O ex-vereador e ex-secretário municipal de Goiânia, Zander Fábio Alves da Costa, tem seu nome associado a uma série de escândalos políticos, judiciais e administrativos ao longo de sua trajetória. Com passagens pela Câmara Municipal e pela gestão executiva da Capital, ele protagonizou ou esteve envolvido diretamente em diversas investigações e condenações relacionadas a corrupção, peculato, improbidade administrativa e desvio de recursos públicos.

Operação Multigrana: esquema milionário em bilheterias pública

O episódio mais emblemático da trajetória de Zander Fábio no noticiário policial foi a Operação Multigrana, deflagrada em 2017 pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). As investigações revelaram um esquema de desvio de recursos que ocorria nas bilheterias dos parques Mutirama e Zoológico de Goiânia, entre 2014 e 2017, durante sua atuação na Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul).

Segundo os autos, os envolvidos — entre eles Zander Fábio — integravam uma organização criminosa estruturada, com papéis bem definidos, que atuava na falsificação de borderôs, venda de ingressos paralelos (duplicados ou falsos) e maquiagem da prestação de contas. Os desvios aconteceram durante anos, causando um rombo milionário nos cofres públicos.

Entre os condenados, estavam, além de Zander, nomes como Dário Paiva Neto, Clenilson Fraga da Silva, Larissa Carneiro de Oliveira e Leandro Rodrigues Domingos. A Justiça determinou a perda dos mandatos públicos, a proibição de exercer funções públicas por oito anos e a devolução de R$ 2,18 milhões aos cofres públicos.

O esquema foi denunciado por Alexandre Magalhães, que assumiu a presidência da Agetul após a saída de Dário. Em seu depoimento, relatou que Zander Fábio o procurou para manter o esquema ativo e recontratar membros do grupo criminoso. A denúncia feita ao MP foi embasada em documentos que mostravam discrepâncias expressivas na arrecadação do parque em um intervalo de apenas uma semana.

Desvios na extinta Comob e condenação por peculato

Outro capítulo marcante ocorreu em 2015, quando Zander teve prisão decretada por envolvimento em um caso de desvio de recursos na extinta Companhia de Obras do Município de Goiânia (Comob). Os fatos remontam ao ano 2000, quando ele ocupava o cargo de diretor financeiro da entidade. A investigação revelou que cheques que deveriam ser usados para recolhimento de contribuições ao INSS foram adulterados e desviados para outras finalidades.

Zander foi condenado, em primeira instância, a nove anos de prisão por peculato e organização criminosa, além de ter sido obrigado a ressarcir R$ 114,7 mil aos cofres públicos.

Improbidade: acúmulo irregular de funções por assessor

Em outro processo, datado de 2020, o Ministério Público ajuizou ação de improbidade administrativa contra o então vereador Zander Fábio. O motivo: um assessor parlamentar lotado em seu gabinete acumulava, de forma ilegal, dois cargos públicos — um na Câmara Municipal e outro no governo estadual.

A Controladoria-Geral do Estado (CGE) identificou incompatibilidade de horários e conflito funcional entre as atividades. O promotor Fernando Krebs, do MPGO, requereu o bloqueio de R$ 327 mil em bens do parlamentar e do servidor envolvido. O prejuízo direto estimado à Câmara Municipal foi de cerca de R$ 80 mil.

Investigação por suspeita de irregularidades em ONGs

Em 2024, já no cargo de secretário municipal de Cultura de Goiânia, Zander voltou a ser alvo de uma nova operação policial, desta vez relacionada a irregularidades no repasse de emendas parlamentares a ONGs. A Polícia Civil de Goiás identificou um possível direcionamento ilegal de R$ 1,8 milhão a duas organizações ligadas ao mesmo grupo econômico familiar.

As entidades, apesar de possuírem CNPJs distintos, atuavam sob o mesmo controle e tiveram seus registros alterados na véspera do repasse das emendas — um indício considerado suspeito pelas autoridades. A maior parte do valor — R$ 1,5 milhão — foi destinada pelo vereador Sargento Novandir (MDB), enquanto R$ 339,2 mil foram alocados pelo vereador Leandro Sena (SD).

As verbas foram pagas pela Secretaria de Cultura já sob o comando de Zander. Durante as buscas na casa do ex-secretário, a Polícia Civil encontrou 20 pedras de esmeralda, cuja origem está sendo apurada.

De acordo com a PCGO, as ONGs beneficiadas não apresentaram experiência prévia compatível com os projetos culturais propostos, nem parecer técnico, cronograma de execução, designação de responsável legal, previsão orçamentária ou qualquer documentação mínima exigida por lei. Para a polícia, o caso configura uma possível simulação de prestação de serviço, com uso de instituições de fachada para justificar desvio de verbas públicas.

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