Acusados pelo assassinato do jornalista Valério Luiz vão a júri popular neste mês
08 março 2022 às 15h23

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Réus serão julgados em Tribunal do Júri no próximo dia 14. Radialista foi morto a tiros em 2012 por atuação no jornalismo
Quase 10 anos depois, os réus acusados pelo assassinato do radialista Valério Luiz vão a júri popular no próximo dia 14. O caso será analisado pelo Plenário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). O jornalista foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012 enquanto saía da rádio em que trabalhava. Desde lá, o júri foi adiado duas vezes, sendo a primeira em 2019, quando o juiz responsável do caso alegou que não haveria estrutura para comportar julgamento de tamanha repercussão no local. E outra vez, em 2020, devido a pandemia da Covid-19. A data do tribunal havia sido definida pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 4ª Vara de Crimes Danosos Contra à Vida, em novembro de 2021.
A atuação de Valério Luiz como jornalista foi o que motivou o crime, segundo o inquérito policial. O radialista foi assassinado no início ao entrar em seu carro após deixar a Rádio Bandeirantes 820 AM, na época sediada no Setor Serrinha. As cinco pessoas acusadas do crime são: Maurício Sampaio, apontado como mandante; Urbano de Carvalho, acusado de contratar policial que teria matado Valério; Ademá Figueiredo, cabo da Policia Militar acusado de executar o cronista; Marcus Vinícius Pereira Xavier, açougueiro, que teria participado do planejamento do crime; e Djalma da Silva, PM denunciado por atrapalhar as investigações.
Em 2018, Ricardo Lewandowski, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a decisão do TJ-GO de mandar Maurício Sampaio a júri popular. Na época do crime, Maurício Sampaio era vice-diretor do Atlético-GO. Segundo a acusação do Ministério Público, ele foi o mandante do homicídio de Valério Luiz, que apresentava programas na rádio e na TV. O motivo seriam as críticas que o jornalista fazia à diretoria do time de futebol. Para Valério Luiz Filho, filho do jornalista, o atrito entre o pai e o vice-presidente do time vinha de longa data. Na época, o advogado havia comemorado a decisão do Supremo e que estava trabalhando forte para que isso acontecesse.
Violações contra jornalistas e comunicadores somaram 254 casos no ano de 2020. Os dados são referentes ao relatório anual da ARTIGO-19, organização que atua pela defesa e promoção do direito à liberdade de expressão. Ainda de acordo com a entidade, a impunidade nesses casos é quase sempre a regra, buscando eliminar fisicamente pessoas consideradas inconvenientes pela ação investigativa que realizam ou pelas críticas contra a vida de um comunicador no Brasil.