Renato de Castro questiona saída do PMDB da base aliada
30 março 2016 às 17h19
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Posicionamento do ex-petista, no entanto, contraria restante da bancada estadual do partido, que defende posicionamento nacional
O PMDB oficializou, na última terça-feira (29/3), sua saída da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT). Parceiro do PT nas duas eleições de Dilma elegendo como vice o presidente nacional do partido, Michel Temer, a legenda resolveu deixar o grupo governista e apoiar abertamente o impeachment de Dilma.
Em reunião curta, de apenas três minutos, o partido fez o anúncio sob os gritos de “Fora, PT!” e “Temer presidente!”. Na Assembleia Legislativa, a decisão repercutiu entre os deputados, que, em sua maioria, defendem o posicionamento do PMDB. A postura mais crítica em relação à decisão foi a do recém-filiado Renato de Castro, cuja postura pessoal é contrária ao impeachment e à saída do partido.
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Renato se disse preocupado principalmente com os rumos que o cenário político tomará como resultado desta saída. Para ele, não há motivos legais para o impeachment e tirar Dilma do poder por questões como impopularidade pode ter desdobramentos perigosos. “Se é que vai acontecer o impeachment, é mais por falta de apoio popular e apoio político do que por faltar com a lei. Isso me preocupa: se não se respeita as instituições desse país, onde nós vamos chegar?”, questiona.
Ele inclusive ressaltou as críticas aos políticos na linha de sucessão da presidente, todos do PMDB: o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. “Se o Temer também cai, porque agora na Lava Jato já tem uma delação envolvendo ele, quem assume? Eduardo Cunha, que também está envolvido. Se ele sai, quem assume? Renan [Calheiros], que nós sabemos também tem seus problemas”, pontou. “Isso pode desestabilizar o país, o que me preocupa muito”, finalizou.
Embora criticado por Renato, Michel Temer foi enaltecido por Bruno Peixoto. Para ele, o vice-presidente tem as características necessárias para que o Brasil consiga retomar seu crescimento. “Para ele que haja uma reação, temos que retomar a credibilidade política e econômica e o Michel Temer tem essas condições”, opinou ele.
“O PMDB agiu com muita responsabilidade, vamos nos unir e buscar, caso ocorra o impeachment, e caminha-se para isso, que o PMDB faça um governo que possa unir todas as forças, as instituições, para que nosso país tenha estabilidade econômica, retome investimentos, o crescimento, que tenha recurso disponível”, defendeu o deputado.
A necessidade de mudança também foi defendida por Adib Elias, que, apesar de lamentar o fim de uma parceria que considera ter dado bons frutos, acredita que não há mesmo saída para o governo Dilma. “Foi uma pena. Foi uma aliança que deu resultados, mas verdadeiramente a presidente Dilma prendeu o controle no Congresso Nacional. Ela não foi política, diferentemente do ex-presidente Lula.”
Para Adib, a saída do PMDB torna muito difícil que Dilma escape de um impeachment. Uma alteração na presidência poderia ser, portanto, uma renovação positiva. “Há uma crise nacional, o Brasil tá parado, vive um momento de dificuldade e tem que ter algum tipo de mudança neste momento para que o povo brasileiro possa largar a desolação e trocar pela esperança”, explicou.
Embora a aliança dos dois partidos para a Prefeitura de Goiânia tenha sido rompida, Adib defendeu ainda que a bancada de oposição, composta basicamente pelos dois partidos (além deles, há um representante do PRP, Major Araújo, e do PCdoB, Isaura Lemos). “Falei com a bancada do PT e independente de qualquer resultado lá, temos que continuar unidos aqui, fazendo oposição e representando o povo de Goiás, já que nós somos apenas 11 contra 30”.
A opinião mais forte contra a aliança PT-PMDB foi a do deputado Paulo Cézar Martins, que é contra, aliás, qualquer tipo de união. Para ele, o PMDB foi fisiologista ao permanecer por tanto tempo na base do governo: “Eu acho que precisa urgente de uma reforma política, sou contra qualquer tipo de aliança, cada partido tinha que ter sua autonomia para disputar uma eleição. O partido tem que ter a sensibilidade de fazer a governabilidade por si só, sem balcão de negócio”.
José Nelto e Ernesto Roller não comentaram a decisão, mas já haviam se posicionado pelo rompimento em entrevistas anteriores. José Nelto, inclusive, não estava presente na sessão porque representava o diretório estadual na reunião nacional do PMDB para reforçar a opção pelo rompimento com o PT, tomada em Goiás mesmo antes da decisão em Brasília.