O Ministério da Justiça do Reino Unido mobilizou seis mil policiais especializados para reprimir protestos violentas de extrema direita após mais uma noite de violência em diversas cidades do pais. Até o momento, quase 400 pessoas foram presas nos protestos com motivações racistas e xenofóbicas.

Segundo Heidi Alexander, ministra da Justiça, mais de 500 vagas foram liberadas nos presídios em meio à escalada de violência. Os protestos começaram na última semana e deixaram rastro de destruição no país.

Keir Starmer, primeiro-ministro ad Inglaterra, afirmou que o governo tomará “todas as medidas necessárias para acabar com a desordem”. Starmer já havia dito que sua prioridade “absoluta” é acabar com a instabilidade e garantir que “as sanções criminais sejam rápidas” aos envolvidos.

Os protestos foram organizados sob o lema “Enough is enough” (“Basta”). De acordo com o Conselho Nacional dos Chefes de Polícia (NPCC), 378 foram presas até o momento.

No quinto dia de protesto, manifestantes atiraram tijolos, garrafas e sinalizadores contra policiais. Eles também saqueavam e queimavam lojas, gritando insultos anti-islâmicos. Seis pessoas foram presas em Plymouth, no Sul da Inglaterra.

Já em Belfast, na Irlanda do Norte, agentes de segurança foram atacados após manifestantes incendiarem uma loja de um imigrante. A polícia informou que um homem de 30 anos foi gravemente agredido e que trata o caso como um crime de ódio com motivação racial.

Cerca de 700 pessoas lançaram projéteis e atearam fogo em um hotel da rede Holiday Inn, conhecido por acolher solicitantes de asilo no Reino Unido. Mesquitas e delegacias também foram atacadas.

Manifestações

Os protestos começaram após um adolescente britânico invadir uma aula de dança e esfaquear crianças que estavam no local. O nome do autor não foi divulgado por ele ser menor de idade. No entanto, rumores sobre a nacionalidade e religião do agressor tomaram as redes sociais. A extrema direita, por pensar se tratar de um muçulmano imigrante em busca de asilo no Reino Unido, começou os protestos anti islâmicos.

Porém, com a repercussão do caso, um juiz decidiu tomar a decisão, considerada “excepcional”, de revelar que o criminoso era Axel Rudakubana, de 17 anos, que nasceu na cidade britânica de Cardiff e é filho de ruandeses. Ele esfaqueou 11 crianças, três delas morreram. Outras cinco estão hospitalizadas em estado grave.

O estopim ocorreu em Southport, a cerca de 30 km de Liverpool, onde foi o ataque, logo no dia seguinte.

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