Uma das maiores lideranças políticas de sua época e também tucano, ele foi vítima do AI-5 e se tornou referência da democracia e da centro-esquerda no País

Há 20 anos, um outro político da família Covas era motivo de luto em São Paulo. Mário Covas, como seu neto, havia sido reeleito – para o governo do Estado – quando já lutava contra um câncer, na bexiga. A doença o venceu em março de 2001, aos 70 anos.

A história política do avô de Bruno começou no movimento estudantil. Ele graduou-se em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), onde foi colega de um futuro arquirrival político: Paulo Maluf, que, como Covas, seria deputado federal, prefeito e governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência, não necessariamente nessa ordem.

Bruno Covas, entre os avós Lila e Mário Covas | Arquivo pessoal

Foi na USP que iniciou-se a militância política, chegando a ser eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1955. Mário Covas seria depois deputado federal, de 1962 a 1969, quando, líder da oposição pelo MDB, foi cassado pelo AI-5 da ditadura militar. Em 1983, depois de eleito deputado federal novamente, foi nomeado prefeito da capital paulista pelo governador André Franco Montoro, seu correligionário de PMDB.

Em 1986, foi eleito senador da República para a Assembleia Nacional Constituinte e, dois anos depois, com a esquerda de seu partido, fundou o PSDB, o primeiro partido declaradamente socialdemocrata do País. No ano seguinte, foi candidato a presidente, teve boa votação e foi um dos poucos derrotados – como Leonel Brizola (PDT) – a apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra Fernando Collor de Melo (PRN).

Em 1994, elegeu-se governador de São Paulo. Quatro anos depois, já com seu partido guinando para a centro-direita, chegou à reeleição. Durante os anos no governo, foi criticado pela política econômica adotada, pelas privatizações, por demissões e por negar aumentos a servidores públicos. Foi também no governo de Covas que houve a concessão de milhares de quilômetros de rodovias estaduais, como na Anhanguera, Anchieta, Bandeirantes e Imigrantes, entre outras.

No fim de 1998, Covas descobriu um câncer na bexiga. Como no caso de Bruno, a doença em princípio foi controlada. Em janeiro de 2001, porém, ele teve de se licenciar do cargo de governador para o tratamento. No dia 6 de março, aos 70 anos, ele não resistiu. Apesar de todas as críticas, Mário Covas Júnior terminou sua vida sem nenhuma mácula na carreira política. Nunca foi diretamente acusado de corrupção e sempre mostrou coerência em sua trajetória.