“A ciência se colocou a serviço do combate à pandemia e muitas soluções partiram das universidades”, diz Edward Madureira em congresso

Foto: Reprodução

O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, participou nesta quinta-feira, 22, da mesa “O que será das universidades federais no pós-pandemia?”, no 4.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pelo Jeduca. O encontro virtual discutiu as dificuldades vividas pelas instituições para garantir a oferta de ensino remoto, em meio a um cenário de cortes de verbas.

Edward, que é presidente da Associação Nacional dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), lembrou que os ataques às universidades públicas, dificuldades de financiamento, ameaça à autonomia universitária, com o debate no Supremo Tribunal Federal a respeito de nomeação de reitores, são fatores que agravam a situação atual.

“A pandemia trouxe desafios gigantescos. As universidades não pararam nem um minuto sequer, as aulas foram suspensas mas as demais atividades seguiram e varias estratégias foram adotadas para que os serviços essenciais fossem mantidos, como de saúde, emissão de diplomas e trabalho remoto”, destacou o reitor.

Protagonismo no enfrentamento

Segundo Edward, simultaneamente outros serviços passaram a ser oferecidos e as universidades acabaram se tornando protagonistas no enfrentamento. Entres as contribuições destacam-se as análises, projeções, e a solução de problemas com a produção de equipamentos, insumos e respiradores. “A universidade se mobilizou como nunca para o enfrentamento à Covid-19”, avaliou.

“A ciência se colocou a serviço do combate à pandemia e muitas soluções partiram das universidades”, resume o presidente da Andifes, ao pontuar que as instituições concentraram seus esforços nesse enfrentamento, principalmente quando o retornou presencial mostrou-se uma realidade distante.

Para ele, a discussão sobre como diminuir o prejuízo aos seus estudantes dominou o debate central e isso foi feito baseado em três pilares: qualidade, segurança (dos professores, estudantes e técnicos) e isonomia, para garantir acesso aos mais vulneráveis.

“A meta era não deixar ninguém ficar para trás, mas sabemos que a inclusão digital vai além de computadores e pacote de dados, e temos estudantes que não se adaptam a esse modelo”, afirmou o reitor. Ele citou ainda que 25% dos estudantes das federais vêm de famílias com renda até meio salario mínimo. “Em Goiás arrecadamos quase três mil equipamentos. Também disponibilizamos pacote de dados”, disse Edward.  

Universidade Federal sempre será presencial

Sobre o ensino remoto, o reitor defendeu que ele é complementar pois a  universidade é presença. “É um espaço de formação que vai muito além da sala, acontece no pátio, no diálogo e no convívio. Nenhuma universidade deixará de ter essa convivência para entrar em uma modalidade a distancia. Não se trata disso, mas precisamos nos adaptar ao período de emergência”, explica.

“Os melhores cursos, 67% dos que possuem nota máxima estão nas federais. Nos cursos a distância os melhores também são das federais e das estaduais. Então temos essa expertise com resultados positivos, entretanto ela não tinha sido incorporada de forma mais significativa no ensino presencial e a pandemia impôs isso. Era uma emergência, pois era isso ou o aluno ficava sem aula”, defendeu.  

Sobre o diálogo com o Ministério da Educação, o reitor da UFG disse que o diálogo foi iniciado com ministro da Educação, Milton Ribeiro, o que não era possível com Abraham Weintraub. “Há certo diálogo mas precisamos de mais, precisamos de políticas e de orçamento”, disparou. “As universidades já estão endividadas por conta do orçamento congelado e todas chegam ao final do ano com as contas atrasadas. Isso é uma bola de neve. Imagine com o orçamento não corrigido e cortado em 17,5%, simplesmente não é possível”, concluiu.