Comunicado de abertura de crédito adicional extraordinário enviado pela Prefeitura de Goiânia foi lido em plenário, no início da sessão, pelo vereador Anselmo Pereira (MDB), e gerou debate entre os parlamentares

Parlamentares no plenário da Câmara Municipal de Goiânia | Foto: Reprodução

Abertura de crédito adicional extraordinário de R$ 30,2 milhões, por parte da Prefeitura de Goiânia, direcionado Fundo Municipal de Saúde a ser empregado no combate à Covid-19 foi o assunto principal das discussões na sessão plenária da Câmara Municipal de Goiânia desta quarta-feira, 8. O assunto foi iniciado a partir da leitura da mensagem enviada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), pelo vereador Anselmo Pereira (MDB), aos demais parlamentares.

A justificativa apresentada no documento é ápice do período da pandemia, que faz com que a cidade permaneça em situação emergencial. “Dada a imprevisibilidade decorrente da impossibilidade de antever os gastos, para o presente exercício financeiro, a necessidade dos recursos para o enfrentamento da atual situação emergencial, em face das condições de se determinar a extensão da gravidade do surto, bem como a situação de alastramento da doença, restou imperativa a abertura dos créditos adicionais extraordinários”, escreve a Prefeitura.

No entanto, vereadores não se mostraram satisfeitos com a justificativa. Antes de se entender que o documento em questão não era um projeto de lei, mas um comunicado, o vereador Thialu Guiotti (Avante) questionou o presidente da Câmara, Romário Policarpo (Patriota), acerca da possibilidade de pedir vista da proposta. Por se tratar somente de uma mensagem, o presidente enviou uma cópia do documento em questão ao parlamentar.

O vereador do Avante, no entanto, não deixou de ressaltar a importância de os parlamentares obterem mais informações acerca do uso desse recurso, em prol da necessidade de prestar esclarecimentos à sociedade.

Em defesa do Paço, o líder do governo, Sandes Jr. (PP-GO), opinou que a necessidade do documento se justificava por si só. “É só ler o projeto. os próprios artigos justificam o projeto, é para aplicar no combate a Covid-19. Ninguém tem que fazer detalhamento para Covid”, afirmou o vereador.

O presidente da Casa e o vice-líder do governo, Anselmo Pereira, ainda ressaltaram o fato desse remanejamento estar previsto pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, aprovada no ano passado. Na época, o vereador Lucas Kitão (PSL) até tentou reduzir esse percentual de 30% para 20%, mas não obteve sucesso. “O que pode ser feito é pedir o texto para ler e se informar sobre o que se trata, já que esse remanejamento já é previsto”, acrescentou Romário.

Santana Gomes, da oposição, chegou até questionar acerca da possibilidade da revogação dessa permissão do remanejamento de verbas, algo que, de acordo com o vice-líder, não é possível. “Amanhã, quando esse dinheiro for aplicado, e acredito que será muito bem aplicado, se presta conta na comissão de Saúde, para isso que o secretário vem quadrimestralmente fazer a prestação de contas na Câmara. É por questões da Lei Orgânica que ele comunica aos vereadores que foi aberto esse crédito extraordinário”, afirma Anselmo.

Thialu Guiotti, no entanto, ressaltou a necessidade da transparência em relação a essa abertura de crédito. “Não tenho dúvidas da qualidade do trabalho da Prefeitura em relação a pandemia, mas a Câmara Municipal tem duas funções especificas: a fiscalização do Poder Executivo e dos recursos ali utilizados e os projetos de lei. Se ele tira a prerrogativa da fiscalização dos recursos oriundos do município de Goiânia, qual a função do vereador? O que estamos pedindo é informação. Precisamos que a Prefeitura de Goiânia envie detalhadamente o que está sendo feito e por que está sendo feito”, afirmou.

Procurada pelo Jornal Opção, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou a utilização do valor ao enfrentamento a pandemia da Covid-19. No entanto, não soube dar o detalhamento da utilização dos recursos.