moda circular foi celebrada em um ambiente de festa e troca cultural. Com entrada gratuita e uma programação diversificada, a edição de abril provou a popularidade crescente do evento, que continuou a atrair um público cada vez maior, interessado não só nas compras, mas também em vivenciar a ocupação criativa do centro de Goiânia.

Em 11 de maio, o Encontro de Brechós trouxe uma edição especial para o Dia das Mães, ao mesmo tempo em que comemorou o primeiro aniversário do Viva o Centro. A edição foi marcada pela solidariedade, com a criação de um ponto de coleta para doações de alimentos, roupas e itens de necessidade, destinados às vítimas de desastres em outras regiões do Brasil. Além dos mais de 100 brechós presentes, o evento contou com atrações culturais, atividades para crianças e uma vasta área de alimentação, proporcionando uma experiência completa para as famílias goianienses. O evento também destacou o trabalho das mulheres empreendedoras que estavam à frente dos brechós, alinhando-se aos valores do empreendedorismo feminino e da economia solidária.

Ao longo de 2024, o Encontro de Brechós se consolidou não apenas como um evento de compras, mas como um espaço de celebração da moda sustentável, do empreendedorismo e da cultura local. Cada edição trouxe novidades, com a participação de novos brechós, maior envolvimento da comunidade e uma programação cada vez mais diversificada. O evento demonstrou o poder de transformação que a moda circular pode ter, não só no consumo consciente, mas também na revitalização e ocupação de espaços urbanos, transformando o centro de Goiânia em um verdadeiro polo de cultura e sustentabilidade.

Com mais edições planejadas para o restante do ano, o Encontro de Brechós promete continuar sendo um dos principais eventos de Goiânia, reafirmando seu papel na promoção de uma moda mais consciente e acessível, além de seguir como um ponto de encontro para aqueles que buscam apoiar a economia local e viver uma experiência cultural única.

Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica)

Em 2024, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) celebrou sua 25ª edição, consolidando-se como um evento de grande relevância tanto no cenário cultural quanto no ambiental. A edição deste ano marcou um recorde de inscrições, com 1.078 filmes provenientes de 77 países, além de 26 estados brasileiros. O festival também ampliou sua programação, exibindo mais de 100 filmes, promovendo 40 painéis e debates, 6 conferências, 20 shows, 18 oficinas e minicursos, e 3 exposições, o que demonstrou seu crescimento contínuo e sua crescente penetração no cenário internacional.

A realização dessa edição comemorativa foi especialmente significativa, uma vez que o Fica passou por momentos difíceis nos anos anteriores. Em 2019, o festival foi interrompido devido a um passivo financeiro deixado pela gestão anterior, que somava mais de R$ 58 milhões em dívidas. A secretária de Estado da Cultura de Goiás, Yara Nunes, relatou que, após a reorganização financeira, o festival foi retomado em 2020, embora em formato totalmente online, devido à pandemia. O evento foi realizado com um orçamento de R$ 275 mil.

No ano seguinte, em 2021, o Fica adotou um formato híbrido (online e presencial), com um investimento de R$ 1,5 milhão, também utilizado para quitar dívidas do evento em edições anteriores. Somente em 2022 o festival retornou ao formato totalmente presencial, com um orçamento de R$ 5 milhões, e passou a contar com recursos já garantidos e sem pendências financeiras. Para a edição de 2024, o evento recebeu um aporte de R$ 5,4 milhões do governo estadual.

A edição de 2024 também foi marcada por uma expansão nas parcerias, tanto dentro quanto fora do Brasil. A colaboração com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE), foi consolidada em 2023, com o objetivo de desburocratizar a gestão e transformar o festival em uma política pública voltada para a cultura. A partir desse esforço, o Fica ganhou mais apoio institucional e visibilidade, o que refletiu em sua crescente relevância no cenário internacional.

O Fica 2024 também se destacou por suas ações sustentáveis. Considerado um evento carbono zero, o festival compensou todas as emissões de gases de efeito estufa geradas durante sua realização por meio do plantio de árvores. Além disso, o Fica implementou uma série de ações em prol da preservação ambiental na cidade de Goiás, tombada pela Unesco como patrimônio cultural e imaterial da humanidade. A revitalização da nascente do córrego Chapéu de Padre foi uma das iniciativas mais visíveis, com o plantio de espécies nativas do Cerrado e ações de recuperação do local que continuarão após o evento.

Em parceria com a empresa Saga BYD, o festival também utilizou carros elétricos na equipe de produção, além de promover a coleta seletiva de resíduos sólidos com a ajuda da cooperativa de catadores Recicla Tudo. Para sensibilizar a população local, 100 lixeiras foram distribuídas pela cidade, com a proposta de promover o correto descarte de lixo e educar as futuras gerações. As lixeiras foram destinadas a escolas municipais após o evento, como parte de um programa de conscientização ambiental.

Outra inovação importante foi a realização do 1º Fórum Infantil sobre mudanças climáticas, que envolveu mais de 300 estudantes da rede pública e privada da cidade de Goiás. As discussões realizadas no fórum geraram uma carta que foi entregue ao governador Ronaldo Caiado na cerimônia de encerramento do festival. Essa iniciativa sublinhou o compromisso do Fica com a educação e a mobilização de jovens em torno de questões ambientais.

Com uma vasta programação gratuita, o Fica 2024 proporcionou um ambiente multicultural, com mostras competitivas, palestras e debates com cineastas nacionais e internacionais, além de atrações culturais e atividades focadas na sustentabilidade. O festival contou com o apoio de diversas instituições, como a Unesco, The Nature Conservancy, MapBiomas, Museu Nacional dos Povos Indígenas/Funai, Fiocruz, entre outros. A realização foi possível graças ao Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Fundação RTVE.

A edição de 2024 do Fica, com um investimento total de R$ 5,4 milhões, fechou com um saldo positivo em termos de participação, visibilidade e impacto ambiental. Nos últimos seis anos, mais de R$ 17 milhões foram investidos no festival, garantindo sua continuidade e o fortalecimento de sua importância no calendário cultural brasileiro.

Com 25 anos de história, o Fica se consolidou como um evento indispensável para a promoção da cultura audiovisual, do debate ambiental e da sustentabilidade, tornando-se um exemplo de sucesso para festivais de cinema em todo o país.

Exposição “Arte Africana: Máscaras e Esculturas”

Em 20 de novembro de 2024, a Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia, inaugurou a exposição “Arte Africana: Máscaras e Esculturas”, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Com entrada gratuita, a mostra ficou em cartaz até 6 de abril de 2025 e foi um marco para a cidade, sendo uma das primeiras exposições dedicadas à arte africana no estado de Goiás.

A exposição reuniu mais de 400 peças da Coleção África, incluindo máscaras, estatuetas e objetos que, ao longo de séculos, desempenharam papel central nos rituais e nas práticas cotidianas das culturas africanas. As obras exibidas pertencem a uma coleção particular que busca resgatar e preservar a rica diversidade da arte tradicional do continente africano, abrangendo diferentes regiões e povos, como os Yoruba, Bantu e Zulu, entre outros.

A curadoria da exposição foi uma parceria entre profissionais renomados na área de arte e cultura. Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim, Renato Araújo e Danilo Garcia, coordenador da exposição, foram os responsáveis pela seleção e organização das obras, com apoio do coletivo cultural Bëi, que auxiliou na montagem da exposição. De acordo com Danilo Garcia, a curadoria foi pensada de forma a destacar a diversidade das expressões artísticas africanas, além de estabelecer um diálogo entre os objetos e a memória histórica da cultura africana, resgatando um legado muitas vezes marginalizado.

Gilmar Camilo, coordenador da Vila Cultural Cora Coralina, enfatizou a importância de levar uma exposição dessa magnitude para Goiânia. Ele afirmou que, além do desafio logístico e técnico de apresentar mais de 400 obras, a exposição representava uma oportunidade única para o público local conhecer e se aprofundar na riqueza e complexidade da arte africana. “Esta exposição traz um conteúdo profundo, com uma contribuição cultural significativa para Goiás e para todos que visitaram o espaço”, afirmou Camilo. Ele também destacou a relevância do evento no contexto das questões sociais e culturais contemporâneas, especialmente no Dia Nacional da Consciência Negra, data que celebra a luta e as conquistas da população negra no Brasil.

A escolha do dia 20 de novembro para a inauguração foi uma decisão estratégica e simbólica. De acordo com Yara Nunes, secretária de Estado da Cultura, a data representa um momento de reflexão sobre a história dos negros no Brasil e a importância de reconhecer as suas contribuições para a cultura e identidade do país. “Abrir a exposição no Dia Nacional da Consciência Negra é um ato de celebração da riqueza da cultura africana e de conexão com as nossas raízes. A arte africana é uma das mais expressivas do mundo, e é fundamental que possamos dar visibilidade a essas produções que moldaram a nossa identidade”, afirmou Yara.

A abertura da exposição contou com a presença de artistas, curadores, membros do governo e da comunidade cultural local, além de muitos estudantes e cidadãos interessados em compreender mais sobre a arte e a história africanas. Durante o evento, a vila cultural recebeu diversas autoridades, como representantes da Secretaria de Cultura do Estado e da Prefeitura Municipal, que ressaltaram a importância de fortalecer as políticas culturais voltadas para a preservação e valorização da arte e da memória afro-brasileira.

O acervo apresentado na mostra foi cuidadosamente selecionado para refletir a diversidade e as tradições das diversas culturas africanas. As máscaras, por exemplo, são consideradas representações simbólicas de espíritos, divindades e ancestrais. Elas eram utilizadas em cerimônias religiosas e rituais de iniciação, com o propósito de estabelecer uma conexão com o mundo espiritual. Além disso, as estatuetas e outros objetos apresentados na exposição retratam cenas do cotidiano e elementos de crenças religiosas, como a importância da fertilidade, da agricultura e da harmonia com a natureza.

A curadoria procurou expor essas peças de maneira a ressaltar suas funções espirituais e sociais, oferecendo ao público uma perspectiva mais ampla sobre o papel da arte na vida das sociedades africanas. Ao mesmo tempo, o visitante foi convidado a refletir sobre as influências dessas culturas no Brasil, seja pela diáspora forçada durante o período colonial, seja pelas trocas culturais que continuam a existir até os dias atuais.

A exposição ficou aberta para visitação todos os dias da semana, das 9h às 17h, com entrada gratuita. Localizada no Setor Central de Goiânia, na Rua 3, a Vila Cultural Cora Coralina é um espaço de fácil acesso tanto para os moradores da cidade quanto para os turistas. Um dos diferenciais da mostra foi a inclusão de um programa de acessibilidade, permitindo que pessoas com mobilidade reduzida pudessem aproveitar a visitação com conforto. Além disso, a exposição também recebeu animais de estimação, desde que com coleira, para permitir uma experiência mais inclusiva para as famílias.

Além da visitação, o evento contou com atividades educativas que envolveram escolas, universidades e grupos culturais da cidade. Estudantes e professores de diferentes instituições de ensino foram convidados a participar de visitas guiadas e palestras sobre arte africana, história da diáspora africana e a importância da valorização da cultura negra. A Secretaria de Cultura do Estado de Goiás também organizou uma série de workshops e debates relacionados à arte e à educação, com o objetivo de promover uma discussão mais profunda sobre a integração da arte africana no currículo escolar e nas políticas culturais do estado.

A realização da exposição “Arte Africana: Máscaras e Esculturas” se consolidou como um marco importante para a cena cultural de Goiânia e Goiás, destacando-se não apenas pelo valor artístico, mas também pela sua relevância histórica e social. Ao reunir mais de 400 obras de arte africana e proporcionar um espaço de reflexão sobre as contribuições da cultura negra para a identidade brasileira, o evento fortaleceu o compromisso do Governo de Goiás em apoiar a preservação e promoção da diversidade cultural.

A exposição também representou um passo significativo na ampliação da oferta cultural em Goiânia e na democratização do acesso à arte, especialmente para as novas gerações que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de conteúdo em escolas ou instituições culturais. O impacto da exposição será sentido por muitos anos, tanto no enriquecimento do patrimônio cultural de Goiás quanto no incentivo ao diálogo intercultural e à valorização das raízes afro-brasileiras.

Canto da Primavera 2024

O Canto da Primavera, evento anual de música realizado em Pirenópolis, Goiás, completou sua 23ª edição em setembro de 2024 e consolidou ainda mais sua importância como um dos maiores e mais representativos festivais culturais do estado. Este festival se caracteriza por sua celebração da música goiana, além de se tornar um espaço fundamental para a promoção de artistas locais, nacionais e até internacionais. Ao longo dos anos, o festival tem se expandido tanto em termos de público quanto em sua diversidade de atrações e atividades, reforçando seu papel como uma plataforma para a cultura goiana e como um evento de relevância crescente no calendário cultural brasileiro.

Na edição de 2024, o Canto da Primavera registrou um aumento significativo no número de artistas goianos participantes. O número de apresentações locais passou de 22 em 2022 para 57 apresentações nesta edição. Essa ampliação reflete a crescente visibilidade que o festival proporciona para os músicos do estado, promovendo um cenário mais robusto para a música goiana. Além disso, o número de atrações nacionais também teve um aumento considerável, passando de uma única apresentação em 2023 para três grandes shows em 2024.

Esse crescimento no número de artistas e atrações foi acompanhado por uma ampliação da infraestrutura do evento, com a adição de dois novos palcos, que se somaram aos dois palcos tradicionais, espalhados pela cidade de Pirenópolis. Os novos espaços ampliaram as opções de apresentação para os artistas e também ofereceram maior acesso ao público, que pôde desfrutar de uma programação mais diversificada ao longo dos seis dias de evento.

O Canto da Primavera é um evento especialmente voltado para o fortalecimento da música goiana. A inclusão de 57 artistas locais na programação de 2024 demonstra o compromisso do festival em promover novos talentos e dar visibilidade aos músicos do estado. Para muitos desses artistas, o festival representa uma oportunidade única de se apresentar para um público mais amplo e de ser reconhecido pelo trabalho desenvolvido ao longo do tempo.

Otávio Macciel, um dos cantores locais que se apresentou no Palco Matriz, destacou o alto nível de profissionalismo na produção do evento, ressaltando a infraestrutura de som, luz e apoio ao artista. Macciel, que participou do festival em outras edições, elogiou também a dedicação da equipe organizadora, que trabalha para garantir a qualidade das apresentações e o sucesso do evento. Esse tipo de estrutura e apoio se reflete diretamente no desempenho dos artistas e na experiência do público.

Outro destaque foi o cantor Dante Ventura, que se apresentou no Palco Coreto, e enfatizou a importância do evento para o fortalecimento do cenário musical local. Segundo Ventura, o festival contribui para o aprimoramento dos músicos de Pirenópolis e regiões vizinhas, além de ajudar a formar uma rede de artistas que trocam experiências e conhecimentos durante as oficinas e atividades do evento.

O Canto da Primavera também teve um impacto positivo significativo na economia local. Durante os seis dias de evento, cerca de 40 mil pessoas passaram pela cidade de Pirenópolis, de acordo com dados da Polícia Militar. A movimentação de turistas e participantes beneficiou diretamente os setores hoteleiro, comercial e turístico da cidade, que viu um aumento na demanda por hospedagem, alimentação e serviços diversos. Esse fluxo de pessoas também gerou um impacto econômico duradouro, pois muitos dos visitantes se conectaram com a cidade e com a cultura goiana, o que pode resultar em futuras visitas e ações de promoção cultural.

Além do impacto econômico, o festival também contribuiu para a visibilidade dos artistas locais, proporcionando uma plataforma para o reconhecimento da música goiana em âmbito estadual e nacional. Roberta de Souza Marques, que acompanhou o evento, destacou o sucesso do festival ao dar destaque aos artistas de Goiás. Para ela, o festival é uma celebração não só da música, mas também da identidade cultural goiana, mostrando a diversidade e o talento do estado.

O Canto da Primavera não se limitou a ser apenas um festival de música goiana. Em 2024, o evento também consolidou sua reputação como uma plataforma que atrai grandes nomes da música nacional. No Palco Garagem, o principal palco do festival, se apresentaram três importantes artistas da cena musical brasileira: Maria Gadú, Marcelo Falcão e Toni Garrido. Cada um desses artistas trouxe para o público de Pirenópolis uma experiência única, com shows que celebraram a diversidade musical do Brasil.

Para Maria Gadú, que se apresentou no dia 6 de setembro, o festival foi uma oportunidade de mostrar a diversidade da música goiana, que vai além do sertanejo e envolve uma multiplicidade de estilos. Gadú ressaltou a importância de eventos como o Canto da Primavera para dar visibilidade a essa riqueza cultural e afirmou que participar de um evento que celebra a diversidade musical é sempre uma honra. As apresentações de Marcelo Falcão e Toni Garrido também chamaram a atenção pela sua qualidade e pela capacidade de atrair diferentes públicos, ajudando a expandir a dimensão do festival e a sua relevância para o cenário nacional.

A edição de 2024 do Canto da Primavera também foi marcada por inovações. O festival ofereceu, pela primeira vez, um estúdio de gravação profissional gratuito para os artistas locais, uma iniciativa que visou proporcionar oportunidades de gravação de alta qualidade para músicos que ainda não possuem acesso a essa infraestrutura. Essa ação fez parte do esforço do evento em apoiar a formação e o desenvolvimento dos artistas goianos, além de proporcionar uma forma de incentivo para novos talentos.

O festival também ofereceu três oficinas de formação para músicos e profissionais da área cultural, abordando temas como produção musical, gestão de carreira e aspectos técnicos da música. Essas oficinas não só contribuíram para o aprimoramento dos artistas locais, mas também promoveram uma troca de experiências valiosa entre músicos de diferentes regiões e de diferentes trajetórias artísticas.

Piranhão

Em 2024, o Piranhão consolidou-se como um dos principais eventos de cultura popular e diversão em Goiânia. Marcado por sua mistura de ritmos variados, como brega, piseiro, reggae, sertanejo, tecnobrega e outros, o evento manteve sua característica irreverente e de descontração, atraindo um público fiel ao longo do ano. Ao longo de 2024, o Piranhão se expandiu, experimentou novos formatos e conquistou novos espaços na cidade, sempre com uma proposta de festa inclusiva e vibrante.

O ano de 2024 começou com o Piranhão em grande estilo, com a realização de uma edição especial no dia 3 de fevereiro, dando início ao período de pré-carnaval. A festa, além de manter o clima festivo, apresentou uma série de inovações, como um novo local, novos horários e uma nova proposta de programação, incluindo parcerias com diferentes produtores locais. Embora o evento tenha passado por essas mudanças, a essência que o torna popular, com seus DJs residentes e convidados tocando uma variedade de gêneros musicais, seguiu presente.

Em 16 de março, o Piranhão retornou aos tradicionais Zé Latinhas e Furna, locais que já se tornaram símbolos do evento. A festa foi marcada pela diversidade de estilos, com brega, piseiro e reggae dominando as pistas. A edição contou com o show da Banda Kalidum e a participação de DJs locais, além do formato que mistura eventos gratuitos no Zé Latinhas, com ingresso pago para o after party na Furna, atraindo ainda mais público.

Em 27 de abril, o Piranhão inovou ao se unir à Festa Perreo, trazendo pela primeira vez para o evento ritmos latino-americanos como reggaeton, cumbia e guaracha. Essa fusão de estilos latino e brega gerou uma experiência única, que combinou sonoridades calientes com a tradicional diversão do Piranhão. Como sempre, a festa no Zé Latinhas foi gratuita, e o after na Furna teve ingressos pagos.

Em 17 de maio, o Piranhão expandiu ainda mais sua presença ao realizar sua primeira edição no @shiva.altbar. Essa mudança de local refletiu a crescente popularidade do evento e sua capacidade de atrair novos públicos. O destaque dessa edição ficou por conta da participação da DJ Carol Tucuju, que trouxe seu estilo único ao público goianiense. O evento no Zé Latinhas continuou com entrada gratuita, enquanto o after na Furna teve ingressos vendidos.

No mês de junho, o Piranhão teve uma edição especial, incorporando o clima junino com uma mistura de forró brega e outros ritmos tradicionais. A festa, que aconteceu novamente no Zé Latinhas e Furna, contou com a apresentação do cantor Thiago Netto, além de DJs convidados de diferentes estados. O evento manteve a sua característica de ser gratuito no local principal e com ingressos pagos para o after.

Em 24 de agosto, o Piranhão comemorou seu aniversário de 2 anos com uma festa especial que incluiu um pocket show de Getúlio Abelha e a participação da DJ Lainê do Linda. A edição foi marcada por um público animado e uma programação especial, que ofereceu sets inéditos dos DJs residentes. O evento seguiu com o tradicional after na Furna, oferecendo uma noite de celebração para os fãs do Piranhão.

Em outubro, o Piranhão trouxe o show de Gil Teclado e outros DJs para agitar a noite goianiense, mantendo a tradição de promover uma diversidade de gêneros musicais. Já em novembro, o evento se diversificou ainda mais ao realizar uma edição especial no Curupira Attack, na Base Ambiente, durante o Goiânia Crew Attack. A festa seguiu para a Furna, onde DJs de diferentes estados continuaram a animar o público até a madrugada.

O fechamento das atividades de 2024 ocorreu em 13 de dezembro, com a última edição do Piranhão marcada pelo clima festivo e a participação especial de Os Choroes da Pisadinha. A festa, que ocorreu no Zé Latinhas e Furna, encerrou o ano com o mesmo espírito que a tornou famosa, misturando ritmos variados e oferecendo uma noite inesquecível para os participantes.

Ao longo de 2024, o Piranhão se consolidou como um dos maiores eventos de Goiânia, unindo diferentes estilos e proporcionando um espaço de celebração da música e da cultura popular. A festa se destacou por sua capacidade de inovar, criar novas parcerias e expandir para novos locais, tornando-se um marco no calendário cultural da cidade. Com uma programação diversificada e acessível, o Piranhão se firmou como uma festa inclusiva, capaz de atrair públicos de todas as idades e tribos.

Mercado SAPI

O Mercado SAPI, um dos maiores eventos voltados para a economia criativa no setor audiovisual no Centro-Oeste do Brasil, foi realizado de 22 a 25 de outubro de 2024, no Hub Goiás, em Goiânia. O evento reuniu profissionais do audiovisual de diversas partes do país, oferecendo uma programação que incluiu oficinas, masterclasses e o programa de aceleração “Produtoras In Foco”. As inscrições para todas as atividades foram gratuitas, abertas ao público em geral e focadas no desenvolvimento de novos talentos e no fortalecimento do mercado audiovisual regional.

Entre os destaques da programação, a masterclass de Pedro Belchior, especialista com 15 anos de experiência na indústria do entretenimento, foi um dos momentos mais aguardados. Membro da Academia Brasileira de Cinema e do iEmmy, Belchior abordou o tema “Do Criativo ao Público: Produção de Conteúdo Original no Brasil”, em que discutiu o equilíbrio entre o processo criativo e as expectativas do público. Ele também explorou as tendências atuais do mercado, com ênfase no marketing de conteúdo e nas formas de alcançar a audiência em um ambiente de crescente digitalização e concorrência no setor audiovisual.

Outra contribuição relevante veio de Shirlene Paixão, diretora criativa com experiência em grandes canais como Band, TV Brasil e Globoplay. Em sua masterclass, intitulada “Direção Criativa: Do conceito às telas”, Paixão compartilhou seu método de trabalho e sua abordagem criativa. Ela detalhou como desenvolve e transforma uma ideia inicial em um produto final, discutindo também como utiliza narrativas que visam ressignificar imaginários sociais por meio de obras audiovisuais. Sua apresentação foi uma oportunidade para os participantes aprenderem sobre o processo de direção criativa, focado tanto na estética quanto no impacto social da narrativa audiovisual.

O evento também contou com a participação de Kiripuku, cineasta Terena e idealizador da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), que ministrou a oficina “Audiovisual e Mídias Sociais: O jeito de ser indígena além do território”. A oficina trouxe uma reflexão importante sobre a produção audiovisual indígena, ao explorar o uso das mídias sociais como ferramentas para a afirmação da identidade indígena, tanto no campo local quanto no digital. Kiripuku discutiu como linguagens ancestrais podem ser ressignificadas e integradas às práticas contemporâneas, oferecendo um novo olhar sobre a presença indígena na produção audiovisual.

Verônica Aquino, advogada com mais de 20 anos de experiência na área cultural, foi responsável pela oficina “Sem Juridiquês: liberação de música para obra audiovisual”. Durante sua apresentação, Aquino abordou os aspectos legais envolvidos na utilização de músicas em produções audiovisuais. Ela compartilhou seus conhecimentos sobre a coordenação de projetos fonográficos e editoriais, além de explicar as questões jurídicas essenciais para os profissionais da indústria, tornando o processo de liberação de direitos autorais mais acessível para os participantes.

O programa “Produtoras In Foco” foi outro ponto alto do Mercado SAPI 2024. Seu objetivo foi acelerar o desenvolvimento de produtoras no setor audiovisual, proporcionando aos participantes um conjunto de ferramentas e conhecimentos necessários para estruturar ou abrir uma produtora e ampliar a carteira de projetos. Durante o programa, os participantes tiveram acesso a palestras, consultorias e encontros com especialistas da indústria audiovisual. Esses encontros focaram no aprimoramento de estratégias de negócios, estruturação de equipes e desenvolvimento de projetos audiovisuais que atendem às demandas do mercado.

O programa buscou também estreitar o relacionamento entre as produtoras e possíveis investidores, criando um ambiente propício para a troca de experiências e a busca por parcerias comerciais. Com o auxílio de consultores especializados, os participantes puderam discutir desde o financiamento de projetos até questões relacionadas à distribuição e comercialização de conteúdo.

O Mercado SAPI 2024 contou com recursos do Programa Goyazes, da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás, que visa apoiar e fomentar a cultura no estado. O evento teve o patrocínio da Chesp – Companhia Hidroelétrica São Patrício, e a produção foi realizada pela Sol A Pino Filmes, com co-realização do Instituto Audiovisual em Todos Os Eixos.

Com a realização de atividades que abarcaram diferentes áreas do audiovisual, o Mercado SAPI se consolidou como um evento essencial para o desenvolvimento e fortalecimento do setor no Centro-Oeste, oferecendo uma plataforma para troca de conhecimento, construção de redes de contatos e fomento à produção cultural e criativa da região. Ao reunir profissionais de destaque e emergentes, o evento cumpriu seu papel de impulsionar o mercado audiovisual goiano e brasileiro, ampliando as possibilidades de crescimento para os próximos anos.

19ª Mostra de Teatro Nacional de Porangatu (TeNpo) 

A 19ª edição da Mostra de Teatro Nacional de Porangatu (TeNpo), realizada entre os dias 29 de março e 7 de abril de 2024, atraiu grande público e promoveu diversas atividades culturais na região Norte de Goiás. O evento contou com a participação de artistas e público de várias partes e incluiu cinco oficinas e doze apresentações gratuitas de dança, circo e teatro.

A cerimônia de encerramento, realizada no dia 7 de abril no Teatro Tatersal, foi marcada pela apresentação da comédia “Eri Pinta Johnson Borda”, protagonizada pelo ator Eri Johnson (RJ). O evento foi organizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE), e parceria com o SESC Goiás, Secretaria da Retomada, Prefeitura de Porangatu, Goiás Social e Academia Viking Cross.

Investimento e impacto econômico

A edição de 2024 contou com um investimento de R$ 2 milhões, recursos direcionados tanto para a cultura quanto para o desenvolvimento econômico da região. A realização da Mostra impulsionou o setor de serviços locais, gerando empregos e movimentando o comércio, hotéis e restaurantes. A cidade de Porangatu recebeu cerca de 5 mil pessoas, incluindo artistas e turistas, durante os dias de evento, o que resultou em uma ocupação hoteleira significativa.

Além das oficinas de dança e artes cênicas, a 19ª edição da Mostra de Teatro Nacional também ofereceu atividades formativas adicionais, como oficinas de Biojoias (adereços cênicos), Mídias Digitais, Empreendedorismo de Produto Artístico, Marketing Estratégico e Economia Criativa. Essas oficinas foram ministradas pelo Colégio Tecnológico do Estado de Goiás (Cotec), ampliando o leque de oportunidades educacionais para os participantes.

Outro destaque da edição de 2024 foi a retomada da encenação da Paixão de Cristo, que não ocorria desde 2019 devido à pandemia de Covid-19. A encenação atraiu aproximadamente 10 mil espectadores no local e obteve 2.270 visualizações em transmissão ao vivo. A produção contou com recursos tecnológicos avançados, como projeção mapeada, similar aos utilizados em grandes produções teatrais internacionais.

O ator Eri Johnson, com 44 anos de carreira no teatro e mais de 30 na televisão, teve a oportunidade de se apresentar em Porangatu pela primeira vez. Durante sua participação no evento, Johnson destacou a importância da cultura e da educação para a sociedade e elogiou a organização e a qualidade da Mostra. “Foi muito relevante que eventos como esse fossem realizados, com profissionais engajados e uma produção bem feita”, afirmou.

Na apresentação, Eri Johnson misturou histórias reais e fictícias, relembrando personagens marcantes de sua carreira, como o Gay Lulu da novela Barriga de Aluguel. O ator também fez imitações de diversas personalidades, incluindo Romário, Evandro Mesquita, Caetano Veloso, Roberto Carlos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao final de sua apresentação, Johnson expressou seu desejo de retornar a Porangatu em futuras edições. “Onde encontrei profissionais apaixonados pelo teatro, é só contar comigo”, declarou. Ele também desejou que a Mostra continuasse seu trabalho de fortalecimento da cultura e da arte, com um compromisso de excelência para os próximos anos.

Baile Black

O Baile Black de Goiânia, em 2024, consolidou-se como um evento cultural importante, reunindo pessoas de diversas idades e perfis para celebrar a música e a moda negra. Com uma programação que se diversificou ao longo do ano, o evento ganhou relevância não só como uma festa, mas também como um espaço de afirmação da cultura afro-brasileira, reunindo a cidade em momentos de celebração, reflexão e confraternização. Suas edições, sempre marcadas por temas especiais e ritmos variados, se tornaram referência no calendário cultural goiano, atraindo um público fiel e entusiasta.

A primeira edição do ano, realizada em 13 de abril, homenageou os anos 80, destacando a música e a moda black da época. Com uma seleção de sucessos que marcaram a década, o evento revisitou os estilos que definiram a sonoridade do soul, do funk e do rhythm and blues, trazendo aos participantes uma verdadeira viagem no tempo. A festa, além de proporcionar uma atmosfera nostálgica, também resgatou as influências estéticas que dominaram a moda e o comportamento daquela época, criando um ambiente vibrante e autêntico.

Seguindo com sua proposta de diversidade, o Baile Black de 16 de junho trouxe uma edição especial para o Dia dos Namorados, promovendo uma noite repleta de romance e dengo, embalado por ritmos como R&B e soul. O evento foi realizado nas Casas, criando uma atmosfera intimista e acolhedora, onde o amor e a celebração da música negra se encontraram. Já em 14 de julho, a edição “Baile Black Arraiá” trouxe uma proposta inusitada, mesclando o clima junino com as batidas da música black, garantindo uma festa animada, com um toque de diversão e inovação.

Em setembro, o Baile Black fez seu retorno à Rua 8, no Centro de Goiânia, com uma edição gratuita que contou com a colaboração dos bares Zé Latinhas e Casa Liberte. A festa, que teve início às 19h, ocupou um dos espaços mais tradicionais da cidade, trazendo para o público uma experiência democrática e acessível. A edição destacou-se pela celebração da cultura negra em um ambiente informal e aberto, reafirmando o Baile Black como um evento inclusivo e voltado para todos que apreciam a música e as tradições afro-brasileiras.

Cada uma dessas edições do Baile Black, com suas temáticas e estilos distintos, demonstrou a capacidade do evento de se reinventar e de se manter relevante, criando espaços de inclusão, identidade e diversão. Mais do que uma festa, o Baile Black tornou-se um importante ponto de encontro para aqueles que celebram a riqueza da cultura negra e suas manifestações artísticas, reafirmando Goiânia como um polo de cultura e diversidade.