Relatório do Banco Mundial indica que o Brasil pode ver o número de pessoas vivendo em situação de pobreza aumentar em até 3 milhões de brasileiros. Isso pode ocorrer devido a redução da produtividade, especialmente no campo.

Como todos os países, o Brasil passará por mudanças climáticas rápidas e significativas, com impactos que podem variar por região. Até o final do século, a temperatura média do Brasil deve aumentar 1,7ºC em relação à média de 1986-2005, aponta o estudo. As mudanças climáticas tem potencial para atingir todos os biomas, levando desastres e perda de produção também nas cidades.

O agronegócio será, segundo o levantamento, o setor mais impactado pelas mudanças climáticas. Segundo o relatório, os impactos devem ser mais concentrados nas regiões mais pobres do país, como o nordeste.

Exposta a variabilidade do clima, o setor agrícola tende a reduzir produção e renda. “Esses impactos, no entanto, diferem entre culturas e regiões geográficas e dependem de como o setor agrícola se adaptará a eles”, diz o documento. Além do aumento da temperatura média, o número de dias mais secos devem aumentar, especialmente nas partes centrais do Brasil.

“As mudanças climáticas devem reduzir a produtividade das pastagens e grãos até 2050 e alterar as áreas mais adequadas para a pecuária e a produção agrícola. Com temperaturas médias crescentes e ondas de calor, a agricultura nas regiões Norte e Centro-Oeste deverá estar sujeita ao maior estresse climático”, diz o estudo.

Outro fator de preocupação é a destruição de áreas adequadas para áreas de variedade de cultura. O levantamento cita o trigo e o milho, com baixa tolerância ao calor, enquanto soja e algodão são impactadas pelo estresse climático de forma mais moderada. “A produtividade pecuária também é sensível ao aumento das temperaturas e das ondas de calor, e impacta negativamente a produção de laticínios”, avalia.

Redução do desmatamento ilegal pode frear mudanças

O relatório pontua que a redução do desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia e no Cerrado, podem beneficiar a queda nas emissões de carbono, além de frear as mudanças climáticas.

“A exploração ilegal de madeira, a agricultura (incluindo a pecuária) e a grilagem, em resposta à fraca aplicação da lei, governança fundiária deficiente e os fatores macroeconômicos (demanda e preço das commodities, taxas de câmbio) foram identificados como impulsionadores do desmatamento”, diz o texto.

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