A Fiocruz afirmou estar em “conversas avançadas” com a MSD para definir um modelo de cooperação técnica que permita a produção do antiviral. Estudos comprovam que o remédio pode reduzir pela metade as chances de morte

Reino Unido autoriza medicamento para tratamento da Covid-19 | Foto: via Reuters

A Agência Reguladora de medicamentos do Reino Unido, a MHRA, na sigla em inglês, anunciou nesta quinta-feira, 4, que aprovou uma pílula antiviral contra a Covid-19. O molnupiravir, desenvolvido conjuntamente pela farmacêutica MSD e pela Ridgeback Biotherapeutics, torna-se o primeiro tratamento que tem potencial de mudar o curso da pandemia do coronavírus. 

O molnupiravir foi autorizado para as pessoas que sofrem de covid-19 leve ou moderada e apresentam ao menos um fator de risco de desenvolver a forma grave da doença (obesidade, idade superior a 60 anos, diabetes ou doenças cardíacas). Os antivirais, como o medicamento, atuam reduzindo a capacidade de reprodução do vírus, freando assim a doença.

“Hoje é um dia histórico para nosso país, porque o Reino Unido é agora o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral contra a covid-19 que pode ser tomado em casa”, afirmou o ministro da Saúde, Sajid Javid, em um comunicado.

O uso deste fármaco pode ter duas funções: tanto para evitar que os infectados sofram sintomas graves, como para evitar que as pessoas que tiveram contato com o paciente desenvolvam a doença. Se for administrado em pacientes nos dias posteriores a um teste de diagnóstico positivo, reduz em 50% as possibilidades de hospitalização, de acordo com um teste clínico da Merck.

Medicação

O primeiro estudo clínico global com o molnupiravir demonstrou que o antiviral reduziu em aproximadamente 50% o risco de hospitalização ou morte. Os dados demonstraram que 7,3% dos pacientes medicados foram hospitalizados ou morreram, em comparação com 14,1% dos pacientes tratados com placebo. Com base nos dados de sequenciamento viral disponíveis (de aproximadamente 40% dos participantes), molnupiravir demonstrou eficácia consistente contra as variantes Gama, Delta e Mu.

A MSD pediu, em 11 de outubro, uma autorização para uso emergencial à Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos. Conselheiros dos EUA se reunirão este mês para votar se o molnupiravir deve ser autorizado.

Também em outubro, a Fiocruz afirmou estar em “conversas avançadas” com a MSD para definir um modelo de cooperação técnica que permita a produção do antiviral contra a Covid-19 pela fundação no Brasil. A MSD incluiu o Brasil em seus estudos de fase 3, que começaram no mês passado no país.