Reitor diz que curso na UFG sobre “golpe de 2016” representa liberdade de pensamento
18 março 2018 às 13h22

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Segundo Edward Madureira, da mesma forma podem haver conteúdos de disciplinas com viés completamente oposto

O professor Edward Madureira, atual reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), defendeu a existência do curso de extensão sobre “o golpe de 2016 e a universidade pública brasileira” dentro da instituição de ensino. “Vejo como um exercício da autonomia da universidade e da liberdade de pensamento”, explicou ao Jornal Opção.
As aulas vão ocorrer na Faculdade de Educação e contam com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Educação e dos centros acadêmicos dos cursos de Pedagogia e Psicologia.
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De acordo com o reitor, os temas da atualidade são tratados pela UFG normalmente, dentro de seminários, congressos, e disciplinas de núcleo livre que não são obrigatórias, dentre as quais esta do golpe. “Esta chama a atenção por conta de toda a polêmica que foi criada”, minimizou.
A proposta da disciplina, feita primeiramente na Universidade de Brasília (UnB), provocou turbulência no meio político e o Ministério da Educação (MEC) pediu que o Ministério Público Federal investigasse a matéria. A pasta também encaminhou a mesma solicitação à Advocacia-Geral da União (AGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU). O objetivo é apurar se houve ou não improbidade administrativa.
A medida foi criticada por Edward, que disse que “não cabe à reitoria dizer o que deve ser ensinado em cada unidade acadêmica e também não cabe ao órgão mantenedor”. Segundo ele, da mesma forma podem haver conteúdos de disciplinas com viés completamente oposto.
“Temos que valorizar e ter como tema central o respeito, a responsabilidade na abordagem e trazer sempre as visões distintas para que as pessoas consigam por si só formarem suas opiniões”, justificou o representante.
Este semana, o vereador Oséas Varão (PSB) apresentou no plenário da Câmara Municipal uma moção de repúdio contra o curso. Ele afirmou ainda que vai protocolar junto ao Ministério Público Federal (MPF) uma representação contra a disciplina.
“Não fazemos nenhum tipo de censura, a não ser que haja afrontas a legislação e a questões éticas”, rebateu o reitor.
Na federal goiana, as inscrições são realizadas nos dias das aulas, sem cobrança de taxa.